domingo, 21 de junho de 2020

13 REASONS WHY: O FINAL TARDIO


Antes de criticar 13 REASONS WHY é preciso ler o livro, ou assistir a série da Netflix. Eu fiz as duas coisas. Logo após a estreia da primeira temporada, a série se tornou sensação do momento para jovens e fãs de séries. O livro de Jay Asher é um fenômeno mundial há alguns anos e voltou com uma cara diferente. A série Netflix tem 13 episódios por temporada, uma coincidência com o número de razões? Acho que não!

 

"É necessário saber que não foi apenas um motivo, não foi um incidente isolado. Foram vários, e tudo se tornou uma bola de neve. Desde o momento em que a borboleta encontra o furação, foram diversas as tentativas de fugir. Mas no final, mesmo após uma última tentativa não foi suficiente"



Durante a leitura, acompanhamos a história de Hannah Baker, uma jovem que cometeu suicídio. Além disso, antes de cometer suicídio, Hannah deixou 7 cassetes e cada cassete conta um motivo que a levou a cometer suicídio.


A primeira temporada é um trabalho excepcional. O assunto da discussão, suicídio, é um tema muito importante do século XXI, e o autor conseguiu criar uma situação formidável para falar sobre o bullying. A abordagem me agradou muito e o desenvolvimento da história é surpreendente. Além de ser um exemplo de excelente adaptação de livro.


"E agora, sempre que alguém disser 'Sinto Muito', vou pensar nela."


Confirmada uma segunda temporada, aguardei para ver que tipo de continuação dariam a  estória, diga-se de passagem desnecessária. Tentei assistir a segunda temporada assim que estreou e não consegui. Gostei muito do livro e como a primeira temporada foi adaptada. Quando a nova temporada veio, achei forçada.


Entretanto fiquei sem opção do que assistir e resolvi dar uma nova chance a segunda temporada de 13 Reasons Why. A pior coisa foi ver a Hannah versão fantasma, a trama está boa e voltar a ver a Hannah a partir da versão da história dos outros personagens é incrível, mas o Clay conversando com o fantasma da Hannah e muito sem noção.



O elenco se resumiu muito mais aos personagens masculinos e a abordagem da série para com assuntos sérios ainda soa um tanto superficial o que continua para a terceira temporada, que apesar de introduzir uma nova personagem feminina não consegue chegar a um equilibro. Novamente o final é forçado e longe da realidade.


Após a segunda temporada me esforcei para continuar a série. O roteiro passou a ser repetitivo: morte, diálogos com os mortes e investigação policial. Selena Gomez foi produtora da série nas duas primeiras temporadas, mas depois da forte polêmica entorno do programa ela se afastou. Outra que também se afastou depois da segunda temporada foi a interprete da protagonista Hannah Baker (Katherine Langford)  que inclusive não retornou nem para o nostálgico episódio final. A produção utilizou uma gravação da primeira temporada para a despedida da personagem.



A última temporada de 13 Reasons Why voltou com apenas 10 episódios e não mais 13, porém igualmente ruim. Cada episódio foi um momento clichê na vida dos estudantes americanos: visita a Universidade; Baile de Dia dos Namorados; Viagem da Escola; Entrevista para a Faculdade; Baile de Formatura etc.

 

A quarta temporada voltou mais adolescente que nunca. Tentou imitar as outras séries de sucesso e falhou. Os adolescentes nessa série são extremamente infantis - uma tendência que se agravou depois do primeiro ano. O pior é que a série criou vários momentos impossíveis de acreditar que poderiam ser verdadeiros, principalmente a causa da morte de um personagem. Falando dos mortos, como nos anos anteriores, alguém morto da temporada antecedente voltou a aparecer. Na verdade esse último ano foi basicamente de diálogos com fantasmas.



Fico feliz por essa série ter acabado, a primeira temporada é excelente, uma ótima adaptação do livro. Porém as continuações ficaram horrendas. Além da irresponsabilidade dos produtores ao abordar vários problemas ligados a saúde mental sem o aprofundamento necessário.

 

Sobre os personagens: finalmente tiraram o personagem gay do armário e ainda tentaram criar um romance, mas tudo aconteceu tão rápido que ficou impossível criar empatia por qualquer coisa na temporada inteira.



Infelizmente colocaram a menina que sobreviveu a um estupro e estava com um arco super desenvolvido para ficar fazendo ciuminhos para macho. Estragaram a Jessica, tornando-a cada vez mais superficial, e com uma existência a mercê do Justin.


O Clay mais insuportável que nunca, participou da última temporada com um arco que ignora completamente as três temporadas anteriores. Acredito que ele só continuou vivo até o final pois era o vínculo mais forte com a Hannah, e assim com a origem do show. Por sorte falaram pouco da Hannah: uma vez mencionam o nome dela e uma foto e depois no último episódio voltam a fazer referência as fitas, como se ainda precisasse de algum encerramento ao arco dela.

 


Com um elenco majoritariamente masculino quase não havia mais o que ser explorado e tampouco havia tempo para introduzir novos personagens. A última temporada surgiu com um roteiro raso, baseado na suposta necessidade de encerrar a série com a formatura dos alunos e só. Por fim tudo acabou. Um final tardio mas um final.

 

As 4 temporadas estão disponíveis no catálogo da Netflix. Recomendo apenas a primeira temporada. Depois finge demência e ignora a existência da temporada 2, 3 e 4.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário