O primeiro de 2021. Girl, no português MENINA, foi difícil de ler.
"Je ne suis pas assez grande pour
être ta mère"
Escolhi começar o ano lendo em francês,
mas me enganei ao acreditar que seria uma leitura fácil. A dificuldade não foi
por conta do idioma e sim da história.
História, porque é baseado em um
acontecimento real. Em 2014 a seita radical Boko Haram invadiu uma escola
cristã para meninas no interior da Nigéria e sequestrou todas as estudantes.
A partir desse fato, Edna O'Brien escreve
sobre a vida de uma dessas garotas. É um texto ficcional baseado em diversos
relatos de outras sobreviventes que ela conheceu durante os três anos que levou
para escrever o livro.
Girl é sobre Maryam, que consegue escapar
dos mais cruéis abusos e volta para casa. A recepção longe de ser acolhedora se
torna um pesadelo. Durante o cativeiro a jovem foi obrigada a se casar com um
radical muçulmano e teve uma filha.
Assim, de volta ao lar a menina passa a viver com o estigma de "mulher de djihadista". Para escapar da opressão e poder seguir vivendo com a filha, Maryam acaba indo morar em um campo para refugiados.
O livro é contado como um monólogo de Maryam, imaginado pela autora. Os capítulos se tornam menores à medida que a narrativa fica mais violenta.
A vida das meninas no cativeiro é repleta
de privações, abusos sexuais e físicos e por isso a autora deixa
muita coisa nas entrelinhas.
Além das meninas sequestradas o romance
traz histórias de outras pessoas em situações semelhantes.
Levei algum tempo para ler e fiz diversas
pausas durante a leitura. Foi um livro que ganhei de presente de uma aluna, e
gostei bastante. Jamais pensei que um dia leria sobre um assunto como esse.
Enfim, o título ainda não possui tradução
para o português, mas é uma excelente opção de leitura.
Girl, 2019, 150 páginas.
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