Que leitura
desafiadora! Quase dois anos atrás eu ganhei essa versão de Esaú e Jacó
traduzida para o francês. Foi um presente da minha best Nayara, mas nem isso me
fez ter vontade de ler. Prevendo que seria um leitura difícil, deixei o livro
de lado. Até a quarentena reduzir minhas opções de leitura... Então aqui está
minha primeira leitura de uma obra brasileira traduzida para uma língua
estrangeira.
Esaú e Jacó é a
história dos irmãos gêmeos, Paulo e Pedro, que de maneira similar a suas
contrapartes na bíblia (a história bíblica dos gêmeos filhos de Isaque e
Rebeca), brigam desde o ventre da mãe. Os irmãos são incapazes de concordar em
qualquer coisa. Inclusive esse livro é a prova real que desavença familiar
nesse país por conta de política existe desde sempre. Pedro é um ferrenho
defensor do Império enquanto Paulo é republicano. Os irmão são rivais até no
amor pela jovem Flora, que para piorar a situação não consegue se decidir sobre
qual gêmeo prefere. Os irmãos possuem temperamento e opiniões bem
diferentes, mas nada a ponto de separa-los como um irmão bom e outro mau. A
disputa principal nessa narrativa é o amor da própria mãe, Natividade e o amor
da jovem Flora.
Definitivamente
Esaú e Jacó não é minha obra preferida do Machado de Assis, entretanto o livro
tem uma forma única de mostrar a sociedade brasileira na transição de Império
para República. O que mais me interessa ao ler os clássicos da nossa
literatura é saber que apesar da ficção há uma pequena (outras vezes muito
grande) parcela da nossa própria história como país, e melhor ainda, nossa
história narrada por alguém que viveu naquele período.
Machado de Assis
é um dos grandes nomes da prosa brasileira, e sua capacidade de escrever um bom
romance é única. A trama tem um humor sofisticado, e bem irônico capaz de
transformar um tema banal, a vida cotidiana de uma família burguesa em um
assunto interessante para o leitor. Detalhe que a família é tão burguesa que um
dos irmãos estuda Medicina e outro estuda Direito. A vida da família Santos
também é palco para Machado de Assis apresentar diversos eventos marcantes da
nossa história, sendo os principais a abolição da escravidão e a Proclamação da
República.
A parte de ser
uma tradução, Esaú e Jacó é uma leitura rápida, com capítulos bem pequenos e
direto ao ponto. O texto é repleto de anedotas e reflexões pessoais do
próprio autor, incorporados na pessoa do narrador que conversa com o leitor. O
narrador é o Conselheiro Aires, que inclusive é o mesmo de O Memorial de
Aires (Machado de Assis Universo Compartilhado). Uma verdadeira obra prima da literatura!
MINHAS
CITAÇÕES FAVORITAS:
"...
finit par déclarer que sans amour, on ne ferait rien.
- Avec de la
passion, dit-il, on fait la moitié du chemin"
L'homme ne vit
pas seulement de foi, mais aussi de pain, et de des composés et similaires.
La naïveté est
le meilleur livre et la jeunesse la meilleure école.
Ce n'est pas
l'occasion qui fait le larron, disait-il à quel- qu'un; le proverbe est faux.
La forme exacte doit être celle-ci : « L'occasion fait le vol; le voleur naît
voleur. »
La douleur les
rendit amis un instant ; c'est l'un des avantages de cette grande et noble sensation.
(une haine
commune est le lien plus fort entre deux personnes)
"...
proche dans le temps, éloigné dans l'espace"
Non, lecteur,
je n'ai pas oublié l'âge de notre amie; je m'en souviens comme si c'était hier.
Elle était arrivée ainsi à quarant ans. Peu importe; le ciel est plus vieux et
n'a pas changé de couleur.
"... mais
le temps est un tissu invisible où l'on peut tout broder, une fleur, un oiseau,
une dame, un château, un tombeau. On peut aussi ne rien broder du tout. Rien
au-dessus de l'invisible, voilà le travail le plus subtil de ce monde, et
peut-être de l'autre"
Ce que l'on
reçoit au berceau, on le garde jusqu'au tombeau.
Dico, che quando
l'anima mal nata...
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