sexta-feira, 3 de julho de 2020

RESUMO| NORMAL PEOPLE: LIVRO x SÉRIE

LIVRO


Connell e Marianne cresceram na mesma cidade no interior da Irlanda e foram para a mesma escola. No entanto são de dois mundos diferentes. Ela é uma garota rica que vive em uma mansão e ele o filho da faxineira. Ele um garoto popular no colégio e ela uma menina tímida e pouco social. Apesar das diferenças eles desenvolvem uma conexão intensa sobretudo quando ambos vão para a mesma universidade, Trinity College.

 


"She would have lain on the ground and let him walk over her body if he wanted, he knew that."


O relacionamento dura anos, com altos e baixos e algumas participações especiais,  o que torna o livro um romance sobre ciclos, relações de poder e o privilégio resultante do dinheiro. Trata de assuntos bem difíceis na juventude, inseguranças, depressão, a busca por aceitação social e comportamento auto destrutivo. Apesar de isso, devo concordar que Normal People no final é uma super história de amor e como dois jovens apaixonados e problemáticos conseguiram influenciar o destino de um ao outro. Qualquer jovem conseguirá se identificar ao menos uma vez com os dilemas dos personagens de Normal People.


"It's funny the decisions you make because you like someone."

 

Uma excelente estória, cujo título melhor seria se fosse PESSOAS REAIS pois as dificuldades vividas pelos personagens chegam a ser tangíveis. É um livro acima de tudo sobre amadurecimento, o último ano de escola e a vida na universidade. É uma leitura cativante, do tipo que provoca uma relação inconstante de amor e ódio com os personagens. Há  capítulos que deixam o leitor com vontade de entrar na estória e perguntar o que há de errado com eles. Logo no início, parei e pensei "alguém precisa abraçar a Marianne".

 



A escrita da Sally Rooney é agradável, simples porém da mais alta qualidade. Os diálogos são bem construídos, direto ao ponto o que torna a leitura rápida e fácil, mas não diria leve. Há momentos da narrativa que eu inclusive classificaria como contra-indiciados em dias tristes. A trama é repleta de idas e vindas já que os capítulos são temporamente distantes o que acaba combinando com  o relacionamento dos próprios personagens. É sem dúvidas uma leitura que eu recomendo!




Na minha opinião Connell e Marianne têm uma dificuldade séria em externalizar os sentimentos. Sempre fica algo a ser dito entre os dois, um verdadeiro problema de comunicação. Felizmente o final é digno da história. Conclui a narrativa em um nível igual ao apresentado durante todo o romance.



SÉRIE



Me sinto contente pelo que vi. Uma produção que soube explorar as melhores nuances do romance de Sally Rooney e com isso conseguiu transformar a adaptação em uma verdadeira obra de arte. O livro é repleto de diálogos bem colocados e que refletem a dinâmica do romance escrito em 2018. A série soube explorar esse aspecto e reproduziu as conversas entre Marianne e Connell de maneira quase idêntica ao texto.



Não somente os diálogos, mas toda a construção do roteiro é extremamente fiel ao livro. Acredito que um ponto positivo para o seriado é a capacidade de tornar as emoções mais tangíveis, mais verossímeis. O minimalismo de cada cena. A câmera percorrendo as mãos, os sapatos, o olhar de cada personagem. Outro ponto positivo é que quando precisou abordar a questão do suicídio e da depressão, o vídeo inicia com um aviso de conteúdo, tratando a questão com responsabilidade e delicadeza no decorrer do episódio.



A fotografia é belíssima, as cores em tons pastel combinando com as localidade de gravação é um colírio para os olhos. A diferença mais marcante está na narrativa. Enquanto no livros os capítulos são contados principalmente a partir das digressões do Connell e Marianne, na série foi colocada de forma mais linear.

 


Paul Mescal (24) e Daisy Edgar-Jones (21) estão de parabéns. Antes de começar a ver o programa eu estava com um pé atrás imaginando como a produção lidaria com as inúmeras cenas de sexo, algo comum no livro. Fico feliz em ver a naturalidade com que a nudez foi trabalhada em cena, a dedicação dos atores e como se entregaram para o papel. Umas das vantagens de se trabalhar com atores iniciantes.


"His friends don’t think of him as a deviant person, a person who could say to Marianne Sheridan, in broad daylight, completely sober: Is it okay if I come in your mouth?"


Mescal e Edgar-Jones foram um ótimo casal nas telas o que torna a amizade colorida entre Connell e Marianne convincente. Apesar de o corpo feminino sempre ser mais exposto em produções cinematográficas, e na minha opinião Normal People não foge a regra, houve nudez frontal de ambos. Como disse anteriormente a série possui diversas cenas de sexo, e muito dos momentos essenciais da narrativa acontecem na cama (ou com uma xícara de chá na mão). A produção não teve medo de ousar ao mostrar que durante o sexo as pessoas estão nuas e não passam todo o tempo cobertas por lençóis.


"Connell was so beautiful. It occurred to Marianne how much she wanted to see him having sex with someone; it didn’t have to be her, it could be anybody. It would be beautiful just to watch him. She knew these were the kind of thoughts that made her different from other people in school, and weirder"


A série é uma produção da Hulu e conta com 12 EPISÓDIOS com duração aproximada de 30 minutos cada. Dura pouco, e após o fim fiquei preso em um loop de ver vídeos do Connell e da Marianne com uma música romântica/ triste de fundo.

 


Ótima dica para quem busca um drama com romance apimentado e uma sobre dose de sotaque irlandês.

 

 


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