segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

RESENHA| A OUTRA VOLTA DO PARAFUSO




"Mas, por mais horrível que fosse, suas mentiras formam a minha verdade"

Um romance estilo noir e extremamente perturbador. Uma prosa intimidadora capaz de criar uma atmosfera de tensão e mistério a ponto de me fazer sentir dentro de um filme de terror. Henry James construiu ótima estória, excelente obra de ficção e acima de tudo um jogo que brinca com o limite da nossa percepção, entre real e imaginário.

A estória é o relato de uma moça, cujo nome não é citado em nenhum momento, que deixou um manuscrito narrando uma série de aparições sobrenaturais no período em que trabalhou como governanta em uma propriedade rural na Inglaterra. O manuscrito é lido em uma noite de 25 de dezembro, quarenta anos depois dos eventos, por um rapaz a quem a moça confidenciou o relato.

O livro é o próprio manuscrito, e por isso é narrado a partir do ponto de vista da governanta, e conta como a moça foi contratada para cuidar de duas crianças órfãs, e quando trabalhando como governanta passa a ver dois fantasmas na residência. Mais tarde a governanta acaba descobrindo se tratar dos fantasmas de dois antigos funcionários da propriedade, e que morreram em condições suspeitas, sua  predecessora e um antigo empregado da casa.

Ao suspeitar que os espíritos mantenham algum tipo de influência sobre as crianças, Miles de 10 anos, e sua irmã Flora de oito anos, influência capaz de arrastar a alma das crianças para o Inferno, a governanta passa a ter como missão salvar a almas dos pequeninos e isso pode trazer consequências reais para todos.

Tradução de Paulo Henrique Britto. Primeira edição em 1898.

"[...] mas algo, que exigia, afinal, para manter uma fachada serena, apenas outra volta do parafuso da virtude humana comum"

P.S.: Lembra muito A Menina Que Não Sabia Ler.

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