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domingo, 27 de setembro de 2020

PARA TODOS OS CLÁSSICOS QUE JÁ ODIEI


            Dificilmente alguém passou ileso pelo ensino médio sem ter sido obrigado a ler alguma obra clássica da literatura brasileira. Os que não leram pelo amor, leram pela dor das leituras obrigatórias do Vestibular ou concurso. Não somente as obras de autores brasileiros, mas também inúmeros autores portugueses estão entre os detestáveis da literatura nacional.



            Considera-se odiar o ato de não entender nada do que se está lendo, como foi o caso de O Guarani ou Auto da Barca do Inferno. Ou então as leituras difíceis e repletas de palavras desconhecidas como em Iracema, a índia dos lábios de mel. Sem contar as obras que são um desafio para o leitor tanto pelo conteúdo como pela quantidade de páginas. Ainda há casos como o de A Moreninha que eu particularmente achei uma leitura entediante.


Guimarães Rosa: "-Dona. Ninguém lhe tira o amor. O que é seu, seu, ninguém lhe tira"


1: O Guarani - José de Alencar


            Em o guarani, considerado o maior romance épico da literatura brasileira, o leitor ira envolver-se com a historia de amor singular entre Cecília, a Ceci, e o índio Peri, em que a fusão branco-índio não ocorre no plano concreto, mas apenas simbolicamente. Obra fundamental, O Guarani conduz o leitor a um Brasil pujante, que se revela em toda a sua beleza.



2: A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo


            Como se manter fiel ao juramento de amor feito no passado, diante de uma nova e ardorosa paixão? É o que se pergunta Augusto ao conhecer Carolina, a Moreninha. Uma resposta surpreendente será dada ao personagem nas páginas deste agradável livro de Joaquim Manuel de Macedo. Publicado em 1844, este é o primeiro romance da nossa literatura. Esta divertida história de amor retrata com perspicácia a sociedade do Rio de Janeiro do Segundo Reinado.



3: Auto da Barca do Inferno - Gil Vicente


            Trata-se de uma alegoria dramática: são duas as barcas em que os personagens podem subir: a do Inferno, encabeçada pelo Diabo e a da Glória, encabeçada pelo Anjo. Em cena, é realizado o julgamento das almas, onde a maioria vai para a primeira barca.



4: O Alienista - Machado de Assis


            As crônicas de Itaguaí, contam que viveu ali em tempos remotos um certo médico o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza do lugar e o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Com o fim de estudar a loucura, ele trancafia no asilo que construíra e dera o nome de Casa Verde, um quinto da população da vila. Para ele o normal seria algo homogêneo repetido ao infinito, qualquer pessoa com um gesto ou pensamento que fugisse a rotina era objeto de seus estudos. A população aterrorizada se revolta, e aí outros tantos passam a morar no asilo. Mas, Simão Bacamarte tão atento às estatísticas, lembra que a norma está sempre com a maioria, e que é esta afinal quem tem razão. Refaz a teoria, solta os recolhidos e sai ao encalço daqueles poucos que, possuíam coerência moral. Em pouco tempo ele cura a todos, ninguém mais possuía nobres sentimos morais. Só um. Ele o próprio alienista era o único digno de ser trancafiado na Casa.




5: Noites do Sertão - João Guimarães Rosa



           
As duas novelas que formam este livro, 'Dão-Lalalão (o devente)' e 'Buriti', têm em comum a sensualidade como força empolgante, que se sobrepõe a convenções e preconceitos, dominando totalmente o homem e a mulher. Terceiro dos volumes em que foram divididas as histórias originalmente publicadas em "Corpo de Baile". Prêmio Jabuti de Produção Gráfica (menção honrosa) em 2002.


Com o preto Iládio, você esteve?”

– “Iládio… Iládio, nunca vi branco nem preto nenhum com esse nome”

–“Carece de lembrar não, não maltrata tua memória. Mas tu esteve com pretos? Teve essa coragem?”.

“- Mas, Bem, preto é gente como os outros, também não são filhos de Deus?…”

 

6: Iracema - José de Alencar


            O romance conta o amor de um branco, Martim Soares Moreno, pela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel. Entre guerras e conflitos, ciúmes e disputa de poder, a história desse amor proibido tem como pano de fundo a cultura indígena e a miscigenação do branco com o índio.


"Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira."

 

7: Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto


            A paixão por seu país leva Policarpo Quaresma à loucura. Mas nem o patriotismo doentio é suficiente para protegê-lo da fúria repressiva do governo Floriano Peixoto. Nesta obra-prima da literatura brasileira, Lima Barreto faz crítica do nacionalismo exagerado e promove uma bem-humorada revisão da história de nossa República.




8: Esaú e Jacó - Machado de Assis


            Em "Esaú e Jacó" Machado de Assis aborda um período de transformações políticas no país, com espírito crítico e aguçado. O escritor promoveu uma revolução na literatura brasileira. Através da história de permanente rivalidade e discórdia entre os gêmeos Pedro e Paulo, Machado faz uma análise profunda da alma humana. Mostra ainda, com seu aguçado espírito crítico, a transição do Império para a República.




9: A escrava Isaura - Bernardo Guimarães


            Isaura é uma moça linda. É desejada por muitos homens. Tem a pele quase branca, sendo filha de uma mulata e um homem branco. Mas ela não tem liberdade para agir por sua vontade, porque é uma escrava. Ela pertence a Leôncio, um fazendeiro autoritário que não admite ser contrariado e quer o amor da moça. Por isso, Isaura é obrigada a fugir para longe. Essa é a história do romance de Bernardo Guimarães, escritor que estava interessado em discutir a maior vergonha social brasileira, a escravidão. Por mais de 300 anos o Brasil conviveu com gente sendo propriedade de gente. E Isaura, mesmo tendo pele quase branca, sofre os horrores da falta de liberdade, nesta história romântica com final feliz.



10: Memórias de um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida


            Com um único romance que escreveu aos 21 anos - "Memórias de um Sargento de Milícias" - Manuel Antônio de Almeida conquistou na literatura brasileira uma posição também única, fixando a tradição do romance urbano e pressagiando Machado do Assis.



sábado, 26 de setembro de 2020

PARA TODOS OS CLÁSSICOS QUE JÁ AMEI


Machado de Assis: Tudo é um; amor ou eleições, não falta matéria às discórdias humanas.

            Este texto poderia muito facilmente se chamar "Os Melhores Livros do Machado de Assis", mas quando confrontado com a missão de separar meus livros favoritos da literatura clássica brasileira percebi que não poderia deixar Lucíola e Senhora de fora, e ambos foram escritos pelo José de Alencar. Também não poderia deixar de escrever sobre clássicos da literatura brasileira sem citar os clássicos portugueses, os primeiros que conhecemos nas aulas de literatura do ensino médio.


Eça de Queirós

            Então tentei organizar da melhor forma possível a minha ordem de preferência e não foi um trabalho fácil. Basicamente eu amo as narrativas repletas de promiscuidade e momentos chocantes, pois quando pensamos em clássicos nunca imaginamos que eles podem ser mais que livros chatos escritos em uma linguagem difícil de entender. Separei 10 livros com mais de cem anos desde o lançamento e que ainda são leituras rápidas, prazerosas e cheias de sabedoria.


José de Alencar: O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.

 

            Arrisco dizer que Senhora é o meu preferido de tudo de clássico que já foi produzido no Brasil justamente por isso. Sem dúvidas uma das maiores obras da literatura brasileira...  Aurélia é tão fria e vingativa que me lembra até os livros da Gillian Flynn (Garota Exemplar). Uma pena que o final foi tão romântico. A trama é bem atual, sem contar que José de Alencar neste livro compartilha uma das melhores características das obras machadianas: a capacidade de escrever uma excelente estória sem precisar se prolongar por muitas páginas. Outro que sem dúvidas está no topo da minha lista é Helena, pois se o assunto é romance eu me afogo.


Aluísio Azevedo

 

            De certo há outros clássicos muito melhores que os que estou colocando aqui, porém ainda não tive tempo para ler e por isso não sou capaz de opinar. O texto contando um pouco sobre cada obra é na verdade a sinopse divulgada pelas editoras, eu nada mais fiz que juntá-los em um só lugar. Portanto espero que gostem da seleção que preparei.


Camilo Castelo Branco: A verdade! Se ela é feia, para que oferecê-la em painéis ao público!?

 

1: Senhora - José de Alencar

"Seixas pertencia a essa classe de homens, criados pela sociedade moderna, e para os quais o amor deixou de ser um sentimento e tornou-se uma fineza obrigada entre os cavalheiros e as damas de bom-tom."

 

            Senhora, publicado em 1875, constitui um dos romances mais complexos de José de Alencar, pela concentração nos problemas humanos e suas implicações psíquicas, elemento fundamental para o romance psicológico.


            Moça pobre e órfã de pai, Aurélia Camargo é noiva de Fernando Seixas, rapaz de boa índole, mas entusiasmado pela perspectiva de um bom dote. Assim é que ele troca o amor de Aurélia pelo dote de Adelaide.


            Aurélia, porém, fica milionária com a morte do avô e quer reaver seu ex-noivo, oferecendo-lhe um dote de cem contos, quantia elevada para a época. Fernando aceita o casamento, mas em vez de esposa encontra uma “senhora” de quem se sente escravo; na noite do casamento, Aurélia comunica-lhe que deverão viver como estranhos, embora aparentado felicidade perante a opinião pública. Fernando trabalha com afinco para conseguir a soma necessária para saldar o seu compromisso e reconquistar Aurélia.

 

2: Helena - Machado de Assis


            Filha bastarda do conselheiro Vale, a jovem e bela Helena é reconhecida por ele em testamento e passa a viver na mansão da família. Só então conhece Estácio, apresentado a ela como seu irmão. Mas entre eles despertou o amor. E agora?


 

3: Lucíola - José de Alencar


            Independente e altiva, Lúcia, a mais rica cortesã do Rio de Janeiro, não se deixava prender a nenhum homem. Até conhecer Paulo. A partir daí, ela se vê totalmente entregue; tudo o que quer é permanecer junto dele. Esse romance passa a ser o assunto mais comentado na Corte. Os comentários chegam aos ouvidos de Paulo e o incomodam profundamente. Valeria a pena romper seu relacionamento só para manter a boa imagem diante das pessoas?



 

4: O Cortiço - Aluísio Azevedo


            A obra busca recriar a realidade dos agrupamentos humanos sujeitos à influência da raça, do meio e do momento histórico. O predomínio dos instintos no comportamento do indivíduo, a força da sensualidade da mulher mestiça, o meio como fator determinante do comportamento são algumas das teses naturalistas defendidas pelo autor ao lado de denúncias sociais. O protagonista do romance é o próprio cortiço, onde se acotovelam lavadeiras, trabalhadores de pedreira, malandros e viúvas pobres.



 

5: O Primo Basílio - Eça de Queirós


            Primeiro grande êxito literário de Eça de Queirós, este romance é marcado por uma análise minuciosa da sociedade de seu tempo. O autor usou da ironia, da linguagem coloquial e direta e, principalmente, do olhar atento sobre o cotidiano para revelar a intimidade da vida burguesa. Luísa é casada com Jorge e leva uma vidinha tão segura quanto entediada. O sonho, o romantismo e o desejo são despertados pela chegada do primo Basílio a Lisboa. Ao optar pelo adultério como tema central, a intenção do autor era provocar a discussão. Eça é o grande mestre do romance português moderno e certamente o mais popular entre os escritores do século XIX em Portugal e no Brasil.



 

6: O crime do Padre Amaro - Eça de Queirós


            O que acontece quando o padre de uma pequena cidade portuguesa se apaixona por uma paroquiana? A resposta é dada nesse divertido e sarcástico romance de Eça de Queirós, autor lusitano do século XIX. Amaro, o pároco, escandaliza o lugarejo e mergulha numa espiral de perdição.



 

7: Dom Casmurro - Machado de Assis


            Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiúçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambiguidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.



 

8: Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis



            Após sua morte, no ano de 1869, Brás Cubas decide por narrar sua história e revisitar os fatos mais importantes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. Começa então a relembrar dos amigos, como Quincas Borba, da sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores de sua vida e, ainda, do privilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida.

 

"Matamos o tempo, o tempo nos enterra"


 


9: Memorial de Aires - Machado de Assis



            O narrador, Conselheiro Aires, conta o episódio da vida de um casal e a aventura amorosa de outros personagens. O livro foi publicado no final da vida do autor. O romance é leitura recomendada em universidades e cursos de vestibular.

 

"Basta amar para escolher bem; o diabo que fosse era sempre boa escolha"

 

10: Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco


            A inimizade entre as famílias de Simão e Tereza não pode impedir que eles se amem perdidamente. Mas a união dos dois deve ser evitada, mesmo que as consequências sejam trágicas. Os amantes podem pagar o preço de sua paixão? Em Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco faz o retrato de uma sociedade preconceituosa, onde o amor às vezes se transforma em desespero.




"... que Mariana o amava ao extremo de morrer. Por um momento lhe esvaiu do coração a imagem de Teresa, se é possível. Assim Pensa-lo, vê-la-ia porventura como um anjo redimido em serena contemplação do seu criador, e veria Mariana como o símbolo da tortura, morrer a pedaços, sem instantes remunerados que lhe dessem a glória desse martírio. Uma, morreria amada; outra agonizando, sem ter ouvido a palavra “amor” dos lábios que escassamente balbuciavam frias palavras de gratidão."