Machado de Assis: Tudo é um; amor ou eleições, não falta matéria às discórdias humanas. |
Este texto poderia muito facilmente
se chamar "Os Melhores Livros do Machado de Assis", mas quando
confrontado com a missão de separar meus livros favoritos da literatura
clássica brasileira percebi que não poderia deixar Lucíola e Senhora de fora, e
ambos foram escritos pelo José de Alencar. Também não poderia deixar de
escrever sobre clássicos da literatura brasileira sem citar os clássicos
portugueses, os primeiros que conhecemos nas aulas de literatura do ensino médio.
Eça de Queirós |
Então tentei organizar da melhor forma possível a minha ordem de preferência e não foi um trabalho fácil. Basicamente eu amo as narrativas repletas de promiscuidade e momentos chocantes, pois quando pensamos em clássicos nunca imaginamos que eles podem ser mais que livros chatos escritos em uma linguagem difícil de entender. Separei 10 livros com mais de cem anos desde o lançamento e que ainda são leituras rápidas, prazerosas e cheias de sabedoria.
José de Alencar: O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. |
Arrisco dizer que Senhora é o meu
preferido de tudo de clássico que já foi produzido no Brasil justamente por
isso. Sem dúvidas uma das maiores obras da literatura
brasileira... Aurélia é tão fria e
vingativa que me lembra até os livros da Gillian Flynn (Garota Exemplar). Uma pena
que o final foi tão romântico. A trama é
bem atual, sem contar que José de Alencar neste livro compartilha uma das
melhores características das obras machadianas: a capacidade de escrever uma
excelente estória sem precisar se prolongar por muitas páginas. Outro que sem
dúvidas está no topo da minha lista é Helena, pois se o assunto é romance eu me
afogo.
Aluísio Azevedo |
De certo há outros clássicos muito
melhores que os que estou colocando aqui, porém ainda não tive tempo para ler e
por isso não sou capaz de opinar. O texto contando um pouco sobre cada obra é
na verdade a sinopse divulgada pelas editoras, eu nada mais fiz que juntá-los
em um só lugar. Portanto espero que gostem da seleção que preparei.
Camilo Castelo Branco: A verdade! Se ela é feia, para que oferecê-la em painéis ao público!? |
1: Senhora -
José de Alencar
Senhora, publicado em 1875,
constitui um dos romances mais complexos de José de Alencar, pela concentração
nos problemas humanos e suas implicações psíquicas, elemento fundamental para o
romance psicológico.
Moça pobre e órfã de pai, Aurélia
Camargo é noiva de Fernando Seixas, rapaz de boa índole, mas entusiasmado pela
perspectiva de um bom dote. Assim é que ele troca o amor de Aurélia pelo dote de
Adelaide.
Aurélia, porém, fica milionária com
a morte do avô e quer reaver seu ex-noivo, oferecendo-lhe um dote de cem
contos, quantia elevada para a época. Fernando aceita o casamento, mas em vez
de esposa encontra uma “senhora” de quem se sente escravo; na noite do
casamento, Aurélia comunica-lhe que deverão viver como estranhos, embora
aparentado felicidade perante a opinião pública. Fernando trabalha com afinco
para conseguir a soma necessária para saldar o seu compromisso e reconquistar
Aurélia.
2: Helena -
Machado de Assis
Filha bastarda do conselheiro Vale,
a jovem e bela Helena é reconhecida por ele em testamento e passa a viver na
mansão da família. Só então conhece Estácio, apresentado a ela como seu irmão.
Mas entre eles despertou o amor. E agora?
3: Lucíola -
José de Alencar
Independente e altiva, Lúcia, a mais
rica cortesã do Rio de Janeiro, não se deixava prender a nenhum homem. Até
conhecer Paulo. A partir daí, ela se vê totalmente entregue; tudo o que quer é
permanecer junto dele. Esse romance passa a ser o assunto mais comentado na
Corte. Os comentários chegam aos ouvidos de Paulo e o incomodam profundamente.
Valeria a pena romper seu relacionamento só para manter a boa imagem diante das
pessoas?
4: O Cortiço -
Aluísio Azevedo
A obra busca recriar a realidade dos
agrupamentos humanos sujeitos à influência da raça, do meio e do momento
histórico. O predomínio dos instintos no comportamento do indivíduo, a força da
sensualidade da mulher mestiça, o meio como fator determinante do comportamento
são algumas das teses naturalistas defendidas pelo autor ao lado de denúncias
sociais. O protagonista do romance é o próprio cortiço, onde se acotovelam lavadeiras,
trabalhadores de pedreira, malandros e viúvas pobres.
5: O Primo
Basílio - Eça de
Queirós
Primeiro grande êxito literário de
Eça de Queirós, este romance é marcado por uma análise minuciosa da sociedade
de seu tempo. O autor usou da ironia, da linguagem coloquial e direta e,
principalmente, do olhar atento sobre o cotidiano para revelar a intimidade da
vida burguesa. Luísa é casada com Jorge e leva uma vidinha tão segura quanto entediada.
O sonho, o romantismo e o desejo são despertados pela chegada do primo Basílio
a Lisboa. Ao optar pelo adultério como tema central, a intenção do autor era
provocar a discussão. Eça é o grande mestre do romance português moderno e
certamente o mais popular entre os escritores do século XIX em Portugal e no
Brasil.
6: O crime do
Padre Amaro - Eça de Queirós
O que acontece quando o padre de uma
pequena cidade portuguesa se apaixona por uma paroquiana? A resposta é dada
nesse divertido e sarcástico romance de Eça de Queirós, autor lusitano do
século XIX. Amaro, o pároco, escandaliza o lugarejo e mergulha numa espiral de
perdição.
7: Dom Casmurro
- Machado de Assis
Machado de Assis (1839-1908),
escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura
universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e
dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um
incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os
estudiosos e especialistas o esmiúçam, o analisam sob todos os aspectos. Em
vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas
as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A
alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado
também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás
Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambiguidade
psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.
8: Memórias
Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Após sua morte, no ano de 1869, Brás
Cubas decide por narrar sua história e revisitar os fatos mais importantes de
sua vida, a fim de se distrair na eternidade. Começa então a relembrar dos
amigos, como Quincas Borba, da sua displicente formação acadêmica em Portugal,
dos amores de sua vida e, ainda, do privilégio que teve de nunca ter precisado
trabalhar em sua vida.
"Matamos o tempo,
o tempo nos enterra"
9: Memorial de
Aires - Machado de Assis
O narrador, Conselheiro Aires, conta
o episódio da vida de um casal e a aventura amorosa de outros personagens. O
livro foi publicado no final da vida do autor. O romance é leitura recomendada
em universidades e cursos de vestibular.
"Basta amar para escolher bem; o diabo que fosse era sempre boa escolha" |
10: Amor de
Perdição - Camilo Castelo Branco
A inimizade entre as famílias de
Simão e Tereza não pode impedir que eles se amem perdidamente. Mas a união dos
dois deve ser evitada, mesmo que as consequências sejam trágicas. Os amantes
podem pagar o preço de sua paixão? Em Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco
faz o retrato de uma sociedade preconceituosa, onde o amor às vezes se
transforma em desespero.
"... que Mariana o amava ao extremo de morrer.
Por um momento lhe esvaiu do coração a imagem de Teresa, se é possível. Assim
Pensa-lo, vê-la-ia porventura como um anjo redimido em serena contemplação do
seu criador, e veria Mariana como o símbolo da tortura, morrer a pedaços, sem
instantes remunerados que lhe dessem a glória desse martírio. Uma, morreria
amada; outra agonizando, sem ter ouvido a palavra “amor” dos lábios que
escassamente balbuciavam frias palavras de gratidão."
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