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“Talvez seja porque a vida, às vezes, se apresenta de maneira tal, que não há mais nada a dizer”
Curtinho e com capítulos que são quase histórias individuais.
Li em três dias. O livro me cativou desde o início.
Com menos de 150 páginas consegue ser extremamente bonito, tocante, bem completo.
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"Era o desejo de Hélène, convencida de que a tranquilidade de um refúgio isolado dissolveria o humor melancólico que parecia ter se apossado do marido. Tivera a esperteza, no entanto, de fazê-lo pensar que era um capricho pessoal dela, proporcionando ao homem que amava o prazer de perdoá-lo."
Seda aborda, entre outros temas, o que a falta de comunicação faz com as pessoas.
Obra de Alessandro Baricco, lançado originalmente em italiano, porém li em espanhol.
Publicado pela primeira vez em 1996 saiu no Brasil em 2007 pela Companhia das Letras.
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“Partiu com oitenta mil francos em ouro e cruzou a fronteira vizinha a Metz, atravessou o Württemberg e a Bavíera, entrou na Áustria, alcançou de trem Viena e Budapeste, e depois prosseguiu até Kiev. Percorreu a cavalo dois mil quilômetros de estepe russa, passou pelos Urais, entrou na Sibéria, viajou por quarenta dias até alcançar o lago Baikal, que as pessoas do lugar chamavam: mar. Desceu o rio Anuir, costeando a fronteira chinesa até o oceano, e, quando chegou ao oceano, deteve-se no porto de Sabirk por onze dias, até que um navio de contrabandistas holandeses o levou ao cabo Teraya, na costa oeste do Japão.”
Parece um exercício de escrita, algo entre um conto, um romance e uma fábula.
Breve e poético, aqui o autor usa a repetição do texto como forma de mostrar a rotina dos personagens.
É uma leitura leve, para quem tem presa e ainda assim, busca algo com certa profundidade.
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“Comprando e vendendo bichos-da-seda, todo ano Hervé Jouncour ganhava uma quantia suficiente para assegurar a si e à mulher aqueles confortos que na província são considerados luxo. Gozava com discrição de suas posses, e a perspectiva, verossímil, de se tornar rico de fato o deixava completamente indiferente. Era, além disso, um daqueles homens que amam observar a própria vida, julgando imprópria qualquer ambição de vivê-la.”
Citações
“Era o ano de 1861. Flaubert escrevia Salammbô, a iluminação elétrica ainda era hipótese, e Abraham Lincoln, do outro lado do oceano, combatia uma guerra cujo fim nunca veria."
"Hélène, como todo ano, ajudou-o, sem nada perguntar, e escondendo sua inquietação. Só na última noite, depois de apagar a luz, encontrou força para lhe dizer
- Prometa-me que voltará.
Com voz firme, sem doçura.
- Prometa-me que voltará.
No escuro, Hervé Joncour respondeu
- Prometo."
“Não abra os olhos, e terá minha pele”
Sinopse em português
Uma mistura de romance, conto, fábula e relato de aventura, Seda é a história de um homem que mergulha num universo de mistério, onde vive uma paixão proibida. Mas é, acima de tudo, um livro a respeito de sensações, descritas na prosa ao mesmo tempo concisa e lírica de um dos mais importantes escritores italianos.
É no caráter híbrido, irredutível a classificações imediatas, que reside a riqueza de Seda. A história se desenvolve sobre a trajetória de Hervé Joncour, numa cidade francesa cuja economia floresce, em meados do século XIX, com o incipiente negócio da seda. Nas viagens que faz ao Japão para comprar o produto, descortina-se para ele um mundo a um tempo arcaico e novo, no qual a estranheza se mistura ao fascínio e à paixão.
Seda é um relato de sensações, de como a realidade objetiva se transmuda na visão, na memória e na linguagem. O texto se desenvolve sobre as imagens possíveis do que é puro mistério para Joncour: o fim do mundo, definido como invisível, cores mais leves que o nada, ideogramas que são como cinzas de uma voz queimada<. É em tal poder evocativo das palavras que o protagonista acaba encontrando, já velho e reconciliado com as lembranças, um sentido para a existência. Nesse tempo pouco definível, entre o passado ainda ardente e a melancolia de um futuro pacífico, ele encontra um modo exato de estar no mundo.
Sinopse em espanhol
El autor presentaba la edición italiana de este libro, que tuvo un éxito extraordinario, con estas palabras: Ésta no es una novela. Ni siquiera es un cuento. Ésta es una historia. Empieza con un hombre que atraviesa el mundo, y acaba con un lago que permanece inmóvil, en una jornada de viento. El hombre se llama Hervé Joncour. El lago, no se sabe. Se podría decir que es una historia de amor. Pero si solamente fuera eso, no habría valido la pena contarla. En ella están entremezclados deseos, y dolores, que no tienen un nombre exacto que los designe. Esto es algo muy antiguo. Cuando no se tiene un nombre para decir las cosas, entonces se utilizan historias. No hay mucho más que añadir. Quizá lo mejor sea aclarar que se trata de una historia decimonónica: lo justo para que nadie se espere aviones, lavadoras o psicoanalistas. No los hay. Quizá en otra ocasión.
Sinopse em italiano
La Francia, i viaggi per mare, il profumo dei gelsi a Lavilledieu, i treni a vapore, la voce di Hélène. Hervé Joncour continuò a raccontare la sua vita, come mai, nella sua vita, aveva fatto. "Questo non è un romanzo. E neppure un racconto. Questa è una storia. Inizia con un uomo che attraversa il mondo, e finisce con un lago che se ne sta lì, in una giornata di vento. L'uomo si chiama Hervé Joncour. Il lago non si sa."
Sinopse em francês
Vers 1860, pour sauver les élevages de vers à soie contaminés par une épidémie, Hervé Joncour entreprend quatre expéditions au Japon pour acheter des neufs sains. Entre les monts du Vivarais et le Japon, c'est le choc de deux mondes, une histoire d'amour et de guerre, une alchimie merveilleuse qui tisse le roman de fils impalpables. Des voyages longs et dangereux, des amours impossibles qui se poursuivent sans jamais avoir commencé, des personnages de désirs et de passions, le velours d'une voix, la sacralisation d'un tissu magnifique et sensuel, et la lenteur, la lenteur des saisons et du temps immuable.
Soie, publié en Italie en 1996 et en France en 1997, est devenu en quelques mois un roman culte - succès mérité pour le plus raffiné des jeunes écrivains italiens.
Sinopse em inglês
The author presented the Italian edition of this book by saying: This is not a novel. It is not even a story. It is a history. It begins with a man who travels the world, and finishes with a lake that remains immobile during a day of wind. The man's name is Hervé Joncour, the lake's name is unknown. You could call it a love story, but if it was only this, it would not have been worth telling. The book combines desires and sorrows that have no name, for when there is no name to call things by, you tell stories.
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