quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

RESENHA| MILLENNIUM 2: A MENINA QUE BRINCAVA COM FOGO



"Inocentes não existem. Em compensação, existem diferentes níveis de responsabilidade"

Primeira leitura de 2020. Uma leitura trabalhosa que para ser concluída precisei ter disciplina na hora de ler. 600 páginas não é um número muito grande, mas se tratando de Millennium a coisa fica complicada. 50  páginas por dias e entre atrasados e antecipações levei 14 dias para terminar.

Um segundo volume primoroso, e dono de uma trama bem construída.  Stieg Larsson não deixa pontas soltas e a narrativa é consistente e perspicaz. A qualidade do texto sobrevive mesmo sendo resultado da tradução da tradução. O livro é escrito em sueco sob o título de "Flickan som lekte med elden" e a versão brasileira é traduzida a partir da edição francesa "la fille qui rêvait d'un bidon d'essence et d'un allumette". Curiosamente o título brasileiro é mais próximo do título da edição americana "the girl who played with fire".

Escrito em 2006, a continuação de "Os homens que não amavam as mulheres" nos aprofunda no passado da protagonista Lisbeth Salander  quando a mesma se vê envolvida em três misteriosos assassinatos. Considerada a principal suspeita dos assassinatos, Lisbeth passa a ser perseguida pela polícia e a mídia. Em contrapartida, Mikael acredita que Lisbeth é inocente e o crime longe de ter uma explicação simples foi resultado de uma rede de criminosa ligada a esquemas de tráfico de mulheres dos países do Leste Europeu. A menina que brincava com fogo é uma obra que deve ser lida com atenção, um verdadeiro mistério de tirar o sono.

Millennium é um dos poucos romances policias que eu leio atualmente. Depois de passar por Sherlock Holmes e os romances de Agatha Christie, havia dado um tempo em investigações criminais. Quando conheci "os homens que não amavam as mulheres" me apaixonei por este novo tipo romance sobre investigação pessoal. Parte disso se deve a protagonista Lisbeth, uma hacker bad ass e o jornalista investigativo Mikael Blomkvist que formam uma combinação perfeita.

O primeiro volume foi adaptado para o cinema, com titulo homônimo, em uma  super produção estrelada por Daniel Craig e Rooney Mara nos papeis de Mikael e Lisbeth. A produção consta no catálogo da Netflix. Recentemente o quarto volume (A garota na teia de aranha),  lançado postumamente e com edição de David Lagercrantz , também ganhou uma adaptação estrelada por Claire Foy e Sverrir Gudnason. A trilogia completa foi adaptada pelo cinema sueco no ano de 2009 com Noomi Rapace e Mikael Nyqvist nos papéis de Lisbeth e Mikael.

Tradução: Dorothée de Bruchard.
Editora: Companhia das Letras.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

CRÍTICA| TITANS - 2ª TEMPORADA



Quando anunciaram mais uma série do Universo DC Comics, foi impossível não pensar que seria apenas mais uma série para fazer crossover com Arrow e The Flash. Apesar das primeiras impressões pouco positivas gostei muito da primeira temporada, e continuei gostando dessa nova temporada.

Por incrível que pareça a temporada não começou bem, e a continuação imediata da primeira temporada deixou a desejar. A luta com Trigon e assim o desfecho do primeiro ano foi horrível. Felizmente a série conseguiu se recuperar e ficou realmente interessante, sobretudo os capítulos que introduziram os novos personagens. Tudo isso para logo depois, os últimos capítulos especificamente, voltar a ficar ruim.

Houve uma morte horrorosa de desnecessária, basicamente como se alguém precisasse sumir. Confio que uma terceira temporada possa ficar muito boa, se focarem mais na Rachel (Ravena) e na Kory (Stelar), como ficou entendido. Espero também que o Gar (Mutano) consiga se transformar em algo mais que um tigre (ou uma serpente). Os demais personagens não gosto muito, pois a série tem muita luta (eles que lutem!) e eu gosto de ver é eles usarem os poderzinhos apesar de preferir os momentos com diálogos e mais focados na trama.

Os momentos de ação são importantes, mas todas as séries da DC já bebem desta fonte. Ah, o Superboy tá de parabéns (que boy, hein?) e os figurinos de todos os personagens também.

MR. ROBOT - 4 TEMPORADAS DE PURO SUCESSO




Mr. Robot é uma daquelas séries que ainda na primeira temporada a gente sabe que vai gostar e continuar assistindo até o final. Na verdade o episódio piloto já promete muito, e o restante da temporada, de apenas dez episódios, cumpre todas as promessas. A segunda temporada vem com dois episódios a mais que a primeira, e consagra de uma vez por todas Mr. Robot como uma das melhores séries da atualidade. Neste mesmo ano Rami Malek vence o Emmy de Melhor Ator em Série Dramática e ainda manda um "Please tell me you're seeing this too", brincando com o personagem Elliot.

 
~Do you have a time?

Após duas temporadas fenomenais vemos os primeiros sinais de declínio na terceira temporada. O show teve bons momentos, mas nem de longe tão bons quanto os anos anteriores. Elliot e Mr. Robot funcionando como duas pessoas diferentes não ajudaram muito a criar empatia por esse novo momento da trama. Personagens como o Wellick e a Darlene surpreenderam positivamente, enquanto a Angela continuou sendo um estorvo para todos. 


Bônus: Eu já esperava que Bohemian Rhapsody fosse um filme sensacional desde que escalaram o Rami Malek para dar vida ao Freddie Mercury. O cara é um baita de um ator com um trabalho incrível em Mr. Robot e o filme ficou realmente bom, além disso rendeu um Oscar de Melhor para Malek.



Enfim, chegou a quarta temporada que esperávamos que fosse melhor que a anterior. Um final de temporada a altura de tudo que foi Mr. Robot durante essas quatro temporadas. Rami Malek, um super ator, fez da série uma obra de arte. A equipe técnica também não fez por menos, e a série como um todo foi excelente. O formato compacto, de 10-13 episódios por temporada, rendeu ótimas estórias, e mais que isso, finais com verdadeiros plot twist. A ideia de terminar a série depois de quatro anos, foi sábia, pois ainda mesmo na terceira temporada o show já mostrava sinais de desgaste. Ainda acho que nada supera a temporada 1 e 2, com suas reviravoltas de fazer inveja a outras séries.


4ª temporada. Episódio 7. 5 atos. Último ano. Genial. Obra prima. Nota 10 no IMDb.

Uma das melhores séries da atualidade que terminou com tudo!



RESENHA| CONTOS DA RUA BROCÁ



A obra, tradução dos contos de fadas (e bruxas) "Contes de la rue Broca", contém 13 contos de cerca de 20 páginas cada, todos escritos pelo francês Pierre Gripari e publicados pela primeira vez em 1967. 

No Brasil a editora Martins Fontes lançou uma edição com ótimas ilustrações, assinadas pela Cláudia Scatamacchia. O trabalho de traduzir ficou por conta de Monica Stahel, que realizou um excelente trabalho e adaptação dos contos e das músicas/ feitiços que aparecem no texto. 


A narrativa é feita para crianças, mas adultos também podem ler. O pré-requisito para esta leitura é ter imaginação. As estórias são as mais fantasiosas possíveis, e incluem desde uma batata falante que se apaixona por uma guitarra até a história da criação do Universo e um porquinho malandro que rouba uma estrela. Mas em tudo há um elemento comum, a tenda do Seu Said, localizada na Rua Brocá, em Paris. É nesse local que o autor escuta e conta suas estórias que mais tarde foram reunidas nesta coletânea.


O livro foi adaptado para o formato de desenho animado no ano de 1995, e você consegue conferir os episódios no YouTube, em diferentes dublagens. 


RESENHA| A OUTRA VOLTA DO PARAFUSO




"Mas, por mais horrível que fosse, suas mentiras formam a minha verdade"

Um romance estilo noir e extremamente perturbador. Uma prosa intimidadora capaz de criar uma atmosfera de tensão e mistério a ponto de me fazer sentir dentro de um filme de terror. Henry James construiu ótima estória, excelente obra de ficção e acima de tudo um jogo que brinca com o limite da nossa percepção, entre real e imaginário.

A estória é o relato de uma moça, cujo nome não é citado em nenhum momento, que deixou um manuscrito narrando uma série de aparições sobrenaturais no período em que trabalhou como governanta em uma propriedade rural na Inglaterra. O manuscrito é lido em uma noite de 25 de dezembro, quarenta anos depois dos eventos, por um rapaz a quem a moça confidenciou o relato.

O livro é o próprio manuscrito, e por isso é narrado a partir do ponto de vista da governanta, e conta como a moça foi contratada para cuidar de duas crianças órfãs, e quando trabalhando como governanta passa a ver dois fantasmas na residência. Mais tarde a governanta acaba descobrindo se tratar dos fantasmas de dois antigos funcionários da propriedade, e que morreram em condições suspeitas, sua  predecessora e um antigo empregado da casa.

Ao suspeitar que os espíritos mantenham algum tipo de influência sobre as crianças, Miles de 10 anos, e sua irmã Flora de oito anos, influência capaz de arrastar a alma das crianças para o Inferno, a governanta passa a ter como missão salvar a almas dos pequeninos e isso pode trazer consequências reais para todos.

Tradução de Paulo Henrique Britto. Primeira edição em 1898.

"[...] mas algo, que exigia, afinal, para manter uma fachada serena, apenas outra volta do parafuso da virtude humana comum"

P.S.: Lembra muito A Menina Que Não Sabia Ler.