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quinta-feira, 26 de maio de 2022

RESENHA: The Song of Achilles – Canção de Aquiles (Madeline Miller)

" Aquiles é metade de minha alma, como dizem os poetas. "


Como eu estou apaixonado por esse livro! Palavras que vão habitar em mim por algum tempo. 

 

Uma belíssima releitura do mito de Aquiles, dessa vez contado por um personagem menos conhecido. Nessa versão acompanhamos o herói grego a partir do olhar do Pátroclo, amante e amado do semideus. Parece tão real, tão original, que a partir de hoje essa é a minha versão do mito.

 

Longe de ser erótico, ou sexualmente apelativo, esse é um texto forte no quesito amor, poético, marcante desde as primeiras páginas. A narrativa se debruça sobre o romance entre Aquiles e Patroculos, desde a amizade na infância até o desabrochar de uma paixão na adolescência e que durou para toda a vida, e eternidade!

 

Eu lia pouco e parava com frequência para reler o que tinha acabado de ver, de tão comovente. Lia com tanta vontade que era capaz de lembrar das minúcias, quando ia encerrar aquelas pontas soltas que o escritor deixa de propósito para os leitores mais atentos. Criava minhas teorias de fã...

 

Detalhe que essa é a segunda vez que leio Melissa Miller, e olha, que mulher. Que escrita mais bonita, romântica. Entre um romance homoafetivo e um romance heteroafeitivo eu não vi diferença. Prova do talento da escritora para contar histórias de amor que vão além da carne e osso de que somos feitos, além do que é divino e o que não é, além do tempo.

 

O final é sensacional. Não o desfecho em si, que todo mundo já conhece, mas o ponto de vista da autora. Os últimos capítulos deixam a gente de fôlego preso até o derradeiro instante. Quando parece que vai acabar em absoluta triste, vem o aguardado final feliz. Me lembra como termina Circe, o outro livro da autora, igualmente épico.

 

Ano: 2012 / Páginas: 416

Idioma: inglês

 

CITAÇÕES FAVORITAS

 

DUAS SOMBRAS se aproximam em meio à treva densa e eterna. Suas mãos se encontram e a luz jorra num dilúvio como se fossem centenas de urnas entornadas do céu.

 

"In the darkness, two shadows, reaching through the hopeless, heavy dusk. Their hands meet, and light spills in a flood like a thousand golden urns pouring out of the sun." 

 

"They never let you be famous and happy"

 

The god touches his finger to the arrow's fletching. Then he breathes, a puff of air – as if to send dandelions flying, to push toy boats over water. And the arrow flies, straight and silent, in a curving, downward arc towards Achilles' back.

 

" Aquiles é metade de minha alma, como dizem os poetas. "

He is half of my soul, as the poets say.

 

"when I am dead, I charge you to migle our ashes and bury us together.

 

*"We reached for each other, and I thought of how many nights I had lain awake in this room loving him in silence"*

 

*"I could recognize him by touch alone, by smell; I would know him blind, by the way his breaths came and his feet struck the earth. I would know him in death, at the end of the world"*

 

"I am made of memories"

"Cite um herói que tenha sido feliz."

 

– Lei nenhuma obriga os Deuses a serem justos, Aquiles – setenciou Quíron – E talvez o maior dos males, no fim das contas, seja ficar na terra quando um ente querido se foi. Não acha?

 

"I HAVE DONE MY BEST, LET IT BE REMEMBERED THAT I TRIED"

 

"Meus receios esquecidos no porto dourado de seus braços."


"Estamos todos ali: a divindade, o mortal e o menino que era as duas coisas."

 

SINOPSE


Grécia Antiga, o lar de deuses e reis.

 

Pátroclo, um jovem e tímido príncipe, acaba exilado no reino de Fítia, após um acontecimento trágico. Em seu novo lar, longe de tudo o que conhecia, ele encontra Aquiles – filho do rei e da deusa Tétis.

Aquiles é tudo o que Pátroclo não é: extraordinário em todos os sentidos, belo e com um futuro brilhante já delimitado por uma profecia. Mesmo com essas diferenças, eles desenvolvem uma conexão profunda e se tornam inseparáveis. Durante anos, passam a vida assim, lado a lado, crescendo juntos. E, quando se tornam jovens adultos, esse relacionamento muda para algo ainda mais intenso.

 

A vida idílica que levam é interrompida quando surge a notícia de que Helena de Esparta foi raptada e que os homens gregos devem partir imediatamente para Troia a fim de libertá-la. Aquiles vê nessa guerra a oportunidade perfeita para enfim cumprir seu destino heroico e decide deixar para trás a corte e seguir para a batalha. Pátroclo, movido pelo amor que sente por Aquiles, o acompanha.

 

No entanto, mal sabem eles que, além de glória e amor, o destino também tem reservado uma grande dose de sacrifícios.

 

Baseada na Ilíada de Homero, A canção de Aquiles já encantou centenas de milhares de leitores ao redor do mundo. É uma história sobre o poder do amor e a força do destino, mas também das grandes batalhas entre deuses e reis, de paz e glória, de fama eterna e dos segredos do coração humano.


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

RESENHA| CIRCE

 



O romance é uma releitura da vida da feiticeira Circe, apresentada na obra Odisseia de Homero. Na mitologia grega a protagonista é filha de Hélio, divindade do Sol, o mais poderoso da raça dos titãs e da ninfa Perseis. No entanto a pobre Circe parece não ter herdado sequer uma ínfima dos parcela poderes do pai e tampouco a beleza da mãe.




Ela cresce no palácio de Hélio, em meio a uma família disfuncional e um lugar cheio de intrigas entre deuses e titãs. Circe é vista como estranha, se sente deslocada e somente encontra consolo quando conhece os humanos. É nesse momento que a filha de Hélio descobre também possuir poderes de feitiçaria.


"Por favor. Eu nunca vou vê-lo novamente se você não me ajudar. ” Ela olhou para mim e suspirou. Ela deve ter ouvido tais apelos milhares de vezes. Isso é algo que deuses e mortais compartilham. Quando somos jovens, pensamos que somos os primeiros a ter todos os sentimentos do mundo "

 

Sem conhecer muito a amplitude de seus poderes, Circe é condenada ao exílio na ilha de Aiaia após fazer uso de suas habilidades contra sua própria raça. Vivendo isolada na ilha, ela aprimora sua magia, sendo mais tarde conhecida como a deusa da transfiguração. É neste mesmo lugar que na Odisséia, ela conhece o príncipe Odisseu e  transforma seus homens em porcos.


Eu não tinha o direito de reivindicá-lo, eu sabia disso. Mas em uma vida solitária, existem raros momentos em que outra alma se aproxima da sua, enquanto as estrelas uma vez por ano roçam a terra. Essa constelação era ele para mim.
 

A bruxa aceita Odisseu como amante, e intensifica suas relações com a humanidade. Tem início uma relação que levará Circe ao limite da divindade e também da mortalidade. O amor pelos homens  resultará na decisão final de permanecer junta aos deuses ou aos mortais.


Não sonhava acordada com ele durante os dias, não pronunciava seu nome em meu travesseiro. Ele não era marido, nem mesmo era amigo. Ele era uma cobra venenosa e eu outra, e nesses termos dávamos prazer um ao outro.

 
Uma obra fascinante, capaz de conectar as mais diferentes estórias das famosas figuras da mitologia grega, como Prometeus, o bruxo Dédalo e Ícaro, o Minotauro e Ariadna, e o mais importante de todos: Odisseu, príncipe de Ítaca.

Fechei meus olhos para descobrir aquela impressão que deixei no rosto de Dédalo. Desejei então ter concebido um filho juntos, para ser um pouco de conforto para ele. Mas esse era um pensamento jovem e bobo: como se as crianças fossem sacos de grãos, para serem substituídas umas pelas outras.


Madeline Miller escreve com grande domínio do assunto. Consegue tornar a narrativa de uma personagem que é imortal em uma história sobre amadurecimento. Ainda que se trate de um livro de ficção, as mais diversas faces da humanidade são expostas nas figuras dos deuses olimpianos e dos titãs.

"Sim." Sua voz estava afiada.
“É o mesmo para mim,” eu disse.
"Não tente tirar meu arrependimento de mim." Ele ficou quieto por muito tempo.
“Você é sábia”, disse ele.
"Se for assim", disse eu, "é apenas porque fui tolo o suficiente por cem existências."
"No entanto, pelo menos o que você amou, você lutou."

Nunca teria lido um livro assim se não fosse pelo clube do livro que eu participo. Foi uma leitura fantástica e extremamente difícil. As primeiras páginas são ótimas, mas em seguida a leitura fica bem monótona, ainda mais considerando que a protagonista é imortal, e tudo ao seu redor parece ser uma eterna repetição. Por sorte a trama alcança sair da mesmice e surpreende ao tornar Circe refém de dilemas tão atuais como os de qualquer humano comum dos dias de hoje.

 

"Mas ele foi meu amigo em uma época em que eu precisava de um."
“É estranho pensar em uma deusa precisando de amigos.”
“Todas as criaturas que não são loucas precisam deles.”


Um livro recomendado a todos que gostam de mitologia grega. A autora também escreveu The Song of Achilles (A Canção de Aquiles), um romance sobre a relação entre Pátroclo e Aquiles. Desta vez a estória é narrada do ponto de vista do Pátroclo, o suposto amante. Quero muito ler!!!

 

“O feitiço que pretendo fazer,” eu disse. “Eu não sei o que vai acontecer quando eu lançar. Pode até não funcionar. Talvez o poder de Cronos não possa ser carregado de seu solo. 
Ele disse: “Então vamos voltar. Voltaremos até que você esteja satisfeito. ”
Foi tão simples. Se você quiser, eu farei. Se isso te faz feliz, irei com você. Existe um momento em que um coração se parte? Mas um coração partido não era suficiente, e eu havia crescido o suficiente para saber disso. Eu o beijei e o deixei lá.


2018. Little, Brown and Company. 358 páginas.

 

CITAÇÕES FAVORITAS