terça-feira, 3 de janeiro de 2023

RESENHA - VERONIKA DECIDE MORRER

"O preço de enfrentar esses pequenos problemas é bem menor que o preço de não reconhecê-los como nossos."

 

Mais um do meu querido escritor nacional, Paulo Coelho. O quarto, e já assumo meu vício. Depois de O Demônio e a Srta. Prym, As Margens do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei, e O Alquimista, foi a vez desse romance sobre a loucura.  Não canso de elogiar a capacidade do Paulo Coelho para colocar no papel um texto tão reflexivo e ao mesmo tempo fácil de entender. Impossível passar ileso por suas narrativas. A forma que ele conta uma história e tão simples, mas ao mesmo tempo potente. 

 

É inegável que Paulo Coelho é o maior representante da literatura brasileira depois de muitos anos. Como de praxe há muitos elementos religiosos e de espiritualidade na narrativa. Beira a literatura de autoajuda, mas na minha opinião é bem mais uma obra de ficção. Tem muita gente no Brasil que se recusa a ler Paulo Coelho por achar que não passa de modinha, mas a verdade é que os livros deles são bem mais apreciados no exterior, sobretudo na Europa. Acredito que justamente pelo teor mais místico, mostrando o que há de melhor nas diferentes religiões e filosofias de vida.

 

O livro em si não é tão recente, mas seus questionamentos sobre o que é a realidade, normalidade e quem determinou como as coisas precisam ser continuam atuais. O livro vai direto ao ponto, e chega a ser abrupto, começando pelo título e o primeiro parágrafo do texto. Foi algo que me cativou desde o início, e que aprecio bastante ultimamente.


Ano: 2000 / Páginas: 229

Idioma: espanhol 

Editora: planeta

 

SINOPSE

 

A loucura é a incapacidade de comunicar-se. Entre a loucura e a normalidade, que no fundo são a mesma coisa, existe um estado intermediário: chama-se ser diferente. E as pessoas estavam cada vez com mais medo de ser diferentes. No Japão, depois de ter pensado muito sobre a estatística que acabara de ler, me veio a ideia de escrever um livro sobre a minha própria experiência. Escrevi "Veronika Decide Morrer" na terceira pessoa, usando meu ego feminino, porque sabia que a minha experiência de internação não era o que interessava, mas sim os riscos de ser diferente, e o horror de ser igual.

Veronika, a protagonista deste romance, é uma jovem com mais de vinte anos, bonita, com muitos amigos e com um trabalho que lhe dá a independência de que necessita. Ao mesmo tempo, ela tem sorte em se relacionar com os homens, ou seja, apenas em encontros esporádicos sem nenhum compromisso.

 

Com tudo que tem em seu caminho, Veronika deve se sentir contente e muito feliz, porém, Veronika não fica feliz e decide acabar com sua vida. O motivo? Ela não quer viver essa vida rotineira pelos próximos trinta ou quarenta anos, uma vida, ela argumenta, sem nenhum incentivo, na qual todos os seus atos estão perfeitamente estruturados. É por isso que ele decide morrer.

 

No entanto, ela começará a se encontrar dentro das paredes frias de um centro psiquiátrico e a repensar sua vida novamente e a procurar "outras Veronikas" que ela não sabia que existiam...


 

CITAÇÕES FAVORITAS

 

“No dia 11 de novembro de 1997, Veronika decidiu que havia – afinal! – chegado o momento de se matar. Limpou cuidadosamente seu quarto alugado num convento de freiras, desligou a calefação, escovou os dentes e deitou-se”

 

"É aquilo que você é, não o que fizeram de você."

 

[...] "se Deus existe, Ele será generoso com as criaturas que desejaram ir embora mais cedo desta Terra, e pode até mesmo pedir desculpas por nos ter obrigado a passar por aqui.”

 

"preciso correr o risco de estar viva"

 

"- É grave forçar-se a ser igual: provoca neuroses, psicoses, paranoias. É grave querer ser igual, porque isso é forçar a natureza, é ir contra as leis de Deus que, em todos os bosques e florestas do mundo, não criou uma só folha igual a outra. Mas você acha uma loucura ser diferente, e por isso escolheu Villete para viver. Porque, aqui, como todos são diferentes, você passa a ser igual a todo mundo. Entendeu?"

 

“Não era por ausência de amor que estava se matando. Não era por falta de carinho de sua família, nem problemas financeiros, nem uma doença incurável. Veronika decidirá morrer naquela tarde bonita em Liubliana, com músicos bolivianos tocando na praça, com um jovem passando diante da sua janela, e estava contente como que os seus olhos viam e seus ouvidos escutavam”

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