Um livro de fantasia como há muito tempo eu não vejo.
O livro é bem elogiado pela crítica, e faz parte de listas famosas como the
Times, Guardian e BBC Culture. Lembra vagamente a série The AO da Netflix. Tem
bastante ficção e aventura.
A narrativa é bem intimista, tem um mistério daquele
tipo que cada nova página pode ser uma descoberta. Acho que esse é o principal
motor dessa leitura. O começo é lento e confuso, mas lá pela metade as coisas
começam a fazer sentido, a partir daí é a curiosidade que toma conta.
Você percebe no início que o personagem está tentando
descobrir quem ele é, e isso é bacana porque o leitor descobre A Casa aos
poucos. O livro tem uma estética bem greco-romana, é um pouco obscuro e bem
poético. É uma poesia sobre coisas simples, o que torna o texto ainda mais
lindo.
A Beleza da Casa é imensurável; a sua Bondade é
infinita.
Em uma realidade onírica, magia e razão estão
intrinsicamente ligadas nesta obra que se entranha por tênues labirintos
místicos e extraordinários.
Piranesi vive na Casa. Talvez, sempre tenha vivido.
Em seus diários, dia após dia, ele registra de maneira
clara e cuidadosa todas as maravilhas que encontra: o labirinto de salões, as
milhares de estátuas, as marés que invadem as escadarias, as nuvens que se
movem em uma procissão lenta pelos cômodos de cima. Habitualmente, encontra-se
com o Outro, sua única companhia e com quem divide as pesquisas e explorações.
Às vezes, Piranesi também leva oferendas aos mortos, mas, na maior parte do
tempo, está só.
De repente, mensagens começam a surgir no chão, rabiscadas a giz. Há alguém novo na Casa. Mas quem é essa pessoa e o que ela quer? É amigável ou traz consigo destruição e loucura, como diz o Outro.
Textos perdidos têm de ser encontrados. Segredos
esquecidos precisam ser revelados. O mundo que Piranesi pensava conhecer está se tornando obscuro e
perigoso.
“May your Paths be safe, your Floors unbroken and may
the House fill your eyes with Beauty.”
O protagonista é tão perdido quanto quem lê, e isso é
um dos melhores pontos da leitura. A inocência de Piranesi encanta quem estar
acostumado a ler narrativas onde o protagonista parecer ser onisciente. O livro
também surpreende pelo desfecho rápido. Mas o final mesmo é bem bonito. É um
pouco questionador, do tipo que deixa muitas dúvidas no ar, mas era bem esse o
objetivo. Enfim, é um livro bem doido.
“The House is
valuable because it is the House. It is enough in and of Itself. It is not the means to an end.”
Ano: 2020 / Páginas: 272
Idioma: inglês
Editora: Bloomsbury Publishing
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