sábado, 7 de maio de 2022

RESENHA - PIRANESI (SUZANNA CLARKE)



~Perhaps even people you like and admire immensely can make you see the World in ways you would rather not.


Um livro de fantasia como há muito tempo eu não vejo. O livro é bem elogiado pela crítica, e faz parte de listas famosas como the Times, Guardian e BBC Culture. Lembra vagamente a série The AO da Netflix. Tem bastante ficção e aventura.


 

A narrativa é bem intimista, tem um mistério daquele tipo que cada nova página pode ser uma descoberta. Acho que esse é o principal motor dessa leitura. O começo é lento e confuso, mas lá pela metade as coisas começam a fazer sentido, a partir daí é a curiosidade que toma conta.


 

Você percebe no início que o personagem está tentando descobrir quem ele é, e isso é bacana porque o leitor descobre A Casa aos poucos. O livro tem uma estética bem greco-romana, é um pouco obscuro e bem poético. É uma poesia sobre coisas simples, o que torna o texto ainda mais lindo.

 

A Beleza da Casa é imensurável; a sua Bondade é infinita.


 

Em uma realidade onírica, magia e razão estão intrinsicamente ligadas nesta obra que se entranha por tênues labirintos místicos e extraordinários.


Piranesi vive na Casa. Talvez, sempre tenha vivido.



Em seus diários, dia após dia, ele registra de maneira clara e cuidadosa todas as maravilhas que encontra: o labirinto de salões, as milhares de estátuas, as marés que invadem as escadarias, as nuvens que se movem em uma procissão lenta pelos cômodos de cima. Habitualmente, encontra-se com o Outro, sua única companhia e com quem divide as pesquisas e explorações. Às vezes, Piranesi também leva oferendas aos mortos, mas, na maior parte do tempo, está só.



De repente, mensagens começam a surgir no chão, rabiscadas a giz. Há alguém novo na Casa. Mas quem é essa pessoa e o que ela quer? É amigável ou traz consigo destruição e loucura, como diz o Outro.


Textos perdidos têm de ser encontrados. Segredos esquecidos precisam ser revelados. O mundo que Piranesi pensava conhecer está se tornando obscuro e perigoso.


 

“May your Paths be safe, your Floors unbroken and may the House fill your eyes with Beauty.”

 

Susanna Clarke tem um dom para criação de mundos. A ideia desse livro é bem original e a autora não se prolonga muito. O texto possui poucas páginas, então pode ser uma leitura rápida.


 

O protagonista é tão perdido quanto quem lê, e isso é um dos melhores pontos da leitura. A inocência de Piranesi encanta quem estar acostumado a ler narrativas onde o protagonista parecer ser onisciente. O livro também surpreende pelo desfecho rápido. Mas o final mesmo é bem bonito. É um pouco questionador, do tipo que deixa muitas dúvidas no ar, mas era bem esse o objetivo. Enfim, é um livro bem doido.

 

“The House is valuable because it is the House. It is enough in and of Itself. It is not the means to an end.”

 

Ano: 2020 / Páginas: 272

Idioma: inglês 

Editora: Bloomsbury Publishing

 

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