quinta-feira, 17 de julho de 2025

RESENHA - 1984 (George Orwell)



"Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado."

 

A ficção cada dia mais perto de se tornar realidade.

Um livro atemporal e assombrador.

Um verdadeiro clássico da literatura universal pois reflete, em algum momento, o futuro de quase todos os países.

 

“[...] a escolha para a humanidade estava entre a liberdade e a felicidade, e que, para a grande maioria da humanidade, a felicidade era melhor.”

 

1984 é um livro de política e ficção.

Livro interessante, principalmente a parte 2 e 3.

Na parte 2 tem um livro dentro do livro então é bem cansativa.

É nela que o autor mergulha fundo no viés ideológico da obra.


 

"A longo termo, uma sociedade hierárquica só era possível num mundo de pobreza e ignorância."

 

A obra trata do controle do Estado e alienação em seu apogeu.

George Orwell soube escrever um livro que desde o início causou polêmica e continua até hoje.

No fim das contas o que me deixou mais surpreso foi a parte do sexo.

Publicado originalmente em 1949, este clássico de George Orwell é incrivelmente moderno.

 

"Se você quer formar uma imagem do futuro, imagine uma bota pisoteando um rosto humano para sempre"

 

Como outras obras do estilo, as previsões tecnológicas estão bem distantes da realidade, bem arcaicas para dizer a verdade. A tecnologia evoluiu rápido e por um caminho que ele não soube prever.

De resto ele acertou e segue acertando.

Infelizmente 1984 está cada vez mais atual.


 

"Com exceção dos poucos centímetros que cada um possuía dentro do cérebro, ninguém tinha nada seu."

 

Como distopia pós-Guerra, reflete muito como a sociedade da época imaginava o futuro.

É mais parecido com Laranja Mecânica e o Conto da Aia. Ou seja, extremamente diferente das distopias jovens que foram lançadas nos últimos anos.

Nisso eu tenho certeza. Tirei o ano para ler os grandes clássicos do gênero ficção cientifica e distopia então estou por dentro do assunto.

 

 

"Mas e se meu objetivo não fosse permanecer vivo, e sim permanecer humano?"

 

O livro é repleto de grandes citações e deu origem a várias referências na cultura pop.

É dele que vem a origem do nome do programa BBB Big Brother Brasil.

Esse é o segundo livro do George Orwell que chega em minhas mãos.

Li A fazenda dos Animais (ou A Revolução dos Bichos) pouco tempo atrás e posso dizer que 1984 é superior em todos os aspectos.


 

Big Brother is watching you.

 

1984 Nineteen Eighty-Four

George Orwell

Ano: 1949 / Páginas: 384

Idioma: inglês

 

SINOPSE

 

Publicada originalmente em 1949, a distopia futurista 1984 é um dos romances mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Lançada poucos meses antes da morte do autor, é uma obra magistral que ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre a essência nefasta de qualquer forma de poder totalitário.


 

Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico.

 

De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O'Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que ‘’só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro’’.


 

Quando foi publicada em 1949, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro perigosamente próximo logo experimentaria um imenso sucesso de público. Seus principais ingredientes - um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais - atraíram leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução.

 

À parte isso, a escrita translúcida de George Orwell, os personagens fortes, traçados a carvão por um vigoroso desenhista de personalidades, a trama seca e crua e o tom de sátira sombria garantiram a entrada precoce de 1984 no restrito panteão dos grandes clássicos modernos.

 

Citações

 

“Porque se lazer e segurança fossem desfrutados por todos igualmente, a grande massa de seres humanos que costuma ser embrutecida pela pobreza se alfabetizaria e aprenderia pensar por si; e depois que isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde essa massa se daria conta de que a minoria privilegiada não tinha função nenhuma e acabaria com ela”

 

“Vivemos uma era em que a liberdade de pensamento será de início um pecado mortal e mais tarde uma abstração sem sentido?”

 

"O pensamento-crime não acarreta a morte: o pensamento-crime É a morte."

 

"Nada existe fora da consciência humana"

 

"A partir do momento em que se declarasse guerra ao Partido era melhor pensar em si próprio como um cadáver."

 

"A batalha chegara ao fim. Ele conquistara a vitória sobre si mesmo"

 

"Nos velhos tempos, pensou, um homem olhava para o corpo de uma mulher, via que era desejável e pronto. Mas não se podia sentir amor puro ou desejo puro atualmente. Nenhuma emoção era pura, porque tudo estava misturado a medo e ódio. A união deles tinha sido uma batalha; o clímax, uma vitória. Fora um golpe contra o Partido. Um ato político."

 

"(...) não havia absolutamente nenhum tipo de imbecilidade imposta pelo Partido que ela não fosse capaz de engolir."

"O capitalismo falhou, falha e falhará em cada uma das sociedades aonde ele colocar os seus tentáculos que se baseiam na expropriação e na exploração do homem pelo homem. É isso que nós combatemos!"

 

"Afinal, qual é a justificativa para a existência de uma palavra que significa apenas o contrário da outra? A palavra já carrega em si mesma seu oposto. A palavra ‘bom’, por exemplo. Se existe uma palavra como ‘bom’, qual é a necessidade de uma palavra como ‘ruim’? ‘Desbom’ serve perfeitamente? e até melhor, porque é um oposto perfeito, enquanto a outra palavra não.?

 

Nós não destruímos nossos inimigos: nós os modificamos.

 

Contar mentiras deliberadas acreditando plenamente nelas, esquecer qualquer fato que se torne inconveniente e, quando necessário, resgatá-lo do esquecimento apenas pelo tempo que for preciso, negar a existência da realidade objetiva e, ao mesmo tempo, levar em conta a realidade negada ? tudo isso é absolutamente primordial. Até mesmo o uso do termo duplopensar é indispensável para o exercício do duplopensar. Pois, ao usar a palavra, a pessoa admite que está manipulando a realidade e, com um segundo ato de duplopensar, a pessoa esquece dessa manipulação. É assim indefinidamente, com a mentira se mantendo sempre um passo à frente da verdade.

 

Você estará oco. Nós vamos espremê-lo até que fique vazio, e então iremos preenchê-lo.

 

ensinava que os proletas eram naturalmente inferiores e deveriam ser mantidos em estado de submissão, como animais, com a aplicação de algumas regras simples.

 

Por isso, era quase impossível esperar que essa ‘minoria’ despertasse para o que estava de fato acontecendo. Winston, no entanto, nunca perdeu a esperança.

 

"O lugar onde não existe escuridão era o futuro imaginado que ninguém veria, mas que, através da persistência, era possível compartilhar em um nível místico"

 

GUERRA É PAZ.

LIBERDADE É ESCRAVIDÃO.

IGNORÂNCIA É FORÇA.

 

WAR IS PEACE

FREEDOM IS SLAVERY

IGNORANCE IS STRENGTH

 

segunda-feira, 23 de junho de 2025

RESENHA – MATERIA OSCURA (Dark Matter, Blake Crouch)

 



“Você é feliz com a vida que tem?”

 

Que livro fantástico!

Li com uma rapidez absurda e adorei cada página.

O começo é bom, mas fica bem melhor do meio para o final.


 

"Neste momento, meu mundo parece muito seguro e perfeito.

Agora eu vejo: nunca dei o valor devido a todo aquele conforto.

Era tão bom, e havia tantas maneiras de desmoronar?"

 

O puro suco da ficção cientifica.

Impossível passar ileso ou terminar sem ter um comentário a respeito dessa história.

É um livro que começa apressado e segue assim até o final.


 

"Por mais que imaginemos um mundo repleto de feitos históricos, não é necessariamente o mundo real que precisávamos viver e que seríamos felizes"

 

‘Matéria Escura’ tem pouco de mistério, um pouco de suspense e te prende durante toda a narrativa.

Bem escrito, fluido, cativante.

Por conta da escrita do Blake Crouch eu quase não conseguia parar de ler.


 

"Não posso deixar de pensar que somos mais do que a soma total de nossas escolhas e que todos os caminhos que poderíamos ter trilhado influem de algum modo na matemática de nossa identidade".

 

O autor é roteirista, então seus livros são feitos quase iguais roteiros de livro, com muitos diálogos e cenas direto ao ponto, dinâmicas.

Inclusive descobri que pouco tempo depois do lançamento virou uma série de tv, Dark Matter.

Ele nos guia através dessa história com facilidade, sempre nos deixando com medo do que vira pela frente.


 

"Não há avisos quando tudo está prestes a mudar, a ser tomado de você.

Nenhum alerta de proximidade, nenhuma placa indicando a beira do precipício.

E talvez seja isso o que torna a tragédia tão trágica.

Não é apenas o que acontece, mas como acontece: um soco que vem do nada, quando você menos espera.

Não dá tempo de se esquivar ou se proteger."


 

Materia oscura

Blake Crouch

Ano: 2017 / Páginas: 376

Idioma: espanhol

Editora: Editorial Oceano de Mexico

 

CITAÇÕES


 

"We’re all made of the same thing: the blown-out pieces of matter formed in the fires of dead stars. I’ve just never felt that knowledge in my bones until that moment, there, with you. And it’s because of you. "

 

“Is it possible to outthink yourself?”

 

"Life doesn't work that way. You live with your choices and learn.

You don't cheat the system."


 

SINOPSE

 

“Você é feliz com a vida que tem?”

 

Essas são as últimas palavras que Jason Dessen ouve antes de acordar num laboratório, preso a uma maca. Raptado por um homem mascarado, Jason é levado para uma usina abandonada e deixado inconsciente. Quando acorda, um estranho sorri para ele, dizendo: “Bem-vindo de volta, amigo.”


 

Neste novo mundo, Jason leva outra vida. Sua esposa não é sua esposa, seu filho nunca nasceu e, em vez de professor numa universidade mediana, ele é um gênio da física quântica que conseguiu um feito inimaginável. Algo impossível. Será que é este seu mundo, e o outro é apenas um sonho? E, se esta não for a vida que ele sempre levou, como voltar para sua família e tudo que ele conhece por realidade?



 

Com ritmo veloz e muita ação, Matéria escura nos leva a um universo muito maior do que imaginamos, ao mesmo tempo em que comove ao colocar em primeiro plano o amor pela família. Marcante e intimista, seus múltiplos cenários compõem uma história que aborda questões profundamente humanas, como identidade, o peso das escolhas e até onde vamos para recuperar a vida com que sonhamos.

 

SINOPSE EM INGLÊS

 

“Are you happy with your life?”



 

Those are the last words Jason Dessen hears before the masked abductor knocks him unconscious. Before he awakens to find himself strapped to a gurney, surrounded by strangers in hazmat suits. Before a man Jason’s never met smiles down at him and says, “Welcome back, my friend.”


 

In this world he’s woken up to, Jason’s life is not the one he knows. His wife is not his wife. His son was never born. And Jason is not an ordinary college physics professor but a celebrated genius who has achieved something remarkable--something impossible.


 

Is it this world or the other that’s the dream? And even if the home he remembers is real, how can Jason possibly make it back to the family he loves? The answers lie in a journey more wondrous and horrifying than anything he could’ve imagined—one that will force him to confront the darkest parts of himself even as he battles a terrifying, seemingly unbeatable foe.


 

From the author of the bestselling Wayward Pines trilogy, Dark Matter is a brilliantly plotted tale that is at once sweeping and intimate, mind-bendingly strange and profoundly human - a relentlessly surprising thriller about choices, paths not taken, and how far we'll go to claim the lives we dream of.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

RESENHA - FIABE ITALIANE (Italo Calvino)



Livro curtinho com alguns contos tradicionais italianos, ou mais precisamente fábulas italianas, como os contos dos irmãos Grimm ou de Perrault.

Calvino mostra seu talento como excelente autor de contos de fadas, fábulas, anedotas, e textos do folclore italiano.


 

Contém textos bem antigos, surgidos na idade média e transmitidos de geração em geração através da oralidade.

Como podem ver, alguns textos são sem pé nem cabeça.

 

"- Como? Cospe a papa de cevada no meu olho, em mim, filha do Sol, em mim, neta de rei?
- Então você é filha do Sol? - Disse o rei, que estava por perto.
- Sim.
- E é neta de rei?
- Sim.
- E nós achávamos que era uma enjeitada! Agora pode casar com nosso filho.
- Claro que posso!
O filho do rei se curou num instante e casou com a filha do Sol, que daquele dia em diante se tornou uma mulher como todas as outras e não fez mais coisas estranhas."


 


Para compor o livro, o autor, Italo Calvino, fez uma viagem pelo país na busca de cada uma destas histórias transcritas a partir de diferentes dialetos.

O resultado ficou excelente, uma ótima dica de leitura rápida, leve e divertida para crianças e adultos.


 

A edição francesa contém apenas uma parte do trabalho do autor, que terminou com mais de mil paginas e 200 contos.

Imagino que escolheram as melhores, ainda assim, são um pouco repetitivas em certos aspectos, pode ser praticamente a mesma historia narrada de forma a se adaptar a uma região diferente da Itália.


 

Trata-se de uma edição bilíngue, porém, eu li apenas a parte em italiano. Apesar da dificuldade com o idioma, eu consegui entender razoavelmente bem.

 

"Agora que o livro terminou, posso dizer que não foi uma alucinação, uma espécie de doença profissional. Tratou-se de uma confirmação de algo que já sabia desde o início, aquela coisa indefinida à qual me referia antes, aquela única convicção que me arrastava para a viagem entre as fábulas. E penso que seja isto: as fábulas são verdadeiras".


 

SINOPSE EM ITALIANO

 

Italo Calvino ha selezionato questa raccolta dal patrimonio delle 'Fiabe Italiane', da lui recuperato in un'unica opera comprendente la tradizione fiabesca popolare. Le fiabe si rivolgono a bambini grandi e piccoli e offrono uno panorama che passa dalle fiabe-filastrocche ai racconti buffi.


 

SINOPSE EM PORTUGUÊS

 

Em 1956 saía nas edições Einaudi, em Itália, as "Fiabe Italiane", uma obra de cerca de mil páginas, que tinha como objectivo reunir os contos e fábulas das várias regiões italianas, que o escritor Italo Calvino havia compilado, durante dois anos, comparando-os e reescrevendo-os, à semelhança dos irmãos Grimm que, como diz Calvino, não são sózinhos os "autores" dos seus contos, já que o "são também as narradoras e os narradores de cuja boca os Grimm os ouviram, e assim por diante todos os homens e mulheres que transmitiram esses contos de boca em boca sabe-se lá através de quantos séculos".


 

Estes contos e fábulas, "contados por Calvino" com uma linguagem próxima do tom imediato e popular dos dialectos originais tornaram-se assim uma referência como obra de recriação.