terça-feira, 8 de abril de 2025

RESENHA – LA FERME DES ANIMAUX (A revolução dos bichos)



“Todos os animais são iguais…”

 

Finalmente tive tempo para ler esse clássico.

E fico feliz por ter lido somente agora, um pouco mais maduro das ideias, pois este conto é extremamente político.

E que sensação boa descobrir um livro tão fantástico pela primeira vez!


 

“Todos os animais são iguais…

...mas alguns animais são mais iguais que outros.”

 

A Revolução dos Bichos, ou A Fazenda dos Animais, como é traduzido agora (título original), é um livro curtinho, porém tem assunto para uma discussão longa

Original pela narrativa fantástica e pela época em que foi escrito, ele continua atual.

Logo após sua publicação já era uma obra-prima da literatura no mundo e no Brasil.


 

"Os animais do lado de fora olharam dos porcos para os homens e dos homens para os porcos, e mais uma vez dos porcos para os homens, mas já era impossível distinguir quem era quem."

 

Sua história, é infelizmente, atemporal.

Trata-se de uma fabula que pode ser vista como feita para crianças, porém é preciso de uma leitura crítica, para ir além do que as palavras querem dizer.

Eu que amo distopias não podia continuar adiando.


 

"quatro pernas bom, duas pernas ruim"

 

Próximo passo é seguir lendo Geroge Orwell, Ray Bradburry, Isaac Assimov e Phillip K. Dick, Margaret Atwood e outros clássicos do tipo.

Obrigado amigo pelo empréstimo.


 

"Quatro pernas bom, duas pernas melhor"

 

La ferme des animaux

George Orwell

Ano: 1945 / Páginas: 95

Idioma: francês

 

CITAÇÕES

 

"Nunca deem ouvidos quando eles disserem que o Homem e os animais têm um interesse comum e que a prosperidade de um é a prosperidade dos outros. Isso é mentira. O Homem não busca o interesse de nenhuma criatura além dele mesmo."


 

"Sua solução para cada problema, para cada contratempo, era “Trabalharei mais ainda”, frase que adotara como seu lema particular."

 

"…e, embora a granja tivesse enriquecido, os animais continuavam pobres."

 

SINOPSE EM FRANCÊS


À la Ferme du Manoir, les animaux en ont assez d'être maltraités. Major l'ancien, leur doyen, leur a ouvert les yeux sur la tyrannie de l'Homme. Il faut faire la révolution !

 


Une fois le fermier banni, les animaux décident de ne plus se laisser commander. Pour veiller à cela, sept règles sont édictées et rédigées par les cochons. La dernière est claire : Tous les animaux sont égaux.  Mais le temps passe, et les commandements changent, un par un. Jusqu'à ce qu'on puisse lire : Tous les animaux sont égaux, mais certains le sont plus que d'autres.


Avec La ferme des animaux, Orwell propose une satire de la Révolution russe et une critique du régime soviétique, en particulier du stalinisme, et au-delà, des régimes autoritaires et du totalitarisme. Il décrit une ferme dans laquelle les animaux se révoltent, prennent le pouvoir et chassent les hommes.


 


" Tout ce qui est sur deux jambes est un ennemi.

Tout ce qui est sur quatre jambes ou possède des ailes est un ami.

Aucun animal ne portera de vêtements.

Aucun animal ne dormira dans un lit.

Aucun animal ne boira d'alcool.

Aucun animal ne tuera un autre animal.

Tous les animaux son égaux. "

 

Le temps passe. La pluie efface les commandements. L'âne, un cynique, arrive encore à déchiffrer :

" Tous les animaux sont égaux, mais (il semble que cela ait été rajouté) il y en a qui le sont plus que d'autres. "

 

SINOPSE EM PORTUGUÊS


 

Uma fazenda é tomada por seus animais maltratados e sobrecarregados. Cheios de idealismo, eles se propõem a criar um paraíso de progresso, justiça e igualdade, administrando o local por conta própria.

 

Os porcos, então, assumem o comando e, com suas habilidades de alfabetização, vão aos poucos mudando as regras que os animais haviam estabelecido previamente. Dessa forma o palco está montado com uma crítica muito bem escrita de como os ideais socialistas são corrompidos por pessoas poderosas, como as massas iletradas são aproveitadas e como os líderes comunistas se transformam em capitalistas.


 

A Fazenda dos Animais é uma crítica ferrenha à ditadura stalinista e mostra como um movimento pode ir se degenerando gradualmente, caindo em contradição, formando hierarquias e, por fim, estabelecendo uma ditadura.

 

quinta-feira, 3 de abril de 2025

RESENHA - Pedro Páramo (Juan Rulfo)

 

"Nada pode durar tanto, não existe nenhuma recordação que, por intensa que seja, não se apague."

 

É possível dizer muito com poucas páginas, e Juan Rulfo é a prova disso.

Considerado a maior obra da literatura mexicano, o livro não tem sequer 200 páginas.

É de uma linguagem poética linda, sobre um importante momento da vida: o fim dela.

Detalhe: sem ser mórbido.


 

“Deu uma batida seca contra a terra e foi se desmoronando como se fosse um monte de pedras.”

 

Por aí já podemos ver que se trata de um romance extremamente único, e definitivamente hiper mexicano.

Recheado de expressões populares e regionais.


 

“Saiu da casa e olhou o céu. Choviam estrelas. Lamentou aquilo, porque teria gostado de ver um céu quieto. Ouviu o canto dos galos. Sentiu a envoltura da noite cobrindo a terra. A terra, “este vale de lágrimas”

 

Livro curtinho, fenomenal e que imediatamente se tornou um clássico da literatura latina. Há tempos eu queria ler, e pude por fim ter essa chance.

Excelente escolha.

História cativante e fora do comum.


 

"Este mundo, que nos dilacera por todos os lados, que vai esvaziando punhados de nosso pó aqui e acolá, desfazendo-nos em pedaços como se regasse a terra com nosso sangue."

 

Adorei a temática e a escolha do autor em contar a história de diferentes pontos de vistas.

São 68 fragmentos, vários narradores e uma história contada de uma forma não linear. Tempo, espaço e narrador.

Nada disso é fixo.

Esse é um ponto positivo, mas também serve para deixar a narrativa um pouco confusa no começo.

Depois melhora, eu juro.


 

"Em cada suspiro é como se a gente se desfizesse de um sorvo de vida."

 

A genialidade do autor definiu e criou o realismo mágico.

Desta forma, Juan Rulfo foi o percursor do que o Gabriel García Márquez fez com Cem Anos de Solidão, outro romance que está entre meus favoritos.


 

"Estava acostumado a ver morrer a cada dia algum de seus pedaços. Viu como o jasmineiro se sacudia deixando cair suas folhas: 'Todos escolhem o mesmo caminho. Todos se vão'. Depois voltou ao lugar onde tinha deixado seus pensamentos."

 

Pedro Páramo, único romance de Juan Rulfo, me traz "Memórias Póstumas de Brás Cubas" na mente. Um pouco de "A menina que roubava livros" por um único detalhe e "Um Rapaz Latino Americano" de Belchior.

Tudo isso e um pouco mais que me fez terminar com vontade de rever "Coco", viva a vida é uma festa.

 




"Dizem que os mortos se amontoam na terra. Eu acho que se amontoam no ar."

 

SINOPSE EM ESPANHOL

 

Cuando al final de la década de los sesenta la narrativa hispanoamericana alcanzó un prestigio mundial, se volvió la vista atrás en busca de sus «clásicos». La figura gigantesca de Rulfo detacó inmediatamente.


 

En 1955 aparece Pedro Páramo. Novela gestada largamente por un escritor con fama de poco prolífico y que aunó la propia tradición narrativa hispanoamericana con los principales renovadores de la occidental: Joyce, Faulkner, Woolf...

 

Novela rica, apasionante como pocas, que arrastra al lector del desconcierto a la sugestión. Esta edición ofrece el texto definitivo de Pedro Páramo, corregido por la Fundación Juan Rulfo, incluye una nueva Introducción, varios Apéndices sobre variantes, cronología de la historia, anotaciones a los fragmentos y aclaraciones de Rulfo y un nuevo aparato de notas.

 

SINOPSE EM PORTUGUÊS


 

De enredo conciso e preciso, o único romance de Juan Rulfo trata da promessa feita por Juan Preciado à mãe moribunda. O rapaz sai em busca do pai, Pedro Páramo, um lendário assassino. No caminho, encontra impressionantes personagens repletos de memórias, que lhe falam da crueldade implacável de seu pai.

 

Em sua estrutura não há linha temporal exata, tampouco um narrador fixo. Juan Rulfo nos leva a mergulhar e a nos dissolver no turbilhão dos sentimentos de todo um povoado, em torno desse grande homem.


 

Alegoricamente, o romance é o México ferido, que grita suas chagas e suas revoluções, por meio de uma aldeia seca, onde apenas os mortos sobrevivem para narrar os horrores de sua história e política. Pedro Páramo é basicamente sobre a presença da morte em meio à vida. Um livro, de poética simples e concisa, curto e inesquecível.

 

O realismo fantástico como hoje se conhece não teria existido sem este livro. Desta fonte beberam o colombiano Gabriel García Márquez e o peruano Mario Vargas Llosa. A partir da combinação de dois elementos essenciais ao sucesso da literatura latino-amerciana - o realismo fantástico e o regionalismo -, Rulfo se destaca pela sua habilidade em contar uma história reunindo relatos e lembranças.


 

SINOPSE EM INGLÊS

 

In this stunning masterpiece of the surreal, Juan Preciado sets out on a strange quest, bound by a promise to his dying mother. Embarking down a parched and dusty road, Juan goes to seek his father, Pedro Páramo, from whom they fled many years ago.

 

The ruined town of Comala is alive with whispers and shadows. Time shifts from one consciousness to another in a hypnotic flow of desires and memories, a world of ghosts dominated by the tyranny of the Páramo family. Womaniser, overlord and murderer, Juan's notorious father retains an eternal grip over Comala. Its barren and broken-down streets echo the voices of tormented spirits sharing the secrets of the past in an extraordinary chorus of sensory images, violent passions and unfathomable mysteries.

 

CITAÇÕES

 

"Foi crescendo como uma erva daninha."

 

"Que me deixem ao menos o direito que os enforcados têm, o de agitar as pernas!"

 

"E vai ver que quando você dormir, ninguém mais irá despertá-la."

 

"Há esperança para nós, contra o nosso penar."