Fernando Sabino escreve
maravilhosamente bem. Não precisa usar uma prosa complicada para impressionar.
É simples, e na simplicidade, surpreende. São histórias engraçadas, ou no
mínimo interessantes e você se sente ali do ladinho do autor ouvindo-o contar o
que está acontecendo.
A Faca de Dois Gumes é
na verdade três romances: O BOM LADRÃO, MARTÍNI SECO e o romance que dá título
à obra, A FACA DE DOIS GUMES. Por trás dessas histórias bem humoradas o autor
escancara facilmente a natureza humana.
Com 3 casos diferentes
e sem qualquer conexão, essa trilogia de amor, intriga e mistério, lembra muito
o longa-metragem Relatos Selvagens, filme argentino indicado ao Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro de 2015.
Aqui, mais uma vez o
mestre do romance brasileiro não decepciona. Um livro gostoso de ler, a ponto
de ser difícil escolher uma história favorita. Eu arriscaria dizer que gostei
mais de O Bom Ladrão. Talvez pela trama ser engenhosa e divertida. As demais
são perfeitas para quem gosta de mistério, com aquele toque de investigação
policial.
Em retrospectiva, o
primeiro trabalho que li do Sabino foi Encontro Marcado. Terminei o livro
impactado, e porque não dizer MARCADO? Os elogios que deixo aqui para o
falecido autor são quase os mesmos de quando concluí minha primeira leitura de
seu legado. Outra coisa, é que aproveitei para reler a dedicatória única no
exemplar que tenho. Obrigado Carol pelo livro. Amei o presente em todos os
sentidos. Ah, não sei se você chegou a ler o título das histórias, mas a
primeira se chama O BOM LADRÃO...
SABINO, Fernando. A
Faca de dois gumes. Rio de Janeiro: Record, 1985. 239 p.
SINOPSE
Quem é o culpado? A esquiva Isabel,
que o marido insinua ser uma ladra, ou ele próprio, que acaba preso e chamado a
si mesmo de "bom ladrão"?
Uma mulher vai à polícia
denunciar o marido, que ameaça matá-la "como fez com a outra" e dizer
que foi suicídio. O marido vai à polícia alegar que a primeira mulher se
suicidou tomando martíni seco com veneno, e a atual pretende fazer o mesmo,
para que a culpa recaia sobre ele.
Quem é o culpado? O álibi deste
outro marido é tão perfeito que jamais conseguirá provar a sua culpa, mesmo
para salvar o filho, preso como culpado. E se não pretendia matar a mulher e o
amante, por que tão requintado plano para surpreendê-los em flagrante? É este o
outro gume da faca? Quem é o culpado?