domingo, 20 de junho de 2021

RESENHA| AMOR E AMIZADE - JANE AUSTEN




Quando li Lady Susan acreditava que era a primeira obra de Jane Austen, escrita de forma epistolar aos 17 anos. Mais tarde descobri, que antes de morrer, a autora deixou este manuscrito guardado por anos, sinalizando a vontade de não o publicar. Além de Lady Susan, restaram outros manuscritos inacabados e textos completos que por algum motivo Austen mantinha ocultos. Um desses textos ocultos é Amor e Amizade, escrito supostamente quando a autora tinha 14 anos.


 

Além deste conto, a edição que acabei de ler ainda traz outros dois títulos: As Três Irmãs e Uma Coletânea de Cartas. Basicamente são textos inacabados, em uma edição exclusiva da TAG Literária, presente da @nairim. É um material para fãs da escritora, onde podemos desfrutar do talento ímpar de Jane Austen.


 

O texto tem diversas particularidades: a escrita em forma de cartas, a pouca idade da autora e o fato de ter sido escrito mais de 200 anos atrás. Os temas são aqueles recorrentes em seus romances, com o humor característicos da autora. É uma narrativa cheia dos dilemas das jovens da época, e foge totalmente qualquer julgamento referente a qualidade do material apresentado. Para quem procura ler um bom e verdadeiro romance de época, é melhor ir atrás de Orgulho e Preconceito, Emma, Persuasão...


 


Me lembro de ler ORGULHO E PRECONCEITO quando tinha 16 anos, apenas para impressionar. Claramente na época era incapaz de entender toda a extensão e significado da obra. A trama é um clássico da Jane, e dentro todos as publicações da autora, é esta que todas as pessoas no mundo deveriam ler pelo menos uma vez na vida. O livro já virou diversas peças de teatro, série de TV e filme, mas nada supera o original.


 

Três anos depois li PERSUASÃO. O título é o último romance completo publicado em vida pela autora e simplesmente amei. Pouco tempo depois voltei a me debruçar em seus romances, e li uma edição bilingue de LADY SUSAN. A obra é um romance epistolar bastante esquecido apesar de Jane Austen ser uma das mais celebradas representantes da literatura inglesa. O livro foi escrito quando ela ainda era bem jovem, mas já mostra o potencial que a escritora desenvolveria nos anos seguintes.


 

Ano: 2019 / Páginas: 128

Idioma: português

Editora: TAG - Experiências Literárias; L&PM Pocket

 

PERSUASÃO


 

Além de constituir um vívido retrato de época, com as convenções e costumes da sociedade rural inglesa do começo do século XIX, Persuasão - o último romance que Austen escreveu, publicado postumamente em 1818 - conta a bela e sedutora história de Anne Elliot e Frederick Wentworth, os quais, oito anos depois do rompimento de seu noivado, reencontram-se, todavia em circunstâncias bem diferentes daquelas do passado.


 

"Maneiras agradáveis podem valorizar um rostinho bonito, mas não podem modificar um rosto insignificante"

 

LADY SUSAN



Escandalosamente divertido e artisticamente melodramático, LADY SUSAN é um romance quase esquecido dentro do conjunto da obra de Jane Austen, menosprezado pela comparação com os seis romances maiores publicados pela escritora. Uma vez que poucos romances podem superar ou se equivaler às obras-primas de Jane Austen, LADY SUSAN deve ser aceito pelo o que realmente é: uma peça encantadora e muito divertida, elaborada por uma jovem escritora que não apenas nos apresenta personagens interessantes e provocantes, mas que também nos revela sua compreensão inicial das maquinações sociais através de uma linguagem muito requintada.


 

Seu maior desafio parece residir nas limitações do formato epistolar onde a narrativa é revelada gradativamente através da perspectiva de uma pessoa e, em seguida, através da reação e resposta do outro, o que não permiti a energia do diálogo direto ou a variação de descrições de cena ou arredores. Dadas suas limitações narrativas ainda é uma joia brilhante; inteligente, engraçado e intrigantemente mal intencionado.


 

ORGULHO E PRECONCEITO


 

Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro, Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.


 


AMOR E AMIZADE

 


Acredita-se que "Amor e Amizade" tenha sido uma das primeiras empreitadas de Jane Austen no que viria a ser seu ofício. Criada quando a inglesa tinha catorze anos, esta novela é composta de cartas escritas por Laura, em que conta seus infortúnios amorosos do passado. Já nesta obra Austen brinca com os clichês das histórias de amor da época - como o amor à primeira vista - e dá um verniz de sarcasmo ao enredo de reviravoltas românticas, mostrando um humor que marcaria sua obra dali em diante.


RESENHA - SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA NOITE (A MONSTER CALLS) - PATRICK NESS

 

Continuando com as releituras em espanhol, essa é a vez de Um Monstruo Viene a Verme, ou no original, Sete Minutos depois da Meia Noite. É a segunda vez que leio essa obra, e em nenhuma das vezes li em português, um feito inédito para mim. Anteriormente li em inglês, no clube de leitura que participo desde 2018.

 

Em 2016 o livro ganhou uma adaptação para os cinemas, com um filme igualmente bom. O título foi alterado, e desde então o livro passou a ser conhecido como O Chamado do Monstro. Particularmente eu prefiro o primeiro título, que tem uma estreita relação com o desfecho da narrativa.


 

É um livro comovente, e ainda que feito para crianças não tem nada de infantil. Um texto sensível que ao final te rouba lágrimas e minutos de reflexão. Com menos de 200 páginas, é uma leitura rápida e emocionante.

 

O Chamado do Monstro é sem sombra de dúvidas uma marcante metáfora sobre a dor de aceitar a perda de um ente querido. Patrick Ness usou uma premissa originalmente proposta por outra autora, a Siobhan Dowd, que infelizmente faleceu antes de iniciar o livro. Partindo dessa ideia, Ness construindo um conto sombrio, com monstros, estórias sobre estórias, e um garoto solitário que conversa com uma árvore.

 

 

Conor é um garoto de 13 anos e está com muitos problemas na vida. A mãe dele está muito doente, passando por tratamentos rigorosos. Os colegas da escola agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus amigos que o provocam diariamente. A avó de Conor, que não é como as outras avós, está chegando para uma longa estadia. E, além do pesadelo terrível que o faz acordar em desespero todas as noites, às 00h07 ele recebe a visita de um monstro que conta histórias sem sentido.

 

O monstro vive na Terra há muito tempo, é grandioso e selvagem, mas Conor não teme a aparência dele. Na verdade, ele teme o que o monstro quer, uma coisa muito frágil e perigosa. O monstro quer a verdade.

 

Ano: 2016 / Páginas: 208

Idioma: espanhol

Editora: Nube de Tinta

12 livros/6 meses.

 

CITAÇÕES FAVORITAS


 

"There is not always a good guy. Nor is there always a bad one." 

"Nem sempre há um cara bom. Nem sempre há um mau."

 

I wish I had a hundred years. A hundred years I could give to you.

Eu gostaria de ter cem anos. Cem anos eu poderia dar a você.

 

"You do not write your life with words. You write it with actions. What you think is not important. It is only important what you do."

"Você não escreve sua vida com palavras. Você a escreve com ações. O que você pensa não é importante. É importante apenas o que você faz."


 

"You were merely wishing for the end of pain" the monster said, "Your own pain. An end to how it isolated you. It is the most human wish of all."

"Você estava apenas desejando o fim da dor", disse o monstro, "Sua própria dor. O fim de como ela o isolou. É o desejo mais humano de todos."

 

"Stories are the wildest things of all, the monster rumbled. Stories chase and bite and hunt.”

 "- Histórias são criaturas selvagens. - Afirmou o monstro. - Quando você as solta, quem sabe o que podem causar?"

 

"- Mas o que é um sonho, Conor O'Malley? - perguntou o monstro, abaixando-se para que seu rosto ficasse próximo ao do menino. - Quem pode dizer que a vida real que não é um sonho?"

 

"Como homens invisíveis podem se tornar ainda mais solitários ao serem vistos?"

 

" - Homens são monstros complicados, disse o monstro. - Como uma rainha pode ser ao mesmo tempo uma bruxa boa e uma bruxa má ? Como um príncipe pode ser um assassino e um salvador? Como um boticário pode ser mal-humorado, mas justo? Como um pároco pode ter bom coração, mas ser tão equivocado? Como homens invisíveis podem ser tornar ainda mais solitários aos serem vistos?

- Não sei - falou Connor.

- A resposta é que não importa o que você acha - disse o monstro -, porque sua mente vai se contradizer cem vezes a cada dia. Você queria que ela se fosse ao mesmo tempo que estava desesperado para que eu a salvasse. Sua mente vai acreditar em mentiras agradáveis e ao mesmo tempo vai reconhecer as verdades dolorosas que tornam essas mentiras necessárias. E sua mente vai puni-lo por acreditar nas duas coisas."

 

"- A crença é metade da cura. Crença na cura, crença no futuro que nos aguarda."

quarta-feira, 16 de junho de 2021

RESENHA| GAROTA EXEMPLAR (GONE GIRL)


Quem me conhece sabe o quanto eu amo GAROTA EXEMPLAR. Foi delicioso revisitar essa obra seis anos depois do primeiro encontro. É uma das minhas leituras favoritas, é já tinha um tempinho que queria reler. Saber de antemão tudo que aconteceria é ainda assim odiar o Nick e a prova de que serei eternamente #TeamAmy. Agora gostaria de ler outros livros da autora. Sou um super fã de thrillers e Gillian Flynn é um dos grandes nomes desse gênero.



Graças a Sherina (novamente obrigado pelo livro) pude me desafiar a ler em espanhol. Não é um livro muito curto, mas os capítulos intercalados, somados a trama cativante resulta em uma leitura apressada. Ainda em 2015 quando li pela primeira, já tinha assistido ao filme. Conhecia todas as reviravoltas da trama, e ainda assim me surpreendi com cada capítulo.


 

Gillian Flynn manipulou a história desde o início, eliminou a crença em pessoas 100% boas ou ruins e apresentou uma narrativa dividida em duas partes, onde nenhum dos narradores é realmente confiável. Uma escrita perspicaz, erótica e extremamente sincera. Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise, onde duas pessoas extremamente tóxicas lutam para ter o controle um do outro.


 

Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados.


 

Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?


 

Ano: 2015 / Páginas: 576

Idioma: Espanhol

Editora: Debolsillo