quarta-feira, 30 de setembro de 2020

LITERATURA BRASILEIRA| HISTÓRIAS INCOMUNS

"Sei que te amo porque, na hora do embarque, é a tua imagem que me conforta."


A próxima lista é uma seleção das leituras mais incomuns que eu encontrei na literatura brasileira. São obras de jovens autores em sua maioria e por isso pouco conhecidos. Para cada livro separei uma pequena sinopse, e espero que curtam as sugestões.



 

Nelson Rodrigues e seu romance O Casamento é o que há de mais popular nesta lista. A obra é um dos marcos da literatura nacional. O romance, é como diz na capa CHOCANTE, e em poucas palavras esse livro é PERTURBADOR do início ao fim. Terminei de ler assustado com os seres humanos. É ótimo!



Outra autora que foge a regra é Letícia Wierzchowski com seu romance histórico A Casa das Sete Mulheres. A obra é bem conhecida pois foi adaptada para o formato minissérie pela rede Globo, sendo até hoje um dos maiores sucessos da emissora. Apesar de essa ser sua Opus Magnus, meu trabalho favorito da Letícia é Sal. O título incomum guarda uma estória fascinante sobre amores proibidos. É meu livro número um no quesito romances entre garotos. 



Seguindo o gênero romance gay outro livro maravilho é No presente do autor Márcio El-Jaick. A obra mais se assemelha a um drama adolescente, acerca da puberdade e a descoberto do desejo. É uma leitura mais voltada ao público infanto-juvenil, como Jogando xadrez com os anjos, que foi um sucesso do wattpad tendo inclusive uma continuação.



O verso do cartão de embarque é a prova de que a literatura brasileira continua produzindo escritores tão bons quanto antigamente. É o cotidiano contado através de outra perspectiva, com a mesma intensidade de A Vida Que Ninguém Vê, porém menos jornalístico.



Vidas Provisórias é um drama situado em dois momentos importantíssimos na história do Brasil, a narrativa é uma das melhores já produzida na atualidade. Leitura obrigatória para todo cidadão brasileiro!



Ainda sobre história do Brasil, temos A Segunda Pátria e Olga sobre a Segunda Guerra Mundial. A Segunda Pátria é um texto único que mistura ficção e realidade, cuja missão é contar um pouco da atuação do Nazismo no Brasil. Olga, a biografa romantizada de Olga Benário Prestes, judia comunista entregue a Hitler pelo governo Vargas foi tema de filme em 2004.

 

1: Jogando xadrez com os anjos - Fabiane Ribeiro



Inglaterra, 1947. A Europa encontra-se devastada pela Segunda Guerra Mundial, assim como o coração de Anny. A garota de oito anos vê seu mundo desmoronar ao receber a notícia de que não poderá mais viver com os pais e terá que se mudar de casa levando pouco mais que seu tabuleiro de xadrez. Tudo parecia um pesadelo, até que surge Pepeu, um jovem misterioso que mudará para sempre a vida de Anny, levando-a a aprender sobre o mundo e a viver momentos emocionantes sem sair dos canteiros de seu pequeno jardim. Ao lado de anjos que são colocados em sua jornada, a doce menina aprende a enfrentar as dificuldades através de lições de abnegação, fé e amor verdadeiro.


Continuação de Jogando Xadrez com os Anjos.

 

2: O Verso do Cartão de Embarque - Felipe Pena

 



A quem delegar a difícil tarefa de receber uma trágica notícia “pessoal”? Quem (re)contará a história que não nos pertence? É o que se pergunta um escritor decadente quando preenche o verso do cartão de embarque e dedica uma crônica ao assunto, minutos antes de viajar para um lugar desconhecido. Duas leitoras, Nicole e Berenice, se identificam com a crônica e tentam descobrir o paradeiro do escritor. Felipe Pena construiu um romance em que risos e lágrimas se misturam. Uma história inesquecível.




3: A segunda pátria - Miguel Sanches Neto

 

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas resolve se tornar um aliado do Terceiro Reich. No cenário alternativo criado por Miguel Sanches Neto, o país se alinha ao Eixo e, como parte do acordo, é estabelecido que os estados do sul, com grande presença de descendentes de alemães, podem pôr em prática os princípios do nazismo, como o racismo, o antissemitismo e a eugenia. Em Blumenau, à medida que a saudação Heil Hitler se torna corriqueira, o engenheiro Adolpho Ventura convive atônito com o progressivo cerceamento de sua liberdade. Seu crime é ser negro e pai de uma criança mestiça. Na mesma cidade, desenrola-se a trajetória de Hertha, jovem sedutora que encarna todos os predicados da superioridade ariana. A ela é confiada uma misteriosa missão. Com violência e sensualidade, o autor revela uma paixão proibida, enquanto subverte os fatos para criar um Brasil que não está nos livros de história mas nem por isso deixa de ser assustadoramente plausível.

 

Agora, esse recado em alemão gótico, mal traçado, anunciava algo que ele já sabia, mas que não queria admitir - quem tinha o poder não era necessariamente quem estudara.


4: Vidas Provisórias - Edney Silvestre

 

Expatriados, separados no tempo e na geografia, Paulo e Barbara compartilham, além da experiência do exílio, o estranhamento pela perda de suas identidades, o isolamento e a sensação de interrupção do curso normal de suas vidas. Diferentes motivos os levam ao estrangeiro. Em 1970, Paulo, perseguido pela ditadura militar, é preso, torturado e abandonado sem documentação na fronteira, de onde segue para o Chile e depois para a Suécia. Barbara, com uma identidade falsa, deixa o país para trás em 1991 - durante o governo Collor -, fugindo de um rastro de violência, e se instala nos Estados Unidos como imigrante ilegal.



Na Suécia, Paulo se apaixona por Anna, militante da Anistia Internacional, com quem forma uma família. Mas é perseguido pelas lembranças dos sofrimentos que viveu e por uma sombra em seu passado. Nos Estados Unidos, Barbara, ainda adolescente, sobrevive de faxinas e serviços de manicure, abandonando seus sonhos de entrar para a universidade e conhecer o mundo. Sem falar inglês, sob o medo constante de ser desmascarada, ela convive com uma rede de prostitutas brasileiras e esconde uma paixão impossível. Satisfaz-se em ser mais um rosto anônimo e estrangeiro na multidão, sem se integrar ao país que escolheu habitar.

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5: A Casa das Sete Mulheres - Letícia Wierzchowski



 

Mostra a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha (1835-1845) - a mais longa guerra civil do continente - e suas consequências sobre o destino de homens e mulheres. O líder do movimento, general Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito com o propósito de protegê-las. A guerra começou a se prolongar, e a vida daquelas mulheres transformou-se para sempre.



 

6: Sal - Letícia Wierzchowski



Um farol enlouquecido deixa desamparados os homens do mar que circulam em torno da pequena e isolada ilha de La Duiva. Sob sua luz vacilante, a matriarca da família Godoy reconstitui as cicatrizes do passado. Em sua interminável tapeçaria, Cecília entrelaça as sinas de Ivan, seu marido, e de seus filhos ausentes, elegendo uma cor para cada um.



Com uma linguagem poética, a premiada escritora gaúcha Leticia Wierzchowski, autora de A casa das sete mulheres, dá voz e vida a cada um dos integrantes da família Godoy, criando uma história delicada e surpreendente, enriquecida por múltiplos e divergentes pontos de vista.

 

7: No presente - Márcio El-Jaick



Neste livro comovente e libertador, André, pré-adolescente com inteligência aguda, inocência e muita sensibilidade, enfrenta o maior desafio de sua vida: aceitar e entender a própria sexualidade. Assombrado pelos fantasmas comuns nessa idade – a vontade de pertencer a um grupo, o medo da rejeição, a “luta” contra os hormônios em ebulição –, o menino faz descobertas dramáticas e também compensadoras. Ideal também para pais e educadores.



 

8: O Casamento - Nelson Rodrigues



 

A apenas um dia do casamento de Glorinha e Teófilo, o médico da noiva avisa ao pai dela que seu futuro genro foi flagrado em um incidente homossexual. Esse é o ponto de partida para Nelson Rodrigues desfilar sua genialidade irônica e o humor negro tão característicos de sua narrativa. Escrito por encomenda para Carlos Lacerda, “O casamento”, único romance de Nelson, foi publicado em 1966 e alcançou sucesso extraordinário em poucas semanas. O autor já se preparava para uma brilhante carreira nas livrarias quando foi tomado de surpresa pela notícia da morte de Mário Filho poucos dias após o lançamento do livro. Antes que pudesse se recuperar da perda de seu irmão, o romance foi proibido pelo ministro da Justiça do governo de Castello Branco, tendo sido considerado subversivo e indecoroso.



 

9: A Vida Que Ninguém Vê - Eliane Brum



 

Uma repórter em busca dos acontecimentos que não viram notícia e das pessoas que não são celebridades. Uma cronista à procura do extraordinário contido em cada vida anônima. Uma escritora que mergulha no cotidiano para provar que não existem vidas comuns. O mendigo que jamais pediu coisa alguma. O carregador de malas do aeroporto que nunca voou. O macaco que ao fugir da jaula foi ao bar beber uma cerveja. O álbum de fotografias atirado no lixo que começa com uma moça de família e termina com uma corista. O homem que comia vidro, mas só se machucava com a invisibilidade.



Essas fascinantes histórias da vida real fizeram sucesso no final dos anos 90, quando as crônicas-reportagens eram publicadas na edição de sábado do jornal Zero Hora. Reunidas agora em livro, formam uma obra que emociona pela sensibilidade da prosa de Eliane Brum e pela agudeza do olhar que a repórter imprime aos seus personagens - todos eles tão extraordinariamente reais que parecem saídos de um livro de ficção.

 

10: Olga - Fernando Morais



 

A obra fala sobre a vida de Olga Benário alemã, judia e comunista, que se envolveu com Luís Carlos Prestes. Ela veio ao Brasil para lutar com ele pelos ideais comunistas. Acabou sendo presa e deportada grávida para a Alemanha pelo governo brasileiro, tendo como presidente Getúlio Vargas. Morreu numa câmera de gás de um campo de concentração em 1942.




terça-feira, 29 de setembro de 2020

LITERATURA BRASILEIRA| ALÉM DOS CLÁSSICOS



Não só de clássicos viverá o homem, então separei algumas obras de autores bastante conhecidos no Brasil, e também alguns títulos menos conhecidos para que vocês fiquem por dentro de outras produções nacionais.


 

Gabriela e Capitães da Areia estão entre minhas obras preferidas do Jorge Amado, um  dos maiores escritores da língua portuguesa no século XX. Saudades do Pedro Bala e sua turma em Capitão da Areia e de ficar acordado até tarde da noite para assistir a minissérie Gabriela. Ambos os livros possuem adaptações: Gabriela foi duas vezes adaptada para a TV pela rede Globo e Capitães da Areia virou filme em 2011.




Não poderia faltar Clarice Lispector e inúmeras de suas famosas frases. Conhecidíssima em solo tupiniquim, o prestígio como escritora é totalmente justo. Seus livros são verdadeiras maravilhas made in Brazil. Outro autor bem cultuado no Brasil é o Graciliano Ramos e sua obra épica Vidas Secas, e continuando em solo nordestino, temos Essa terra do escritor Antônio Torres, um romance com ares de poesia.


Clarice Lispector: Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.

 

Outros escritores menos conhecidos são Lucia Guedes e João Ubaldo. Leituras onde é preciso coragem, sobretudo por não serem tão populares e por isso julgados erroneamente como inferiores. Todas as vezes que termino de ler um livro eu compartilho uma frase legal do livro, porém ao ler O Albatroz Azul foi diferente. Não havia apenas uma frase, haviam várias. Diário Submerso também é assim, um estória maravilhosa que todas as pessoas no mundo deveriam ler!!!


Lucia Guedes: "... a única vantagem de se estar no fundo de um poço é a de não se precisar ir mais fundo"


Márcio Souza pode não ser tão conhecido, mas ao ler Galvez, Imperador do Acre muita gente vai lembrar da minissérie Mad Maria. Ainda conhecidos por suas adaptações temos Garibaldi e Manoela, do Josué Guimarães. Uma história de amor popularizada para o grande público após a minissérie A Casa das Sete Mulheres.



Por último, mas não menos importante, temos Paulo Freire, atualmente o autor brasileiro (vivo) mais conhecido no exterior. Em 2019 visitei alguns pontos de venda de livros em no México, inclusive uma feira internacional de livros organizada por um coletivo intitulado Mujeres por la Cultura. O único autor brasileiro que encontrei livros a venda foi o Paulo Coêlho.


Paulo Coêlho

 

Aproveitem a lista para conhecer um pouco mais dos principais autores da literatura brasileira. Espero que gostem das sugestões!

 

1: O Albatroz Azul - João Ubaldo Ribeiro


"Desde cedo, os mais velhos procuram mostrar aos novatos na vida que nada resiste ao poder circunspecto da maré, a qual não faz alarde nem estardalhaço, mas ignora o que lhe esteja à frente e cumpre infalivelmente o seu curso, lição que, se for levada em conta, conduz a uma existência bem menos inquieta do que ela sempre procura ser"

 

Vida, morte, renovação. Temas universais que são o eixo em torno do qual se desenrola a trama simples deste belo romance. É a história de um homem muito velho que, apesar de detentor da sabedoria trazida por todos os seus anos de existência, ainda busca apreender algum sentido na vida. Um romance magnífico, destinado a incorporar-se ao melhor patrimônio literário de nossa língua, um momento de rara beleza, daqueles cuja mágica se abre ao leitor desde a primeira página.



"tu não sabes nada, tu não sabes nada, Tertuliano", e ele acordou com os olhos subitamente muito abertos.

 

Ou não acordou, porque à sua frente se assomou um albatroz do tamanho do horizonte, a sombra de sua envergadura majestosa por uma momento cobrindo o céu, para depois ele surgir novamente, com esse céu se confundindo, pois era um grande albatroz todo azul, e sem ver como, Tertuliano era esse albatroz, agora do porte dos outros e singrando as alturas de que doravante será morador, na direção da luz do sol.

 

2: O Demônio e a Srta. Prym - Paulo Coelho



 

Uma cidade dividida pela cobiça, a covardia e o medo. Um homem perseguido pelo fantasma de um passado doloroso. Uma jovem em busca da felicidade. São apenas sete dias, decisivos para que anjos e demônios lutem por aliados. Nesta longa e única semana, cada personagem fará seu pacto - Bem ou Mal? A pequena Viscos, um vilarejo esquecido no tempo e no espaço, será o palco dessa batalha inquietante.




Ao receber o misterioso estrangeiro, a cidade se torna cúmplice de uma trama ardilosa, que marcará para sempre a história de cada um de seus poucos habitantes. Ele veio de muito longe e precisa encontrar a resposta à pergunta que o atormenta - o homem é, em sua essência, bom ou mau? O Demônio e a Srta. Prym é um texto emocionante em que a integridade do ser humano será terrivelmente testada.

 

3: Vidas Secas - Graciliano Ramos



 

O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou:



 

"Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem... Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos".




4: Garibaldi e Manoela - Josué Guimarães

 

Uma história de amor. O valente marinheiro italiano Giuseppe Garibaldi vem ao Brasil e participa da Guerra dos Farrapos, ao lado do general Bento Gonçalves. Aqui, conhece a jovem Manoela, sobrinha de Bento, e se apaixona por ela. Mas era um amor sem futuro.




Baseado nesta história realmente acontecida, Josué Guimarães escreve um romance de amor belo e triste, que se desenrola no meio de uma das grandes guerras da história do Brasil. Durante dez anos, entre 1835 e 1845, homens e mulheres de grande valor lutaram pela república e pela liberdade.

 

5: Essa terra - Antônio Torres



Essa terra retrata o impacto da cidade grande sobre o retirante, o imigrante nordestino. O próprio autor, nascido na pequena cidade de Junco, interior da Bahia, percorreu os mesmos caminhos dos seus personagens, deixando o Nordeste para procurar a sorte nas metrópoles do Sudeste. E a encontrou.



 

6: Galvez, Imperador do Acre - Márcio Souza



"Galvez, o Imperador do Acre" conta a vida e a prodigiosa aventura de Dom Luiz Galvez Rodrigues de Aria nas fabulosas capitais amazônicas, e a burlesca conquista do território acreano contada com perfeito e justo equilíbrio de raciocínio, para a delícia dos leitores. Ambientado no fim do século XIX, mostra como o rápido avanço da revolução industrial multiplicou a demanda da borracha - motivo e fundamento do delirante boom amazônico, cujo monumento mais vistoso é Manaus, a capital da selva, a meca dos caçadores de fortuna, politiqueiros, rameiras de luxo e de outros gêneros, em suma, de visionários e aventureiros.




Márcio Souza mistura com maestria dados fictícios e históricos, enredando o leitor no mundo delicioso desse andaluz de Cádiz chamado Galvez. Um audacioso amante e, segundo suas próprias palavras, "espanhol da geração melancólica". Um homem invulnerável aos golpes do destino - sejam estes emboscadas, dilúvios, doenças, canibais e flechas, amores eclesiásticos e amizades equívocas - e que funda no norte do Reino do Brasil, o efêmero império do Acre.



7: Laços de Família - Clarice Lispector


Laços de Família, publicado pela primeira vez em 1960, é um tesouro da ourivesaria literária. São treze contos, hoje tidos como clássicos. Entre eles, os festejadíssimos "Amor", "O crime do professor de Matemática", "O búfalo" e "Feliz aniversário", adaptado para a televisão por Ziembinsky.

 

"Me abrace, que no abraço mais do que em palavras, as pessoas se gostam."

Neles os personagens são sempre surpreendidos por uma modalidade perturbadora do insólito, no meio da banalidade de seus cotidianos. Clarice cria situações onde uma revelação, que desconstrói e ameaça a realidade, desvela a existência e aponta para uma apreensão filosófica da vida.


"Espero viver sempre às vésperas. E não no dia"

 

Em Laços de família, Clarice aprofunda sua técnica narrativa em uma abordagem quase fenomenológica. Trata da solidão, a morte, a incomunicabilidade e os abismos da existência através da rotina de dona-de-casa, do mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca, da domesticação da natureza mais selvagem das mulheres, ou dos pequenos crimes cometidos contra a consciência, contra o drama do professor de Matemática diante do abandono e da sacerdotisa da nossa literatura.


8: O Diário Submerso - Lucia Guedes


- Tenho febre, Gert.

- Febre dos doentes?

- Não. Febre da vida.

- Invejo-te.

- Porque desejo a vida?

- Não. Porque morres.

 

Com narrativa segura e linguagem artisticamente elaborada, Lúcia Guedes se lança, em O Diário Submerso, na grande solidão de um personagem que tece, delicadamente, os fios de uma existência interiormente tumultuada, e preenche de uma aguda percepção diários que se entremostram em sutis confidências.

 

9: Capitães da Areia - Jorge Amado



Publicado em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Em 1940, marcou época na vida literária brasileira, com nova edição, e a partir daí, sucederam-se as edições nacionais e em idiomas estrangeiros. A obra teve também adaptações para o rádio, teatro e cinema. Documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em páginas carregadas de beleza, dramaticidade e lirismo. Será ele um sábio ou o mais louco dos seres? Um romance que nos fará chorar, rir e pensar muito.




10: Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado



O romance entre a mulata Gabriela e o árabe Nacib na pequena Ilhéus na década de 20 é um dos grandes clássicos do gênero no Brasil. Escrito em 1958, eterniza as virtudes e defeitos da mulher brasileira: sensualidade, leviandade e submissão.


" Gabriela. Sempre Gabriela"