"Sei que te amo porque, na hora do embarque, é a tua imagem que me conforta." |
A próxima lista
é uma seleção das leituras mais incomuns que eu encontrei na literatura
brasileira. São obras de jovens autores em sua maioria e por isso pouco
conhecidos. Para cada livro separei uma pequena sinopse, e espero que curtam as
sugestões.
Nelson Rodrigues
e seu romance O Casamento é o que há de mais popular nesta lista. A obra é um
dos marcos da literatura nacional. O romance, é como diz na capa CHOCANTE, e em
poucas palavras esse livro é PERTURBADOR do início ao fim. Terminei de ler
assustado com os seres humanos. É ótimo!
Outra autora que foge a regra é Letícia Wierzchowski com seu romance histórico A Casa das Sete Mulheres. A obra é bem conhecida pois foi adaptada para o formato minissérie pela rede Globo, sendo até hoje um dos maiores sucessos da emissora. Apesar de essa ser sua Opus Magnus, meu trabalho favorito da Letícia é Sal. O título incomum guarda uma estória fascinante sobre amores proibidos. É meu livro número um no quesito romances entre garotos.
Seguindo o gênero romance gay outro livro maravilho é No presente do autor Márcio El-Jaick. A obra mais se assemelha a um drama adolescente, acerca da puberdade e a descoberto do desejo. É uma leitura mais voltada ao público infanto-juvenil, como Jogando xadrez com os anjos, que foi um sucesso do wattpad tendo inclusive uma continuação.
O verso do
cartão de embarque é a prova de que a literatura brasileira continua produzindo
escritores tão bons quanto antigamente. É o cotidiano contado através de outra perspectiva,
com a mesma intensidade de A Vida Que Ninguém Vê, porém menos jornalístico.
Vidas
Provisórias é um drama situado em dois momentos importantíssimos na história do
Brasil, a narrativa é uma das melhores já produzida na atualidade. Leitura
obrigatória para todo cidadão brasileiro!
Ainda sobre história do Brasil, temos A Segunda Pátria e Olga sobre a Segunda Guerra Mundial. A Segunda Pátria é um texto único que mistura ficção e realidade, cuja missão é contar um pouco da atuação do Nazismo no Brasil. Olga, a biografa romantizada de Olga Benário Prestes, judia comunista entregue a Hitler pelo governo Vargas foi tema de filme em 2004.
1: Jogando
xadrez com os anjos - Fabiane Ribeiro
Inglaterra, 1947. A Europa encontra-se devastada pela Segunda Guerra Mundial, assim como o coração de Anny. A garota de oito anos vê seu mundo desmoronar ao receber a notícia de que não poderá mais viver com os pais e terá que se mudar de casa levando pouco mais que seu tabuleiro de xadrez. Tudo parecia um pesadelo, até que surge Pepeu, um jovem misterioso que mudará para sempre a vida de Anny, levando-a a aprender sobre o mundo e a viver momentos emocionantes sem sair dos canteiros de seu pequeno jardim. Ao lado de anjos que são colocados em sua jornada, a doce menina aprende a enfrentar as dificuldades através de lições de abnegação, fé e amor verdadeiro.
Continuação de Jogando Xadrez com os Anjos. |
2: O Verso do
Cartão de Embarque - Felipe Pena
A quem delegar a
difícil tarefa de receber uma trágica notícia “pessoal”? Quem (re)contará a
história que não nos pertence? É o que se pergunta um escritor decadente quando
preenche o verso do cartão de embarque e dedica uma crônica ao assunto, minutos
antes de viajar para um lugar desconhecido. Duas leitoras, Nicole e Berenice,
se identificam com a crônica e tentam descobrir o paradeiro do escritor. Felipe
Pena construiu um romance em que risos e lágrimas se misturam. Uma história
inesquecível.
3: A segunda pátria
- Miguel Sanches Neto
Às vésperas da
Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas resolve se tornar um aliado do Terceiro
Reich. No cenário alternativo criado por Miguel Sanches Neto, o país se alinha
ao Eixo e, como parte do acordo, é estabelecido que os estados do sul, com
grande presença de descendentes de alemães, podem pôr em prática os princípios
do nazismo, como o racismo, o antissemitismo e a eugenia. Em Blumenau, à medida
que a saudação Heil Hitler se torna corriqueira, o engenheiro Adolpho Ventura
convive atônito com o progressivo cerceamento de sua liberdade. Seu crime é ser
negro e pai de uma criança mestiça. Na mesma cidade, desenrola-se a trajetória
de Hertha, jovem sedutora que encarna todos os predicados da superioridade
ariana. A ela é confiada uma misteriosa missão. Com violência e sensualidade, o
autor revela uma paixão proibida, enquanto subverte os fatos para criar um
Brasil que não está nos livros de história mas nem por isso deixa de ser
assustadoramente plausível.
Agora, esse recado em alemão gótico, mal traçado, anunciava algo que ele já sabia, mas que não queria admitir - quem tinha o poder não era necessariamente quem estudara. |
4: Vidas
Provisórias - Edney Silvestre
Expatriados,
separados no tempo e na geografia, Paulo e Barbara compartilham, além da
experiência do exílio, o estranhamento pela perda de suas identidades, o
isolamento e a sensação de interrupção do curso normal de suas vidas. Diferentes
motivos os levam ao estrangeiro. Em 1970, Paulo, perseguido pela ditadura
militar, é preso, torturado e abandonado sem documentação na fronteira, de onde
segue para o Chile e depois para a Suécia. Barbara, com uma identidade falsa,
deixa o país para trás em 1991 - durante o governo Collor -, fugindo de um
rastro de violência, e se instala nos Estados Unidos como imigrante ilegal.
Na Suécia, Paulo
se apaixona por Anna, militante da Anistia Internacional, com quem forma uma
família. Mas é perseguido pelas lembranças dos sofrimentos que viveu e por uma
sombra em seu passado. Nos Estados Unidos, Barbara, ainda adolescente,
sobrevive de faxinas e serviços de manicure, abandonando seus sonhos de entrar
para a universidade e conhecer o mundo. Sem falar inglês, sob o medo constante
de ser desmascarada, ela convive com uma rede de prostitutas brasileiras e
esconde uma paixão impossível. Satisfaz-se em ser mais um rosto anônimo e
estrangeiro na multidão, sem se integrar ao país que escolheu habitar.
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5: A Casa das
Sete Mulheres - Letícia Wierzchowski
Mostra a Guerra
dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha (1835-1845) - a mais longa guerra civil
do continente - e suas consequências sobre o destino de homens e mulheres. O
líder do movimento, general Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua
família em uma estância afastada das áreas em conflito com o propósito de
protegê-las. A guerra começou a se prolongar, e a vida daquelas mulheres
transformou-se para sempre.
6: Sal - Letícia
Wierzchowski
Um farol
enlouquecido deixa desamparados os homens do mar que circulam em torno da
pequena e isolada ilha de La Duiva. Sob sua luz vacilante, a matriarca da
família Godoy reconstitui as cicatrizes do passado. Em sua interminável
tapeçaria, Cecília entrelaça as sinas de Ivan, seu marido, e de seus filhos
ausentes, elegendo uma cor para cada um.
Com uma
linguagem poética, a premiada escritora gaúcha Leticia Wierzchowski, autora de
A casa das sete mulheres, dá voz e vida a cada um dos integrantes da família
Godoy, criando uma história delicada e surpreendente, enriquecida por múltiplos
e divergentes pontos de vista.
7: No presente -
Márcio El-Jaick
Neste livro
comovente e libertador, André, pré-adolescente com inteligência aguda,
inocência e muita sensibilidade, enfrenta o maior desafio de sua vida: aceitar
e entender a própria sexualidade. Assombrado pelos fantasmas comuns nessa idade
– a vontade de pertencer a um grupo, o medo da rejeição, a “luta” contra os
hormônios em ebulição –, o menino faz descobertas dramáticas e também
compensadoras. Ideal também para pais e educadores.
8: O Casamento -
Nelson Rodrigues
A apenas um dia
do casamento de Glorinha e Teófilo, o médico da noiva avisa ao pai dela que seu
futuro genro foi flagrado em um incidente homossexual. Esse é o ponto de
partida para Nelson Rodrigues desfilar sua genialidade irônica e o humor negro
tão característicos de sua narrativa. Escrito por encomenda para Carlos
Lacerda, “O casamento”, único romance de Nelson, foi publicado em 1966 e
alcançou sucesso extraordinário em poucas semanas. O autor já se preparava para
uma brilhante carreira nas livrarias quando foi tomado de surpresa pela notícia
da morte de Mário Filho poucos dias após o lançamento do livro. Antes que
pudesse se recuperar da perda de seu irmão, o romance foi proibido pelo
ministro da Justiça do governo de Castello Branco, tendo sido considerado
subversivo e indecoroso.
9: A Vida Que
Ninguém Vê - Eliane Brum
Uma repórter em
busca dos acontecimentos que não viram notícia e das pessoas que não são
celebridades. Uma cronista à procura do extraordinário contido em cada vida
anônima. Uma escritora que mergulha no cotidiano para provar que não existem
vidas comuns. O mendigo que jamais pediu coisa alguma. O carregador de malas do
aeroporto que nunca voou. O macaco que ao fugir da jaula foi ao bar beber uma
cerveja. O álbum de fotografias atirado no lixo que começa com uma moça de
família e termina com uma corista. O homem que comia vidro, mas só se machucava
com a invisibilidade.
Essas fascinantes histórias da vida real fizeram sucesso no final dos anos 90, quando as crônicas-reportagens eram publicadas na edição de sábado do jornal Zero Hora. Reunidas agora em livro, formam uma obra que emociona pela sensibilidade da prosa de Eliane Brum e pela agudeza do olhar que a repórter imprime aos seus personagens - todos eles tão extraordinariamente reais que parecem saídos de um livro de ficção.
10: Olga -
Fernando Morais
A obra fala sobre a vida de Olga Benário alemã, judia e comunista, que se envolveu com Luís Carlos Prestes. Ela veio ao Brasil para lutar com ele pelos ideais comunistas. Acabou sendo presa e deportada grávida para a Alemanha pelo governo brasileiro, tendo como presidente Getúlio Vargas. Morreu numa câmera de gás de um campo de concentração em 1942.