sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

POR QUE OS MINERAIS MAIS VALIOSOS ESTÃO CONCENTRADOS NO REGIME EPITERMAL?



A origem e evolução dos fluidos mineralizantes dos depósitos porfiríticos é complexa e depende das suas composições iniciais e caminhos de resfriamento. Assim, os depósitos hidrotermais epigenéticos são classificados de acordo com a sua profundidade e temperatura de formação: depósitos hipotermais são depósitos profundos e de alta temperatura; depósitos mesotermais são formados a baixas temperaturas e profundidades médias, e depósitos epitermais são formados próximos à superfície.
Os sistemas epitermais são definidos como aqueles formados a temperaturas baixas a moderadas (entre aproximadamente 50 e 350°C) e pressões de fluidos meteóricos predominantemente fracamente salinos (<1 a aproximadamente 5% em peso de NaCl). Embora os depósitos epitermais sejam em sua maioria hospedados por vulcões e claramente relacionados à atividade vulcano-plutônica, há, no entanto, uma categoria de sistemas epitermais hospedados por rochas sedimentares, que não parecem ter uma conexão clara com a atividade ígnea.
Por conta de essa menor profundidade de colocação, estes depósitos estão sujeitos a uma maior interação com a água de origem meteórica. A água meteórica infiltra por vários quilômetros de profundidade, chegando até a zona de alto fluxo de calor, onde absorve calor e sobe em uma sucessão de zonas permeáveis. A movimentação da água quente gera uma circulação, onde o fluido está reagindo e provavelmente obtendo componentes dissolvidos tanto da intrusão magmática quanto das rochas encaixantes. Esta mobilização dos elementos químicos gera um considerável enriquecimento dos minerais econômicos, tornando assim os depósitos financeiramente viáveis.
Dessa forma, a interação de fluidos hidrotermais com as rochas encaixantes e / ou a hidrosfera e mudanças em sua composição através do tempo e espaço, contribuem para a formação de uma ampla gama de tipos de depósitos minerais e alteração da rocha encaixante, como turmainização, serpentinização e talco-carbonato. O trabalho sobre inclusões fluidas de Grant et at. (1977) mostrou que a alteração generalizada e o crescimento precoce de veios, ocorreram a temperaturas muitos próximas as encontradas em regime epitermal (cerca de 400-350°C para deposição de cassiterita e 300°C para deposição de sulfeto).
Embora, alguns autores considerem que as rochas da crosta superior possam ser a fonte dos metais delas retirados pela interação com águas meteóricas as rochas encaixantes das intrusões e depósitos porfiríticos, geralmente, não são consideradas viáveis para ser consideradas fontes. O conteúdo dos metais dos depósitos porfiríticos são muito provavelmente depositados a partir de fluidos altamente salinos (acima de 60 % de NaCl equivalente), de derivação magmática, bem diferente dos fluidos do regime epitermal.
Burnham (1979) examinou detalhadamente o sistema hidrotermal magmático gerado durante o resfriamento de um stock intrusivo de granodiorito hipotético contendo 3% em peso de água, e presumindo que o resfriamento do corpo intrusivo tenha ocorrido em um ambiente subvulcânico, acredita-se que está relacionada à atividade ígnea intrusiva por alteração de águas hidrotermais ascendentes, ou seja, depósitos epitermais, mesotérmicos e hipotérmicos.
Outra análise realizada por William-Jones e Heinrich (2005) concluiu que os sistemas pórfiro Cu-Au e Au-Ag epitermal podem ser considerados como produtos de um processo contínuo que está ligado à evolução e ao resfriamento de um líquido magmático.

REFERÊNCIAS

ROBB, L. Introduction to Ore-forming Process. 1ª ed. Australia. Editora Blackwell Science, 2005. 386p.
EVANS, A. M. Ore Geology and Industrial Minerals: An Introduction. 3ª ed. Australia. Editora Blackwell Science, 2009. 403p.
PIRAJNO, F. Hydrothermal Processes and Mineral Systems. 1ª ed. Australia. Editora Springer, 2008. 1273p.


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