terça-feira, 23 de julho de 2024

Resenha – SON: Quarteto “O Doador de Memórias” (Lois Lowry)




 Quando Não Há Memórias, A Liberdade É Apenas Uma Ilusão

Ótimo livro. Uma distopia que faz jus ao gênero.

 

Apesar de lembrar pouca coisa dos livros anteriores, não tive dificuldades com o livro 4. É de longe o livro mais adulto e mais maduro do quarteto. Os anteriores são bem mais voltados para ficção infanto-juvenil.

 

Lois Lowry escreveu uma saga onde cada volume pode ser lido separadamente. O próprio volume final é divido em três partes - Antes, Durante e Depois-, conectando-se com cada livro anterior. É justamente por isso que acabei relembrando de muita coisa.

 

Em “Filho”, a protagonista se chama Claire, e como o título sugere, o romance trata de sua busca pelo filho. Entre todos os personagens centrais, ela foi a personagem mais bem desenvolvida. Por isso, na minha opinião o primeiro e último volumes são os melhores.


The Giver (1993) – movie 2014.

Gathering Blue (2000)

Messenger (2004)

Son (2012)

 

The Giver foi um dos primeiros livros que li em inglês, lá por meados de 2015. Entendi pouca coisa. Por sorte tinha o filme... Depois li o volume 2 e 3 em português entre 2015 e 2016. Como ainda não tinha um nível de leitura em inglês muito afiado, fiquei aguardando a tradução. Infelizmente, para o último volume, a Arqueiro nunca terminou de traduzir o quarteto. Felizmente meu nível de leitura em inglês melhorou bastante, a ponto de achar The Son uma leitura fácil. Sim, pois se trata de um livro infanto-juvenil.

 

O Doador de Memórias (O Doador de Memórias #1)

 

"Não é bom falar daquilo que é diferente."

 

Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína.


"Como seria possível alguém não se adaptar? A comunidade era tão meticulosamente organizada, as escolhas eram feitas com tanto cuidado!"


Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente.

 

"São os sentimentos que giram o mundo. São nossas emoções que nos levam a agir. O que eu sinto é o que me mantém vivo e me motiva a fazer as coisas."



Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.

 

"A vida é tão ordenada, tão previsível, tão indolor. É como eles escolheram."

 

Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.


 

“Nós realmente temos que proteger as pessoas de escolhas erradas.”

 

Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

 

A Escolhida (O Doador de Memórias #2)

 


"'Orgulhe-se de sua dor', sua mãe sempre lhe dizia. 'Você é mais forte do que aqueles que não sentem dor alguma.'"

 

“É quando você dá algo especial para alguém porque se importa com a pessoa. Algo que ela vai guardar com carinho. Isso é um presente”

 

Kira, uma órfã de perna torta, vive em um mundo onde os fracos são deixados de lado. A partir do momento da morte de sua mãe, ela teme por seu futuro até que é perdoada pelo Conselho de Guardiões. A razão é que Kira tem um dom: seus dedos possuem a habilidade de bordar de forma extraordinária.


 


"Tremeu levemente de medo. O temor sempre fizera parte da vida das pessoas. Por causa do medo, elas construíam abrigos, buscavam comida e plantavam hortas. Pelo mesmo motivo, armazenavam armas, precavidas."

 

"Kira não sabia o que o Conselho dos Guardiões iria decidir. Sabia apenas que, se ficasse ou partisse, se reconstruísse sua morada ou tivesse de ir para o Campo, estaria sozinha.”

 

Ela supera a habilidade de sua mãe, e lhe cabe a tarefa que nenhum outro membro da comunidade pode fazer. Enquanto seu talento a mantêm viva e traz certos privilégios, ela percebe que está rodeada de mistérios e segredos, mas ninguém deve saber sua intenção de descobrir a verdade sobre o mundo.


 

"Kira compreendeu de repente que, embora sua porta estivesse destrancada, não era livre de verdade. Sua vida se limitava àquelas coisas e àquele trabalho. Ela estava perdendo a alegria que costumava sentir quando as linhas de cores vivas tomavam forma em suas mãos, quando os bordados vinham a ela e eram só seus. (...) não era aquilo que suas mãos ou seu coração desejavam fazer."

 

O Mensageiro (O Doador de Memórias #3)

 

“Frequentemente os novos eram danificados. Eles mancavam em bengalas ou estavam doentes. Às vezes estavam desfigurados por feridas ou simplesmente porque nasceram assim. Alguns eram órfãos. Todos eles foram bem recebidos.”


 

Há seis anos, Matty chegou ao pacato Vilarejo. Sob os cuidados de Vidente, um cego que tem uma visão especial, ele amadureceu e se adaptou à nova vida. Agora, espera receber seu nome verdadeiro, que determinará seu valor ali, como ocorre com todos os habitantes.

"[...] e ele fez com que fosse importante para mim também: a poesia, a linguagem, a maneira como a usamos para lembrar como devemos viver a vida..."



Contudo, algo nefasto está se infiltrando no Vilarejo, e os moradores, antes orgulhosos de receber forasteiros, passam a exigir que as fronteiras sejam fechadas para se protegerem.


"Entregou-se voluntariamente [...] E sentiu-se livre."


Por ser um hábil mensageiro, Matty é encarregado de avisar os outros povoados sobre o bloqueio. Sua missão também tem outro grande objetivo: buscar Kira, a filha de Vidente, antes que seja tarde demais.

 


“Quanto a vocês que discordam…têm todo o direito, como bem sabem. O direito de discordar é uma das liberdades mais preciosas que temos aqui.”


Ele é o único capaz de viajar pela Floresta, que já provocou algumas mortes. O problema é que ela também está se tornando um lugar perigoso para o garoto. Mas muitos dependem de Matty. Então, armado apenas de um poder recém-descoberto, ainda incompreensível e incontrolável, ele se arriscará a fazer o que talvez seja sua última viagem.


"Ele havia encontrado o que procurava. De certo modo, torcia para não encontrar. Sem dúvida, sua vida seria mais simples se aquele fosse um sapo qualquer, sem nenhuma marca. Mas, como no fundo já sabia, esse não era o caso. Da mesma forma, tinha consciência de que tudo iria mudar para ele a partir de então. Seu futuro sofrera uma nova e secreta reviravolta. A culpa não era do sapo,...."


 

Filho (O Doador de Memórias #4)

 

Agora, olhando em volta na cafetaria do Viveiro, Claire percebeu que todos os funcionários tomavam o comprimido de manhã. E percebeu que era por isso que a conversa deles era sempre frívola, superficial, essencialmente sem sentido. Eles eram como as Recipientes que tomavam o comprimido entre produções... seres sem sentimentos.

 

Agora via que ela era a única que não tomava um comprimido diariamente e pensou tratar-se apenas de um engano. A sua desastrosa experiência e ter-lhe sido retirada a missão foram coisas que aconteceram tão súbita e surpreendentemente, que ninguém na Unidade de Partos se lembrou de dar-lhe comprimidos ou de dizer-lhe para tomá-los. Talvez cada funcionário tivesse pensado que alguém já o tinha feito.


 

Por isso é que sentia coisas. E era a única! Era por isso que ansiava pelo seu filho e se derretia sempre que ele agitava a mãozinha e lhe dizia «adeus», gritando o seu nome numa voz doce e fazendo aquele sorriso incrível.

 

Não ia deixar que lhe tirassem esses sentimentos. Se alguém da autoridade se desse conta do erro, se lhe entregassem os comprimidos, ela iria fingir. Mas em circunstância alguma iria reprimir os sentimentos que descobrira. Claire percebeu que preferia morrer a desistir do amor que sentia pelo seu filho.


terça-feira, 16 de julho de 2024

Resenha - Maze Runner : Código da Febre


Coisas que eu lia na adolescência e que volto a ler agora, 10 anos depois...

 

Terminei – o que achava ser – o último livro em 2015 e aqui estou eu de volta. E dessa vez terminei sem saber no que acreditar! Esse sim foi um livro que me fez questionar a verdade a todo instante.


 

O Código da Febre é o segundo livro da duologia que conta a origem dos personagens e do labirinto. Como tal, chega ao fim quando Thomas é enviado para a Clareira. É um final, de certa forma, aberto, sobretudo com relação a motivação da Teresa. Não é um livro sobre a origem do romance entre Tom e Teresa, e acredito que isso tenha sido mais uma escolha da adaptação cinematográfica.

 

Com relação aos filmes, o terceiro saiu em 2018 com um trailer que teve que relembrar tudo pois levaram três anos para encerrar a trilogia muito. Diferente de Divergente, Maze Runner conseguiu ao menos lançar 3 filmes concisos, encerrando a trilogia de filmes, apesar de ter ficado muito diferente. Se colocar Maze Runner e Divergente lado a lado fica difícil saber qual adaptação ficou pior. E não estou só falando de ficar diferente do livro, mas sim de tentar construir uma história e no final ficar diferente e ruim!


 

O livro 4 termina abrupto, e eu esperava mais até porque ainda tinha várias páginas pela frente (surpresa, a edição vem com o começo do livro 1...).

 

James Dashner fez um livro quase dividido em partes:  infância do Thomas e início do Fulgor; a criação do labirinto e a transformação da Teresa em vilã; e a tomada de poder pela Dr. Paige.


 

Acho que o livro foi feito para justificar o fato de o fandom não gostar da Teresa, quando na minha opinião é uma das melhores personagens. Não tenho paciência para personagens sonsos, bonzinhos como o Thomas. Enfim, Teresa ótima personagem que o autor vilanizou para transformar o Thomas no mocinho sem sal.

 

É interessante ter lido o último livro de Maze Runner justo agora. Último que na verdade é o primeiro. Não consegui deixar de pensar nas comparações com o que vivemos entre 2019-2021, até mesmo na parte das teorias de conspiração. Por isso o livro ficou tão bom. Além disso, amo o gênero de distopias bem mais para o lada da ficção cientifica.


 

Deu te vontade de reler todos os outros livros...

 

The Maze Runner – book 2009 / movie 2014

The Scorch Trials – book 2010 / movie 2015

The Death Cure – book 2011/ movie 2018


 

The Maze Runner Files – book 2013 (espécie de livro de contos)

 

The Kill Order - book 2012

The Fever Code - 2016


 

Pensei que tinha acabado, mas aparentemente o autor lançou outros livros (na verdade ele planeja uma nova trilogia 70 anos depois da trilogia principal):


Crank Palace – book 2020 (espécie de livro de contos)


 

The Maze Cutter – book 2022



The Godhead Complex - book 2023


 

Correr ou Morrer (Maze Runner #1)

 


Ao acordar dentro de um escuro elevador em movimento, a única coisa que Thomas consegue lembrar é de seu nome. Sua memória está completamente apagada. Mas ele não está sozinho.

Quando a caixa metálica chega a seu destino e as portas se abrem, Thomas se vê rodeado por garotos que o acolhem e o apresentam à Clareira, um espaço aberto cercado por muros gigantescos. Assim como Thomas, nenhum deles sabe como foi parar ali, nem por quê. Sabem apenas que todas as manhãs as portas de pedra do Labirinto que os cerca se abrem, e, à noite, se fecham. E que a cada trinta dias um novo garoto é entregue pelo elevador. Porém, um fato altera de forma radical a rotina do lugar – chega uma garota, a primeira enviada à Clareira. E mais surpreendente ainda é a mensagem que ela traz consigo.




Thomas será mais importante do que imagina, mas para isso terá de descobrir os sombrios segredos guardados em sua mente e correr, correr muito.

Prova de Fogo (Maze Runner #2)

 

O Labirinto foi só o começo... o pior está por vir. Depois de superarem os perigos mortais do Labirinto, Thomas e seus amigos acreditam que estão a salvo em uma nova realidade. Mas a aparente tranquilidade é interrompida quando são acordados no meio da noite por gritos lancinantes de criaturas disformes – os Cranks – que ameaçam devorá-los vivos.



Atordoados, os Clareanos descobrem que a salvação aparente na verdade pode ser outra armadilha, ainda pior que a Clareira e o Labirinto. E que as coisas não são o que aparentam. Para sobreviver nesse mundo hostil, eles terão de fazer uma travessia repleta de provas cruéis em um meio ambiente devastado, sem água, comida ou abrigo.

Calor causticante durante o dia, rajadas de vento gélido à noite, desolação e um ar irrespirável – no Deserto do novo mundo até mesmo a chuva é a promessa de uma morte agonizante. Eles, porém, não estão sozinhos – cada passo é espreitado por criaturas famintas e violentas, que atacam sem avisar.




Manipulação, mentiras e traições cercam o caminho dos Clareanos, mas para Thomas a pior prova será ter de escolher em quem acreditar.

 

 Cura Mortal (Maze Runner #3)

 

Por trás de uma possibilidade de cura para o Fulgor, Thomas irá descobrir um plano maior, elaborado pelo CRUEL, que poderá trazer consequências desastrosas para a humanidade. Ele decide, então, entregar-se ao Experimento final. A organização garante que não há mais nada para esconder. Mas será possível acreditar no CRUEL? Talvez a verdade seja ainda mais terrível... uma solução mortal, sem retorno.


 

Ordem de Extermínio (Maze Runner #4)

 

Antes de o CRUEL existir, antes que houvesse o Labirinto e muito antes que Thomas ingressasse na Clareira, as chamas solares assolaram a Terra e destruíram o mundo que a humanidade considerava salvo... Mark e Trina estavam lá quando tudo aconteceu, e sobreviveram. Mas sobreviver às chamas foi fácil se comparado ao que viria depois.


 

Agora, um vírus que toma conta da mente com violência e dor se espalha por todo lugar e existe algo muito suspeito sobre sua origem. Pior ainda: ele está em mutação e as evidências sugerem que a humanidade se ajoelhará diante do caos, prevendo uma morte inevitável e assustadora. Mark e Trina estão convencidos de que existe uma maneira de salvar os poucos que restaram. E estão certos de que podem encontrá-los.

 

Porque neste novo e devastado mundo, cada vida tem um preço. A sua também. E para alguns, você vale muito mais morto do que vivo.


 

Ordem de Extermínio é a origem da trilogia Maze Runner, best-seller do New York Times, sucesso internacional em vários idiomas. Aqui encontraremos a história da destruição do mundo e da civilização, e de como o Fulgor fez com que alguns planejassem soluções drásticas e cruéis para a sobrevivência dos seres humanos... e do planeta à beira do caos e da extinção.

 

O código da febre (Maze Runner #5)


 

Era uma vez o fim do mundo
Florestas foram queimadas, lagos e rios secaram, oceanos transbordaram.
Uma peste febril se espalhou pela Terra, dizimando famílias inteiras. Homem matou homem. A violência reinou. Não havia mais lugares seguros.
Então, surgiu o CRUEL. Pesquisa após pesquisa, essa organização não mediu esforços para encontrar respostas... para encontrar a cura.
O CRUEL fez testes em crianças. Algumas delas, além de imunes, eram especiais... como Thomas e Teresa.
Juntos eles foram designados a trabalhar em um experimento: o Labirinto.
Mas, ao que parece, nem tudo foi dito. Segredos e mentiras irão perturbar Thomas. Quais relações de lealdade são realmente verdadeiras?


O código da febre é a aguardada prequel da saga Maze Runner. Prepare-se, porque nada será como antes. Todas as respostas serão reveladas.

CITAÇÕES FAVORITAS


 

''Eu vou salvar você, Newt” sussurrou Thomas tão baixo que ninguém seria capaz de conseguir ouvi-lo. “Eu vou salvar até o último de vocês."

 

"Eles nunca vão encontrar a cura."

 

"Nevava no dia em que eles mataram os pais do garoto."

 

“Chuck era um farol que iluminava a escuridão.”

 

Memorando Cruel, data 5.5.231
Só me restam dois dedos.
Eu escrevi as mentiras de minha despedida com dois dedos.
Essa é a verdade.
Nós somos maus.
Nós devíamos parar, deixar que os Privilegiados dominem o mundo.
Nós somos maus.
Não podemos brincar de Deus.
Não podemos fazer isso com crianças.
Vocês são maus, eu sou mau.
Meus dois dedos me dizem isso.
Como podemos mentir para nossos substitutos?
Nós lhe damos esperança, quando não resta nenhuma.
Todo mundo vai morrer.
Não importa o que aconteça.
Que a natureza vença.


 

– Não é muito estranho que sejamos imunes? Quero dizer, isso devia ser a coisa mais legal do mundo, nós não termos de nos preocupar com nos transformar em loucos.
– Certo.
– Mas tudo o que isso fez por nós foi nos encerrar neste lugar idiota. O nome deles devia ser TÉDIO, não CRUEL. Estou seriamente ficando louca de permanecer trancada em salas o dia inteiro.


" - Um dia nós vamos ser maiores."


"E assim, dentro de sua mente, ele repetiu uma expressão familiar inúmeras vezes. Embora não conseguisse identificar ao certo o que era, alguma coisa parecia diferente.
Thomas. Thomas. Thomas. Meu nome é Thomas."


 

"O garoto observava, o vazio se abrindo sob ele enquanto seus dois pais caíam. Um longo momento se passou no qual ninguém se mexeu, principalmente a mãe e o pai. Eles nunca mais se mexeriam."

 

"Ele apertou os dedos dela com todo amor que conhecia, sem acreditar em uma palavra do que dissera."