"O perigo é pensar que temos o direito de
ser felizes".
Eu adoro livro assim, curtinhos e que são
basicamente uma conversa entre os personagens. Esse e super simples. São menos
de 160 páginas de uma narrativa fluida e pouco usual:
Uma conversa entre Chloe e seu sogro Pierre. O
motivo? Chloe acaba de se separar do marido após ser traída por ele. Pierre ao mesmo tempo está triste pelo filho
Adrien que abandona a família e admirado com a coragem deste.
Com isso vocês podem esperar um pouco de
literatura para quem tem pressa, edição fininha, de bolso, para ler no metrô e
depois guardar na mochila sem ocupar muito espaço.
A maior parte do texto são diálogos, e a gente
termina com a impressão de estar ali do lado, ouvindo tudo, a ironia das
palavras, os risos, os infortúnios. Uma narrativa bem construída, um romance da
vida real, e por ser tão real pode acontecer com qualquer um. Os assuntos
tratados são bem corriqueiros, o que torna a experiencia ainda mais comovente.
Anna Gavalda também e escritora de um dos meus
livros favoritos e um dos primeiros títulos que li em francês, ainda no Brasil:
Ensemble, c'est tout (Enfim, juntos). Esse bem maior com suas mais de 500
folhas e também é um ótimo filme com a atriz de O fabuloso Destino de Amélie
Poulain (Audrey Tautou). Como descobri que J’ai L’aimais virou filme quase na
mesma época, já marquei de assistir.
A escritora é bem apreciada pelo público francês
(detalhe aleatório é que moramos a 1h de distância um do outro), principalmente
por conta dessa obra. Minha próxima leitura da autora será: Je voudrais que
quelqu'un m'attende quelque part (Queria ter alguém à minha espera em algum
qualquer).
Engraçado que o título no original pode levar a
pensar que que seria Chloe contando de seu infortúnio, mas a escolha no
português para “Eu a Amava” faz pensar que é a história de infidelidade do
sogro a mais importante. No inglês deixaram mais em aberto apenas com “Someone
I Loved”.
JE L'AIMAIS - Anna Gavalda
Ano: 2002 - Páginas: 157
Idioma: francês - Editora: J'ai lu
SINOPSE
Uma
mulher jovem, largada há pouco pelo marido, confronta a perda no reencontro com
o sogro, homem à primeira vista rígido e lacônico. Aos poucos, o ressentimento
dela é invertido pela ternura dele; no lugar de farpas, eles trocam atenção.
Assim, sem perceber, somos fisgados pela escrita sem ornamentos da autora, pelo
modo como ela, discretamente, tinge um retrato que poderia ser só cinza. O
passado imperfeito que as lembranças trazem nos leva a mudar de lado no jogo,
perceber que afetos se soldam e enferrujam, dissociar desejo de culpa, não
contrapor masculino a feminino. Enquanto isso, Gavalda alcança algo mais raro:
liberar o amor do perpétuo romantismo sem condená-lo à banalidade.
A-t-on le droit de tout quitter, femme et
enfants, simplement parce que l'on se rend compte – un peu tard - que l'on
s'est peut-être trompé? Adrien est parti. Chloé et leurs deux filles sont sous
le choc. Le père d'Adrien apporte à la jeune femme son réconfort. À sa manière:
plutôt que d'accaber son fils, il semble lui porter une certaine admiration.
Son geste est égoïste, certe, mais courageux. Lui n'en a pas été capable. Tout au long d'une émouvante
confidence, il raconte à sa belle-fille comment, jadis, en voulant lâchement
préserver sa vie, il a tout gâché. Après le départ d'Adrien, son mari, Chloé
est restée seule avec leurs deux filles. Un soir elle
se retrouve face au père d'Adrien, 65 ans, où pour la première fois, il se
raconte et livre sa vie. Ou plutôt ce qu'il n'a pas vécu.