segunda-feira, 13 de maio de 2019

RESENHA| GEOLOGIA DO ESTADO DE RORAIMA, BRASIL

O trabalho escrito pelos geólogos Nelson Reis, Lêda Maria Fraga, Mário Sérgio Faria e Marcelo Almeida foi publicado em forma de artigo científico na edição número 2-3-4 do ano de 2003 da revista Géologie de la France. O texto intitulado “Geologia do Estado de Roraima, Brasil” conta com 13 páginas de um rico material sobre a geologia roraimense, com destaque para a geologia estrutural da região, o Cráton Amazônico e o Escudo da Guianas.

Roraima é uma região bem diversificada em domínios litoestruturais e, por conseguinte em tipos litológicos. São reconhecidos 4 desses domínios, a) Urariquera (WNW-ESE a E-W), terreno vulcano-plutônico-sedimentar em 1,98-1,78 Ga; b) Guiana Central (NE-SW), cinturão de alto grau em 1,94-1,93 Ga e Associação AMG (1,5 Ga); c) Parima (NW-SE a E-W), terreno granito greenstone em 1,97-1,94 Ga e d) Anauá - Jatapu (NW-SE, NE-SW e N-S), terreno granito-gnáissico em 2,03-1,81 Ga.

O Domínio Urariquera ocupa o quadrante nor-nordeste de Roraima e revela um importante arranjo de lineamentos estruturados em EW a WNW-ESE e NW-SE, onde predominam granitos e vulcanitos em corpos alongados, bem como extensa cobertura sedimentar junto à fronteira com a Guiana e Venezuela. A su-sudoeste do domínio ocorrem rochas metassedimentares.

A porção centro-norte de Roraima com prolongamento através da Guiana e Suriname é denominada de Domínio Guiana Central. Assinala lineamentos estruturais NE-SW, impressos em unidades litológicas do Paleo e Mesoproterozoico. Seus limites ao norte e sul estão em grande parte encobertos por sedimentos cenozoicos ou obliterados por intrusões graníticas.

O Domínio Parima recobre a porção oeste de Roraima e revela uma forte estruturação NW-SE a E-W (mesopotâmia Mucajaí - Urariquera). O arcabouço estrutural E-W, mais a leste do domínio é similar àquele do Domínio Urariquera e sugere sua integração em um arranjo de zonas de cisalhamento em um quadro de esforços transpressivos.

Por último, o Domínio Anauá – Jatapu recobre o quadrante sudeste de Roraima e articula-se em um arranjo de lineamentos com direções NW-SE e NE-SW. Os autores optam por adotar uma divisão de Almeida et al. (2002) que distinguiram duas principais áreas de ocorrência de granitos neste domínio: o Terreno Martins Pereira–Anauá, localizado na parte norte e nordeste, e unidades com idades entre 2,03 Ga (Complexo Metamórfico Anauá) a 1,96 Ga (Grupo Uai-Uai, Granito Serra Dourada e Suíte Intrusiva Martins Pereira). E o Terreno Igarapé Azul - Água Branca na porção sudoeste do DAJ, caracterizado por granitos calci-alcalinos com idades situadas no intervalo 1,88 a 1,90 Ga (granitos Igarapé Azul e Água Branca).

A região desempenha papel importante no entendimento da evolução do Cráton Amazônico e das principais características geotectônicas do escudo da Guiana, motivos suficientes para despertar o interesse de estudo de geólogos do Brasil inteiro para a região. Uma das questões pertinentes ao Cráton Amazônico está no reconhecimento de terrenos granito-gnáissicos de idade/herança arqueana ou transamazônica e pós-transamazônica.

Assim, o trabalho de Reis e colaboradores apresenta de forma mais concisa uma série de dados sobre o Cráton Amazônico acumulados no decorrer de vários anos de pesquisa por diversos autores. O diferencial da abordagem do artigo é a tentativa de integrar esses dados geológicos, geocronológicos e estruturais culminando na apresentação de novas informações para a evolução crustal do estado.

Além de apresentar fortes correlações entre os domínios litoestruturais de Roraima, a referência traz novos intervalos de idade correspondente a cada província, e reavalia algumas datações anteriores que atualmente foram obtidas novamente por métodos geocronológicos mais precisos. Diante dessa perspectiva, o texto é um ótimo aparato das novas contribuições geocronológicas para o Cráton Amazônico, avaliando os múltiplos registros de intensa deformação e metamorfismo e como a interpretação destes é essencial para uma melhor caracterização da região. Por fim, esse conhecimento é indispensável para trabalhos de mapeamento do Estado de Roraima.

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