terça-feira, 17 de novembro de 2020

TOP 10| LITERATURA BRASILEIRA QUE VALE A PENA CONHECER!

"Acenderei as luzes em toda a casa, permanecerei a espera. Sem Marcoré não poderei continuar a viver". Marcoré


A última lista com títulos 100% brasileiros é uma mistura de vários momentos da literatura nacional. Selecionei duas obras do Fernando Sabino: Zélia, uma Paixão, o romance,segundo o autor, da figura mais surpreendente de nossa vida pública nos últimos tempos. E o meu queridinho, Encontro Marcado.


"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro". Fernando Sabino


Sobre história do Brasil tem "1962-1963 - A Fuga de João Goulart" uma narrativa dos anos anteriores ao golpe que deu início a ditadura civil-militar no país. Mais especificamente sobre a era de autoritarismo tem o relato pessoal de Celso Lungaretti, o "Náufrago da Utopia".



Dois livros para ler em um único final de semana: Vésperas e Estive em Lisboa e lembrei de você. Este último inclusive ganhou filme em 2015.




Um pouco de literatura clássica, e apresento "Marcoré", romance de Antônio Olavo Pereira. A obra foi Prêmio de Romance da Academia Brasileira de Letras. Um bom exemplo de como o orgulho pode destruir uma família. E também "Boca do inferno", uma biografia romantizada do famoso poeta Gregório de Matos de autoria de Ana Miranda.



De autores mais recente tem Amor para quem odeia, da poeta roraimense Eli Macuxi, e aproveitei para acrescentar uma das obras mais conhecidas do Augusto Cury, Colecionador de Lágrimas. O livro também possui uma continuação intitulada "Em Busca do Sentido da Vida".


1: O Encontro Marcado - Fernando Sabino


Eduardo saiu da infância de menino prodígio na literatura, de autor precoce para uma juventude boêmia, cheia de vontade de mudar o mundo e tomado de ideias que foram marcas de uma geração atormentada pela guerra e desiludida com a política. A vida adulta chegou e o sonho de ser escritor nunca se realizou. Eduardo passou a ser o escritor sem livro. O romancista sem romance.


O Encontro Marcado então é a história da busca por si mesmo, de uma razão de existir. O drama do rapaz que seguindo seu coração deixa a capital mineira para tentar a vida no Rio de Janeiro. Apesar da ideia inicial, O Encontro Marcado não é sobre reminiscências do Eduardo lembrando de uma vida mal vivida. É uma mensagem que mesmo diante da falta de sentido aparente em viver não devemos desistir.




Fernando Sabino escreve de forma bem simples, e a trama lembra muito o enredo de um filme, aqueles sobre amadurecimento, a passagem dos anos na vida de uma pessoa comum. O ritmo com que Sabino conta a história é rápido e bem objetivo. A leitura atrai desde as primeiras linhas.

 

2: Zélia, uma Paixão - Fernando Sabino

 


"Zélia, Uma Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, Ministra da Fazenda no governo Collor, com tratamento literário. Os escândalos em sua vida privada e sua saída do governo foram motivo de grande repercussão entre os brasileiros, criando clima hostil ao escritor.


3: Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato

 


Estive em Lisboa e lembrei de você, é uma narrativa oral, transcrita pelo autor Luiz Ruffato, a partir do depoimento de um rapaz mineiro que partiu para Portugal em busca de uma vida melhor no final dos anos 90. O depoimento foi minimamente editado pelo autor, o que torna o trabalho único, com uma linguagem leve e informal. O texto é gostoso de ler, e me senti como se estivesse ouvindo o depoimento do próprio Sérgio Sampaio, protagonista desta aventura. Nessas poucos páginas, o autor apresenta a vida do Serginho, os motivos que levaram ele a deixar a pátria mãe e as dificuldades que encontrou em Lisboa tudo em um descontraído e bem humorado.



Na primeira parte da história, transcorrida no Brasil, vemos Serginho chafurdando nas pequenezas da vida interiorana mineira, entre as quais se inclui um malfadado casamento com uma moça de "ideia fraca" na sequência de uma gravidez indesejada. A partir daí a vida de Serginho desanda sem apelação: casamento, emprego e a própria vontade de viver entram em perigoso colapso.

 

Até que alguém saca a panaceia redentora: Portugal. Em Lisboa, o passar dos anos será demarcado com extrema habilidade e sutileza pelo afloramento de uma plêiade de idiomatismos lusos na prosa interiorana de Serginho, revelando a mão segura e inventiva de um dos mais bem-sucedidos autores brasileiros contemporâneos.



4: Vésperas - Adriana Lunardi

 

Vésperas é um conjunto de contos sobre algumas das maiores escritoras da literatura mundial.

Virginia Woolf - Dorothy Parker - Ana Cristina César - Colette - Clarice Lispector - Katherine Mansfield - Sylvia Plath - Zelda Fitzgerald - Júlia da Costa



São 9 contos, um para cada escritora, onde a autora, Adriana Lunardi, mistura realidade com um pouco de ficção para narrar os últimos momentos de vida dessas mulheres brilhantes. Os contos são pequenos, e tratam sobretudo da morte, com um olhar para a eternidade e como cada uma destas mulheres conseguiu a partir de suas obras superar o tempo.

 

"Espero viver sempre às vésperas. E não no dia". Clarice Lispector.

5: Marcoré - Antônio Olavo Pereira


- Nunca mais viajaremos juntos, querido. Agora você será só de outras.

            Era como tratávamos os nossos amores. Viagens que nos conduziam longe, numa ausência de nós mesmos, em fusão total, as bocas coladas, quase a sangrar.

 

O protagonista é o oficial-maior do cartório da cidade, um homem introspectivo que se vale de seu privilegiado posto de observação – aonde as notícias sobre nascimentos, mortes, casamentos e acordos comerciais chegam em primeira mão – para especular sobre as motivações ocultas das pessoas e refletir sobre a condição humana.



O drama central da narrativa, no entanto, se desenrola na vida pessoal do oficial-maior, dentro da casa dos sogros – onde mora –, no convívio com a doce e frágil esposa, Sílvia, e nas dificuldades de relacionamento com a sogra irascível. A sufocante rotina familiar acaba sendo quebrada por uma notícia surpreendente que irá provocar mudanças inesperadas para todos: depois de dez anos de casamento, Sílvia descobre que está grávida do primeiro filho, Marcoré.



 

6: Boca do inferno - Ana Miranda



Salvador, final do século XVII. Um grupo de conspiradores assassina o alcaide-mor da cidade. O crime desperta a ira de poderosos e desencadeia uma série de perseguições que vão revelar a arbitrariedade, a corrupção e a tirania que assolam a Colônia.


Nessa cidade de desmandos e devassidão desenrola-se a trama de Boca do Inferno, recriação de uma época turbulenta centrada na feroz luta pelo poder que opôs o governador Antonio de Souza Menezes, o temível Braço de Prata, à facção liderada por Bernardo Vieira Ravasco, da qual faziam parte o padre Antonio Vieira e o poeta Gregório de Matos. Ana Miranda trabalha em filigrana os pontos de contato entre ficção e história, mostrando em todo o seu vigor a vida de homens e mulheres dilacerados entre o prazer e o pecado, o céu e o inferno.


7: Amor para quem odeia - Eli Macuxi

 

Dando voz ao "amor que campeia", seu Amor para quem odeia sabe dos paradoxos que, infelizmente, compõe o quadro caótico da vida contemporânea. Com tudo, a voz lírica impressa nos poemas não se rende ao quase inevitável pessimismo que nos rodeia em tempos de amor líquido.




Ao contrário, aderindo a uma máfia universal, da qual fazem partes nomes como: Dom Diniz, Guillaume de Lorris, Dante Alighieri, Petrarca, Shakespeare, Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Pablo Neruda, Drummond, e Vinícius de Morais, só para citar alguns, Eli Macuxi retoma as várias facetas do amor e, por meio de um conjunto que mescla memórias, reflexões, impressões, vivencias cotidianas e expectativas, liricamente, a força contida nessa temática simultaneamente universal e particular, uma vez que o amor revive em cada ser com formas e medidas peculiares.



8: Colecionador de Lágrimas - Augusto Cury

 

Um professor especialista em nazismo e II Guerra Mundial, começa a ter insônia e pesadelos, como se estive vivendo as atrocidades do Nazismo. A partir disso o passado passa a ser vivo para ele. Em um ponto de desatino, sobe na mesa da sala de aula e diz que os alunos são parceiros de Hitler. Sua intenção é, na verdade, provocar a sensibilidade e a curiosidade de seus alunos.



Bem quisto por alguns, mas muito criticado e até processado por outros, ele é banido da universidade. Mas fica famoso recebendo diversos convites para conferências enquanto se esconde de um estranho complô nazista que tenta a todo custo assassiná-lo. Seu reconhecimento como grande historiador faz com que receba um convite de cientistas alemães, que pesquisam uma máquina complexa, financiada pelas forças armadas e que usa a teoria da relatividade e da quântica para conseguir viajar no tempo.


Mas por que ele? O convite então se torna claro: tudo o que os alemães querem é alguém com competência suficiente para voltar no tempo, matar Hitler e mudar a história. Apesar de eliminar todo o mal causado por Hitler, conseguiria ele chegar à infância do ditador e assassiná-lo. Faria ele esta atrocidade?

 

9: Náufrago da Utopia - Celso Lungaretti



Celso Lungaretti era um dos mais jovens dirigentes de uma organização guerrilheira de luta armada contra a ditadura militar, no final dos anos 60 e início dos 70, quando foi preso e barbaramente torturado. Acusado de ter delatado seu grupo, passou 34 anos como um renegado, até conseguir provar, há um ano, sua inocência.

 

Neste livro, ele relembra as passeatas, a ocupação de faculdades e fábricas, os festivais de música, as ações armadas dos guerrilheiros, seus conflitos internos, as trajetórias de personagens como José Dirceu, Geraldo Vandré, Marighela e Lamarca, reconstituindo, de forma magistral e dolorida, a história de sua geração - dos jovens estudantes sem experiência militar recrutados para combater a ditadura pelas armas.

 

Trata-se de um livro que reconstitui, numa linguagem crua e ao mesmo tempo dolorida, um dos períodos mais trágicos de nossa história recente - o período em que os grupos de esquerda armada de combate à ditadura militar, nos anos 60 e 70, tiveram seus principais militantes e combatentes presos, mortos em ação ou friamente executados e passaram a recrutar para suas fileiras jovens estudantes secundaristas sem maturidade política e sem experiência de combate.

 

10: 1962-1963 - A Fuga de João Goulart - Hélio Silva



Volume 18 de uma coletânea sobre "História da República Brasileira" e os bastidores da política no Brasil. Para assumir a presidência do país, João Goulart teve que abrir mão do presidencialismo em um primeiro momento. Tudo isso devido a pressão de militares e a política intervencionista dos Estados Unidos. Hélio Silva foi um jornalista, historiador e monge beneditino brasileiro.

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