quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

DASH & LILY E O CADERNINHO DE DESAFIOS| LIVRO x SÉRIE



Uma leitura de Natal. Uma estória de aquecer o coração, com direito a todos os clichês exageradamente adolescentes. O resultado não poderia ser outro: P-E-R-F-E-I-T-O!


Rachel Cohn e David Levithan formam uma super dupla para escrever estórias de amor. Inclusive esse não é o primeiro livro fruto dessa parceria e nem o último. A trama é bem fofinha e com momentos realmente hilários. O texto está bem escrito, é autenticamente jovem e contemporâneo, e por isso bem levinho. Difícil de largar antes do final.




Lily ama o natal, neve, agasalhos, cookies, bonecos de neve e corais natalinos. Mas neste Natal ela quer algo mais. Lily quer se apaixonar. Decidida a buscar o rapaz ideal, ela deixa um pequeno caderno em uma das livrarias mais movimentas de Nova York.



Dash por outro lado quer apenas aproveitar o feriado natalino sem grandes aspirações. Pouco antes da véspera de Natal ele encontra um caderninho vermelho entre os diversos livros de sua livraria favorita. Logo nas primeiras páginas do Moleskine vermelho se depara com o primeiro desafio.

“Eu deixei algumas pistas para você.

Se você as quiser, vire a página.

Se não, coloque o caderno de volta na prateleira, por favor.”


Ao aceitar seguir o primeiro desafio, os dois começam a se corresponder, sem que Lily saiba a identidade de Dash. Nas folhas do caderninho eles trocam segredos, contam dos sonhos, desafios e desejos para o futuro.



A história se passa entre 21 de Dezembro e 01 de Janeiro e tem todo aquele clima natalino estadunidense. Os capítulos são alternados entre o ponto de vista de Dash e o ponto de vista de Lily. David Levithan escreveu o texto para Dash, e Rachel Cohn foi responsável por Lily.



A melhor parte do livro são os vários questionamentos dos protagonistas acerca da pessoa ideal. Como eles nunca se conheceram para além das páginas do caderninho,  a narrativa trata muito das expectativas de cada um.

 


O romance foi adaptado pela Netflix esse ano, no formato de série. A produção está ótima. Muita coisa está diferente, mas um diferente para melhor. O livro é de 2010, então a série lançada agora 10 anos depois atualizou bastante coisa da obra original.



O seriado, como todos os que estão sendo lançados pela Netflix nos últimos anos está com um elenco bem diversificado. A protagonista que sempre era representada pelo estereótipo de norte-americana branca e loira, na série é interpretada por uma atriz de ascendência japonesa. Outros personagens que no livro imagina-se que sejam todos brancos, na série são interpretados por atores e atrizes latinos e negros.



Nova York em clima natalino está lindíssima. As luzes e os figurinos são a melhor parte. Os trajes de inverno estão perfeitos!

 

O programa foi feito no meu modelo favorito: 8 episódios de 23 minutos cada um. Os episódios são quase que alternados entre Dash e Lily, como acontece no livro. Mais interessante ainda é ver o melhor momento mostrado do ponto de vista de cada um.



A Netflix já garantiu uma continuação, que provavelmente será baseada no segundo livro de Dash e Lily, intitulado "The Twelve Days of Dash and Lily", então promete ser igualmente boa.

 

Ano: 2010 / Páginas: 272

 

MINHAS CITAÇÕES FAVORITAS:


"Mas meu presente para mim mesmo naquela véspera de Natal era um retiro completo do mundo. Não liguei a TV. Não liguei para nenhum amigo. Não verifiquei meu e-mail. Nem olhei pela janela. Só o que fiz foi apreciar a solidão. Se Lily queria acreditar que havia alguém lá fora só para ela, eu queria acreditar que poderia ser alguém aqui dentro só para mim."


"Sou a única pessoa que se dá bem com todo mundo; no sentido de não ser amiga de ninguém."

"Me disseram que não dá para voltar atrás. Então escolhi seguir em frente."



"A recompensa está no risco. Não pode ficar escondida debaixo da capa protetora do vovô para sempre. Parecia que você precisava crescer longe daquilo por um tempo."


"As pessoas importantes em nossas vidas deixam marcas. Elas podem ficar ou não no plano físico, mas existem para sempre no coração, porque ajudaram a formá-lo. Não dá para esquecer isso."


"Agora você tem sua tarefa de escrever. Porque, quer saber? Depende de você, não do destino."


 “Ele come iogurte?" Mark perguntou. "Que tipo de adolescente ele é?"

"Tolerante à lactose!" Boomer disse. "Dash ama iogurte, e qualquer coisa com creme, e gosta especialmente de queijos espanhóis."

Mark virou-se para mim consoladoramente. "Lily. Querida. Você não acha que esse Dash pode não ser hétero?"



"Postcard 4: Times Square na Véspera de Ano Novo - Em um campo, eu sou a ausência de campo. Numa multidão, eu sou a ausência de multidão. Em um sonho, eu sou a ausência de sonho. Mas eu não quero viver como uma ausência. Eu me movo para manter as coisas inteiras. Porque às vezes eu me sinto bêbado de positividade. Às vezes me sinto maravilhado com o emaranhado de palavras e vidas, e quero fazer parte desse emaranhado. "Acabou o jogo", você diz, e eu não sei o que eu devo fazer mais questão - o fato de você dizer "isso acabou", ou o fato de você dizer que é um jogo. Só acaba quando um de nós manter o livro para si. É apenas um jogo se há uma ausência de significados. E já fomos longe de mais para isso.

Só dois postcards restando."

"I mean, what if love isnt a yes-or-no question? Its not either youre in love or youre not. I mean, arent there different levels? And maybe these things, like words and expectations and whatever, dont go on top of the love. Maybe its like a map, and they all have their own place, and then when you see it from the sky whoa."

"Quero dizer, e se o amor não for uma pergunta de sim ou não? Não é ou você está apaixonado ou não. Quero dizer, não existem níveis diferentes? E talvez essas coisas, como palavras e expectativas e tudo o mais, não vão no topo do amor. Talvez seja como um mapa, e todos eles têm seu próprio lugar, e então quando você vê-lo do céu, uau. "



There’s no 'I' in team, as the saying goes.


“Listen to me: I never married because I was too easily bored. It’s an awful, self-defeating trait to have. It’s much better to be too easily interested.”

“Ouça-me: nunca me casei porque ficava entediado facilmente. É uma característica terrível e autodestrutiva de se ter. É muito melhor se interessar facilmente. ”

 

Maybe, I thought, it’s not distance that’s the problem, but how you handle it.

Talvez, pensei, não seja a distância que seja o problema, mas como você lida com isso.

 

“Being alone has nothing to do with how many people are around”

“Estar sozinho não tem nada a ver com quantas pessoas estão por perto”

 From Richard Yates’s Revolutionary Road

 


Good morning! And happy day before the day before the day before the day before Christmas!” And so on until the real day.

Bom Dia! E feliz véspera da véspera da véspera do Natal! ” E assim por diante até o dia real.

 

I figured being a bed salesman was a job of biblically bad paradox. I mean, here he was, forced to stand for eight or nine hours a day, and the whole time he’s surrounded by beds.

Achei que ser vendedor de camas era um trabalho com um paradoxo biblicamente ruim. Quero dizer, aqui estava ele, forçado a ficar em pé por oito ou nove horas por dia, e o tempo todo ele estava cercado por camas.

 

I was a firm believer in preventative prevarication—in other words, lying early in order to free myself later on.

Eu acreditava firmemente na prevaricação preventiva - em outras palavras, mentir cedo para me libertar mais tarde.

 


Making love without noise is like playing a muted piano—fine for practice, but you cheat yourself out of hearing the glorious results.

Fazer amor sem barulho é como tocar um piano sem som - bom para a prática, mas você se engana ao não ouvir os resultados gloriosos.

 

“You think fairy tales are only for girls? Here’s a hint—ask yourself who wrote them. I assure you, it wasn’t just the women. It’s the great male fantasy—all it takes is one dance to know that she’s the one. All it takes is the sound of her song from the tower, or a look at her sleeping face. And right away you know—this is the girl in your head, sleeping or dancing or singing in front of you. Yes, girls want their princes, but boys want their princesses just as much. And they don’t want a very long courtship. They want to know immediately.”

“Você acha que contos de fadas são só para meninas? Aqui está uma dica: pergunte a si mesmo quem os escreveu. Garanto a você, não foram apenas as mulheres. É a grande fantasia masculina - basta uma dança para saber que ela é a única. Tudo o que é preciso é o som de sua canção vindo da torre ou um olhar para seu rosto adormecido. E imediatamente você sabe - esta é a garota em sua cabeça, dormindo ou dançando ou cantando na sua frente. Sim, as meninas querem seus príncipes, mas os meninos também desejam suas princesas. E eles não querem um namoro muito longo. Eles querem saber imediatamente. ”



“But it is not just the sex, or remembered sex, that makes me think I love M. W. (...), now, seventeen years too late. It is the way he refused to own me, no matter how much I tried to be owned. It was the way he would not take me, he would only meet me, and that only ever halfway.”

“Mas não é só o sexo, ou a lembrança do sexo, que me faz pensar que amo M. W. (...), agora, dezessete anos tarde demais. É a maneira como ele se recusou a me possuir, não importa o quanto eu tentei ser possuída. Era o jeito que ele não me levaria, ele só me encontraria, e só na metade do caminho. ”

Anne Enright’s The Gathering


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