No final do ano
de 2017 viajei para Venezuela, mais especificamente para Isla de Margarita. A
ilha localiza-se no Mar do Caribe, um destino turístico conhecido por suas
praias de água cristalina.
Durante a estadia no país, acabei comprando três livros de poesia de autores regionais em um dos vários shoppings espalhados pela ilha. A intenção era praticar/ aprender espanhol ao mesmo tempo em que fazia o que eu mais gosto: ler! Sem contar que em razão do cambio monetário os livros estavam custando menos de 1 real cada.
De volta ao Brasil, gostei do que li, e com muita sorte consegui mais quatro obras de poesia e microcontos venezuelanos que são igualmente bons. Assim, resolvi escrever esse post com a intenção de apresentar para vocês cada um dos sete livros.
As fotos e
traduções são minhas. Em alguns casos consegui manter a rima e a melodia dos poemas
durante a tradução, mas nem sempre foi possível. O restante, sinopse e a pequena
biografia dos autores, faz parte do material que acompanha as obras.
1 - LA MISMA VEZ ( A MESMA HORA)
Uma das vozes mais importantes da poesia venezuelana contemporânea leva-nos, neste novo volume, ao questionamento do ser, de uma forma de existir em torno da palavra como comunhão, o encontro com outro e com o outro. Uma voz que interroga desde a incerteza ancestral e sem fim do deserto até chegar ao lugar onde o olhar inocente se abre à plenitude do mundo e revela: "Volto com uma lâmina de campo no bolso / é por isso que a minha cabeça é infinita".
Luis Alberto Crespo (Carora, estado de Lara, 1941). Poeta, crítico e colunista. Estudou Jornalismo na Universidade Central da Venezuela e em Paris. Durante muitos anos dirigiu a coluna literária do jornal El Nacional; mais tarde chefiou a seção de Cultura da agência de notícias Venpres. Por uma década, dirigiu a revista Imagen, do Conselho Nacional de Cultura (Conac) e foi um dos membros de seu Conselho de Administração.
2 - VERSOS
CRÓNICOS RIOCARIBEROS (CRÔNICAS RIOCARIBENSES)
Versos crónicos riocariberos é uma obra de poesia narrativa que oscila entre o anedótico, o folclórico e o costumeiro. O poeta-cronista pinta com traços vigorosos, expressivos e às vezes humorísticos o perfil arquitetônico e emocional da cidade de Río Caribe. Este livro é povoado por personagens reais e fantasmagóricos que vibram com vida singular na memória e no verso do autor. Assim, as lendas, os costumes, as diversões, o cotidiano, os sabores e as cores da região são apresentados em linguagem simples, numa encantadora “prolixidade riocaribero”. Esta coleção de poemas envolve, acima de tudo, um verdadeiro amor por Río Caribe; o leitor sente esse amor em cada imagem, em cada memória, em cada crônica.
Jesús Millán Pazos (1939) nasceu em Río Caribe, município de Arismendi, estado de Sucre. Estudou matemática e contabilidade em Port of Spain (Trinidad, 1952-1957) e administração em Liverpool (Inglaterra, 1957-1959). Seu trabalho no campo cultural é notável. Tem colaborado com revistas e periódicos nacionais e internacionais de conteúdo cultural, em alguns dos quais é colunista. Atualmente é o Cronista Oficial da localidade de Río Caribe.
3 - LA PAUSA DE
LA CERBATANA (A PAUSA DA ZARABATANA)
15 histórias de vários comprimentos e temas que vão do autêntico, irônico ao fantástico e autobiográfico. Bom fraseado, ritmo sustentado e excelente timing. A vida pessoal de cada indivíduo é tocada com um toque de zombaria e nostalgia, imagens frescas e diálogos cuidadosos iluminam as anedotas com bom humor e otimismo.
Daniel José
Lanza (1971), natural de Cumaná, formou-se em Educação. O
bom humor e a boa narrativa combinados em uma série de histórias que abordam a
realidade, sonhos, lembranças de ironia e alteridade. Fantasia,
autocrítica e bom domínio da linguagem fazem do livro um pequeno tratado sobre
a arte de contar estórias.
ENCRUCIJADA
Alguien había llegado a la sala y
me apresuré en retirar el jabón. La ducha estaba fría; sin embargo, me apresuré.
Toda la noche soñé lo mismo. Pude dormir después de tomar tanta agua de azúcar.
En esas noches de molestia vigilia, no hay diferencia entre días malos y
buenos. El conocimiento de su devenir desvela por igual a cualquier infeliz que
por desgracia conoce o presiente lo que le aguarda. La ansiedad es la misma,
las horas parecen inmóviles.
ENCRUZILHADA
Alguém entrou na
sala e me apressei para tirar o sabão. A água já estava fria; no entanto, me apressei.
A noite toda sonhei com a mesma coisa. Consegui dormir depois de beber
muita água com açúcar. Nessas noites
desconfortáveis de insônia, não há diferença entre dias bons e dias ruins. O
conhecimento de seu futuro incomoda igualmente a qualquer infeliz que por
desgraça conhece ou pressente o que o espera. A ansiedade é a mesma, as horas
parecem imóveis.
4 - CUADERNO DE MANHATTAN (DIÁRIO DE
Construído à maneira de um bildungsroman, este romance conta uma tripla estranheza: a de um menino que sai de uma cidade do interior da Venezuela em direção a Caracas para se formar em literatura; a de um jovem adulto que chega em Nova York para fazer um doutorado em literatura; e a de um homem deprimido que busca na arte (cinema, música, livros) a saída desse estado.
Em cada uma
dessas estações o narrador consegue nos convencer de que o caminho estético,
aquele que acaba por cristalizar o texto que lemos, é o caminho mais seguro
para conseguir algum aprimoramento, mas sobretudo para justificar sua passagem
pelo mundo.
Victor Carreño. Cumaná, Venezuela,
1968. Possui graduação em Letras pela Universidade Central da Venezuela e
doutorado em Letras Hispânicas pela Columbia University. Professor de História
da Estética Contemporânea da Universidade de Zulia, em Maracaibo, onde reside
atualmente. Suas primeiras histórias foram mini-histórias publicadas no portal
Ficción Breve Venezolana. Também
publicou por dois anos a coluna Cuaderno de Manbattan, título sugerido por
Oscar Marcano para esses textos escritos durante a vivência de Carreño em Nova
York (1998-2004).
"Pero la Carrington volvía los
días siguientes a buscarme, me citaba en un sitio para vernos y todo comenzaba
de nuevo. Cada vez que hacíamos el amor se repetía aquella escena que aunque tenía
la apariencia de la angustia y el miedo a ser descubiertos en estacionamientos
oscuros, iba tomando la forma de un deseo hambriento, implacable y destructivo
contra el que nada podíamos hacer"
"Mas
Carrington voltava nos dias seguintes para me procurar, marcava um lugar para
nos encontrar e tudo começava de novo. Cada vez que fazíamos amor se repetia
aquela cena que embora tivesse a aparência de angústia e medo de ser
descobertos em estacionamentos escuros, estava assumindo a forma de um desejo
faminto, implacável e destrutivo contra o qual nada podíamos fazer "
5 - POSTAL DE SEQUÍA (CORREIO DA SECA)
O âmago deste livro não é tentar apagar a tradição que o domina, pelo contrário, é nela que sua escrita busca felicidade e lustra uma voz sem artifícios, conseguindo ouvir a terra e o pássaro que nos aflige sem vestígios de falsidade.
Em suas páginas sentimos a dúvida,
a vertigem, e a luta da alma e as palavras de quem deseja construir uma casa,
sobre a paisagem interior que se revela. Poesia necessária em
tempos em que a “Cidade das Escrituras” insiste em esquecer o nosso ser.
Freddy Náñez
(Petare, 1976), venceu a XVII Bienal Literária José Antonio Ramos Sucre, menção
Poesia, correspondente ao ano de 2010, com esta obra.
6- ENCUENTROS CON EL SILENCIO
(ENCONTROS COM O SILÊNCIO)
ENCUENTROS CON EL SILENCIO é uma coleção incomum de poemas. Em sua escrita, coberta por uma intenso sentimentalismo, amalgamado pela tarefa dos sentidos, uma voz dialoga constantemente com o próprio poeta, com o leitor e com os personagens e fatos dos poemas.
Estes, à primeira vista simples,
claros e explícitos, à medida que imergimos neles nos mostram que sob a
superfície transparente da escrita, alegoria das aparências, há um cosmos onde
as questões, as incertezas, as exigências do amor, as tarefas nem sempre
benignas do tempo, a iniquidade do ser, a insistência da solidão, exigem uma
atenção e uma disposição mais complexas e maiores. Poemas mais que breves,
concentrados.
MIGUEL GÉNOVA (Zaragoza, 1947) Engenheiro e Mestre em Planejamento do Desenvolvimento (Universidade Central UCV). Se especializou em telecomunicações, computação, assessoria e consultoria. Presidiu o Conselho Consultivo da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), foi Gerente Geral em diversas áreas da Compania Anónima Telefonos de Venezuela (Cantv). Professor convidado do Instituto de Estudos Superiores em Administração (lesa) e do Centro de Estudos para o Desenvolvimento (Cendes) e Professor da Faculdade de Engenharia da UCV. Duas de suas publicações sobre Engenharia de Sistemas são textos acadêmicos da Open National University.
7 - SUS ÚLTIMAS PALABRAS (SUAS ÚLTIMAS PALAVRAS)
Cada palavra
evoca uma visão íntima. Entra no território da
solidão e leva-nos ao único mundo ao qual pertencemos verdadeiramente: o da
nossa existência ímpar. Traçar essas
histórias, que são breves apenas têm alcance tangível, é recriar as infinitas
dimensões do curso de uma determinada vida.
O que você
procura quando escreve?
Encontrar o
cúmplice necessário que feche o ciclo da escrita, que as palavras obtenham nos
impulsos do outro o oxigênio que exigem para sonhar novos mundos.
O que você está
escrevendo?
Caberá ao leitor
responder a essa pergunta.
Álvaro Benavides La Grecca. Caracas, 1946. Comunicador social, Universidade Central da Venezuela, 1972. Mestrado em Comunicação de Massa, Universidade de Leicester, Inglaterra, 1981. Editor-chefe do El Nacional, 1987-1990. Autor de Comunicação Persuasiva, Los Libros de El Nacional, 2010. Suas últimas palavras é seu primeiro livro de ficção.
congoja
Se despertó a medianoche. Lloró
hasta el amanecer.
aflição
Acordou à
meia-noite. Chorou até o amanhecer.
To recebendo currículos de Venezuelanos com experiência em venda, pedagogia e TI além de inglês e espanhol.
ResponderExcluirInteressados enviar pelo meu Whats 94991762511
É necessário ter os documentos brasileiros e falar razoavelmente o português.
As vagas é para o Estado do Pará