A Segunda Guerra Mundial é um tema recorrente na
literatura. Nos últimos anos o mercado literário tem produzido muitos romances
e dramas sobre esse período da história. A maior parte são biografias,
autobiografia ou memórias mas há também ficção.
Na adolescência eu era particularmente viciado em
romances narrados na guerra, tendo começado esse vício após ler O Diário de
Anne Frank. A obra é um verdadeiro clássico, e possui inúmeras adaptações ao
cinema, séries de TV e outras adaptações literárias, inclusive uma
"continuação" fictícia intitulada "O Anexo".
De um esconderijo fugindo dos nazistas, um pequeno
anexo em um prédio comercial na Holanda, Anne Frank entrou para a eternidade! Outro
livro emocionante do início ao fim e com direito a um crossover com "O Diário de Anne Frank" é A Bibliotecária
de Auschwitz. Por fim temos o Menino do Pijama Listrado e A Menina Que Roubava
Livros que são amplamente conhecidos pelos filmes e livros.
Portão de entrada do campo de contração de Auschwitz. |
A lista ainda contêm títulos menos conhecidos mas
igualmente bons. Dois são de escritores brasileiros, contemplando tanto a
ficção quanto o relato pessoal de um sobrevivente dos campos de concentração
alemães. Espero que gostem das dicas, separei com carinho os melhores e depois
procurei a sinopse de cada obra para que fique aqui um resuminho de cada livro.
1: A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak
Às vezes as pessoas são bonitas. Não por causa da aparência. Não pelo que dizem. Só pelo que são. |
Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra
de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de
1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão
para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los
por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa
cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao
longo dos anos.
E o riso dela? Era algo absolutamente dominador. Ninguém tinha a menor chance diante dele. |
O único vínculo com a família é esta obra, que ela
ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão
das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que
lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel
canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os
furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a
pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela
assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a
dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um
garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no
porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela
História.
2: O Menino do Pijama Listrado - John Boyne
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra
os judeus. Também não faz idéia que seu país está em guerra com boa parte da
Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade,
Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em
Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para
brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e
para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na
barriga.
Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um
garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele.
Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando
elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama
listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece
quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
3: O Diário de Anne Frank - Anne Frank
"Pense em toda beleza que existe ao seu redor e seja feliz" |
O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos
nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda
hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seus diário narra os sentimentos,
medos e pequenas alegrias de uma menina judia que, com sua família, lutou em
vão para sobreviver ao Holocausto.
Lançado em 1947, O Diário de Anne Frank tronou-se um
dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos. Um livro tocante e
importante que conta às novas gerações os horrores da perseguição aos judeus durante
a Segunda Guerra Mundial,
Agora, seis décadas após ter sido escrito, este relato
finalmente é publicado na íntegra, com um caderno de fotos e o resgate de
trechos que permaneciam inéditos. Uma nova edição que aprofunda e aumenta nossa
compreensão da vida e da personalidade dessa menina que se transformou em um
dos grandes símbolos da luta contra a opressão e a injustiça. E consagra O
Diário de Anne Frank como um dos livros de maior importância do século XX. Uma
obra que deve ser lida por todos, para evitar que atrocidades parecidas voltem
a acontecer neste mundo.
O Anexo - Sharon Dogar
Das oito pessoas que viveram escondidas com Anne Frank
no anexo de um armazém em Amsterdam, durante dois anos da Segunda Guerra,
apenas uma resistiu à barbárie dos campos de extermínio: o pai de Anne Frank,
que se encarregou de publicar os diários da filha sobre o período em que
viveram reclusos. Em O anexo, a escritora inglesa Sharon Dogar faz com o
personagem Peter van Pels, de quinze anos, o que Otto fez com Anne: dar a
oportunidade para que “fale” sobre a vida naquele ambiente claustrofóbico.
Dogar inverte a perspectiva do diário da menina judia,
fornecendo uma nova visão sobre os dois anos em que os Frank e os Van Pels (que
Anne chamava de Van Daan em seus escritos) se esconderam dos nazistas. No
período em que Peter ansiava pela liberdade das ruas e Anne se dedicava com
afinco ao diário, ela imagina que os dois teriam se envolvido num romance
furtivo.
Para além do diário, a ficção de Sharon Dogar narra de
forma comovente a chegada dos nazistas ao esconderijo, a viagem de trem até o
campo de concentração - quando homens e mulheres são separados - e a luta de
Peter, seu pai e Otto Frank para sobreviver ao horror dos campos. A autora
recria assim uma história imperdível para os fãs do famoso diário.
4: O Diário de Mary Berg - Mary Berg
Memórias do Gueto de Varsóvia. Relato sobre um dos
capítulos mais obscuros da história, 'O diário de Mary Berg' descreve a
organização do gueto de Varsóvia e a luta diária de seus moradores pela
sobrevivência.
5: O Sobrevivente - Aleksander Henryk Laks.
Aleksander Henryk Laks |
Memórias de um Brasileiro que Escapou de Auschwitz. Aleksander
Henryk Laks, relata os sofrimentos inimagináveis aos quais foi submetido e
conta como conseguiu a eles sobreviver. Seu calvário começou quando o exército
nazista invadiu a Polônia, em setembro de 1939. A partir daí, sua vida e de sua
família transformou-se numa luta diária pela sobrevivência. Aleksander ,
deparou-se com amigos e parentes amarrados ou enforcados no alto de postes da
sua cidade natal, Lodz, e viu soldados alemães arrancarem as barbas de judeus
com as mãos, deixando suas faces em carne viva.
No entanto, este foi apenas o começo da série de
crueldades impingidas aos judeus. Levados para diversos campos de concentração,
Aleksander viu sua mãe pela última vez ao descer do trem que os levou para
Auschwitz, lugar onde viveu os momentos mais torturantes da sua vida. Uma das
torturas mais comuns era o método número 25. Os judeus eram amarrados de bruços
em cavaletes e espancados nas costas com pedaços de pau, esmigalhando os rins
que saiam junto com o sangue através dos poros. Depois de ver sua mãe caminhar
para a câmara incineradora, assistiu a morte de seu pai que não resistiu às
semanas de caminhada na chamada "Marcha da Morte", de mais de 500
quilômetros, entre vários campos de concentração.
Dos 600 prisioneiros que partiram de Auschwitz, apenas
50 sobreviveram. E novamente Aleksander estava entre eles. A redenção veio
junto com a chegada do exército aliado. Aleksander foi salvo pelas tropas que
interceptaram o trem que o levava de um campo de concentração para outro. A
certeza de que seu calvário teria fim veio na forma de um copo de leite quente,
entregue por um soldado aliado.
6: Auschwitz - O Testemunho de um Médico - Miklos
Nyiszli
A premissa de Médico em Auschwitz é uma das mais
mórbidas de toda literatura do século XX: um médico criminologista, judeu
húngaro, trabalha forçadamente no campo de Auschwitz, sob o comando do próprio
Dr. Josef Mengele. Infelizmente, é um livro de não-ficção.
A auto-biografia de Miklos Nyiszli, médico em
Auschwitz, possui descrições vivas dos acontecimentos no campo. Sob a ótica do
meticuloso Dr. Nyiszli, nada escapa. Descreve vivamente a rotina de
Sonderkommando (prisioneiro especial: tratado melhor que os outros, trabalhava
diretamente nas câmaras de gás e era executado depois de dois ou três meses).
O livro de Nyiszli revelou ao mundo muito da crueldade dos campos, da natureza
dos nazistas: Nyiszli pinta oficiais cruéis, mas ainda humanos - mesmo o Dr.
Mengele, ocasionalmente, parece um ser humano.
7: Stef - A Sobrevivente - Vera Lucia Claro
Ambientada na Alemanha, a história narra o drama de
uma garota alemã. Que descobre ser meio judia em plena Segunda Guerra Mundial.
Stef é uma jovem adolescente, nascida em uma família feliz, que vive o primeiro
e único amor de sua vida ao mesmo tempo a guerra avança. Sem entender o porquê,
torna-se alvo da paixão de um major oficial nazista.
8: Escondendo Edith - Kathy Kacer
Uma história real. Escondendo Edith apresenta o drama
de uma garota judia que precisa enfrentar os horrores da Segunda Guerra
Mundial. Edith Schwalb tem apenas seis anos quando Hitler invade a Áustria. De
repente, a garotinha se vê obrigada a deixar uma vida confortável em Viena para
entrar em uma rotina de fugas e incertezas. Primeiro, sua família se muda para
a Bélgica, mas é perseguida e foge para a França. Escondendo Edith tem o
objetivo de mostrar os horrores do Holocausto às crianças, para que episódios
como esse nunca mais voltem a acontecer.
9: A Bibliotecária de Auschwitz - Antonio G. Iturbe
Uma garota de 14 anos. Um professor. Oito livros.
Esperança. Em plena Segunda Guerra Mundial, no maior e mais cruel campo de
concentração do nazismo, cerca de quinhentas crianças convivem todos os dias
com a morte e com o sofrimento. No pavilhão 31, de vez em quando uma janela é
aberta para férias. Obra de Fred Hirsch, o professor que consegue convencer os
alemães a deixá-lo entreter as crianças. Desta forma, garante ele aos nazistas,
seus pais - judeus - trabalhariam bem melhor. Os alemães concordam, mas com uma
condição: seria terminantemente proibido o ensino de qualquer conteúdo escolar
no local.
Mal sabiam eles o que a jovem Dita guardava na barra
de sua saia: livros. Baseado na história real de Dita Dorachova, A Bibliotecária de Auschwitz é o registro
de uma época triste da história, mas também o relato de pessoas corajosas que
não se renderam ao terror e se mantiveram firmes na luta por uma vida melhor,
munindo-se de livros.
10:
A mala de Hana - Karen Levine
Uma história real. A mala de Hana é um retrato
singelo, mas mostra como era cruel a vida das crianças submetidas ao
Holocausto.
A história se desenrola em três continentes durante um período de quase setenta anos. Envolve a experiência da garotinha Hana e de sua família na Tchecoslováquia (atual República Tcheca), nas décadas de 1930 e 40: e uma jovem e um grupo de crianças em Tóquio, no Japão: e um homem em Toronto, no Canadá, nos dias de hoje. Um relato que vai sensibilizar a todos, para que horrores semelhantes ao que atingiu Hana e outros inocentes nunca voltem a acontecer.
Cidade do México, junho de 2019: Visita ao Museu Memória e Tolerância sobre os maiores genocídios da história. Sessão Segunda Guerra Mundial. Memorial do Holocausto. |
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