Dificilmente alguém passou ileso
pelo ensino médio sem ter sido obrigado a ler alguma obra clássica da
literatura brasileira. Os que não leram pelo amor, leram pela dor das leituras
obrigatórias do Vestibular ou concurso. Não somente as obras de autores
brasileiros, mas também inúmeros autores portugueses estão entre os detestáveis
da literatura nacional.
Considera-se odiar o ato de não
entender nada do que se está lendo, como foi o caso de O Guarani ou Auto da
Barca do Inferno. Ou então as leituras difíceis e repletas de palavras
desconhecidas como em Iracema, a índia dos lábios de mel. Sem contar as obras
que são um desafio para o leitor tanto pelo conteúdo como pela quantidade de
páginas. Ainda há casos como o de A Moreninha que eu particularmente achei uma
leitura entediante.
Guimarães Rosa: "-Dona. Ninguém lhe tira o amor. O que é seu, seu, ninguém lhe tira" |
1: O Guarani -
José de Alencar
Em o guarani, considerado o maior
romance épico da literatura brasileira, o leitor ira envolver-se com a historia
de amor singular entre Cecília, a Ceci, e o índio Peri, em que a fusão branco-índio
não ocorre no plano concreto, mas apenas simbolicamente. Obra fundamental, O Guarani
conduz o leitor a um Brasil pujante, que se revela em toda a sua beleza.
2: A Moreninha -
Joaquim Manuel de Macedo
Como se manter fiel ao juramento de
amor feito no passado, diante de uma nova e ardorosa paixão? É o que se
pergunta Augusto ao conhecer Carolina, a Moreninha. Uma resposta surpreendente
será dada ao personagem nas páginas deste agradável livro de Joaquim Manuel de
Macedo. Publicado em 1844, este é o primeiro romance da nossa literatura. Esta
divertida história de amor retrata com perspicácia a sociedade do Rio de
Janeiro do Segundo Reinado.
3: Auto da Barca
do Inferno - Gil Vicente
Trata-se de uma alegoria dramática:
são duas as barcas em que os personagens podem subir: a do Inferno, encabeçada
pelo Diabo e a da Glória, encabeçada pelo Anjo. Em cena, é realizado o
julgamento das almas, onde a maioria vai para a primeira barca.
4: O Alienista -
Machado de Assis
As crônicas de Itaguaí, contam que
viveu ali em tempos remotos um certo médico o Dr. Simão Bacamarte, filho da
nobreza do lugar e o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Com o fim
de estudar a loucura, ele trancafia no asilo que construíra e dera o nome de
Casa Verde, um quinto da população da vila. Para ele o normal seria algo
homogêneo repetido ao infinito, qualquer pessoa com um gesto ou pensamento que
fugisse a rotina era objeto de seus estudos. A população aterrorizada se
revolta, e aí outros tantos passam a morar no asilo. Mas, Simão Bacamarte tão
atento às estatísticas, lembra que a norma está sempre com a maioria, e que é
esta afinal quem tem razão. Refaz a teoria, solta os recolhidos e sai ao encalço
daqueles poucos que, possuíam coerência moral. Em pouco tempo ele cura a todos,
ninguém mais possuía nobres sentimos morais. Só um. Ele o próprio alienista era
o único digno de ser trancafiado na Casa.
5: Noites do
Sertão - João Guimarães Rosa
As duas novelas que formam este
livro, 'Dão-Lalalão (o devente)' e 'Buriti', têm em comum a sensualidade como
força empolgante, que se sobrepõe a convenções e preconceitos, dominando
totalmente o homem e a mulher. Terceiro dos volumes em que foram divididas as
histórias originalmente publicadas em "Corpo de Baile". Prêmio Jabuti
de Produção Gráfica (menção honrosa) em 2002.
6: Iracema - José
de Alencar
O romance conta o amor de um branco,
Martim Soares Moreno, pela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel. Entre
guerras e conflitos, ciúmes e disputa de poder, a história desse amor proibido
tem como pano de fundo a cultura indígena e a miscigenação do branco com o
índio.
"Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira." |
7: Triste fim de
Policarpo Quaresma - Lima Barreto
A paixão por seu país leva Policarpo
Quaresma à loucura. Mas nem o patriotismo doentio é suficiente para protegê-lo
da fúria repressiva do governo Floriano Peixoto. Nesta obra-prima da literatura
brasileira, Lima Barreto faz crítica do nacionalismo exagerado e promove uma
bem-humorada revisão da história de nossa República.
8: Esaú e Jacó -
Machado de Assis
Em "Esaú e Jacó" Machado
de Assis aborda um período de transformações políticas no país, com espírito
crítico e aguçado. O escritor promoveu uma revolução na literatura brasileira. Através
da história de permanente rivalidade e discórdia entre os gêmeos Pedro e Paulo,
Machado faz uma análise profunda da alma humana. Mostra ainda, com seu aguçado
espírito crítico, a transição do Império para a República.
9: A escrava
Isaura - Bernardo Guimarães
Isaura é uma moça linda. É desejada
por muitos homens. Tem a pele quase branca, sendo filha de uma mulata e um
homem branco. Mas ela não tem liberdade para agir por sua vontade, porque é uma
escrava. Ela pertence a Leôncio, um fazendeiro autoritário que não admite ser
contrariado e quer o amor da moça. Por isso, Isaura é obrigada a fugir para
longe. Essa é a história do romance de Bernardo Guimarães, escritor que estava
interessado em discutir a maior vergonha social brasileira, a escravidão. Por
mais de 300 anos o Brasil conviveu com gente sendo propriedade de gente. E
Isaura, mesmo tendo pele quase branca, sofre os horrores da falta de liberdade,
nesta história romântica com final feliz.
10: Memórias de
um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida
Com um único romance que escreveu
aos 21 anos - "Memórias de um Sargento de Milícias" - Manuel Antônio
de Almeida conquistou na literatura brasileira uma posição também única,
fixando a tradição do romance urbano e pressagiando Machado do Assis.
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