quinta-feira, 3 de abril de 2025

RESENHA - Pedro Páramo (Juan Rulfo)

 

"Nada pode durar tanto, não existe nenhuma recordação que, por intensa que seja, não se apague."

 

É possível dizer muito com poucas páginas, e Juan Rulfo é a prova disso.

Considerado a maior obra da literatura mexicano, o livro não tem sequer 200 páginas.

É de uma linguagem poética linda, sobre um importante momento da vida: o fim dela.

Detalhe: sem ser mórbido.


 

“Deu uma batida seca contra a terra e foi se desmoronando como se fosse um monte de pedras.”

 

Por aí já podemos ver que se trata de um romance extremamente único, e definitivamente hiper mexicano.

Recheado de expressões populares e regionais.


 

“Saiu da casa e olhou o céu. Choviam estrelas. Lamentou aquilo, porque teria gostado de ver um céu quieto. Ouviu o canto dos galos. Sentiu a envoltura da noite cobrindo a terra. A terra, “este vale de lágrimas”

 

Livro curtinho, fenomenal e que imediatamente se tornou um clássico da literatura latina. Há tempos eu queria ler, e pude por fim ter essa chance.

Excelente escolha.

História cativante e fora do comum.


 

"Este mundo, que nos dilacera por todos os lados, que vai esvaziando punhados de nosso pó aqui e acolá, desfazendo-nos em pedaços como se regasse a terra com nosso sangue."

 

Adorei a temática e a escolha do autor em contar a história de diferentes pontos de vistas.

São 68 fragmentos, vários narradores e uma história contada de uma forma não linear. Tempo, espaço e narrador.

Nada disso é fixo.

Esse é um ponto positivo, mas também serve para deixar a narrativa um pouco confusa no começo.

Depois melhora, eu juro.


 

"Em cada suspiro é como se a gente se desfizesse de um sorvo de vida."

 

A genialidade do autor definiu e criou o realismo mágico.

Desta forma, Juan Rulfo foi o percursor do que o Gabriel García Márquez fez com Cem Anos de Solidão, outro romance que está entre meus favoritos.


 

"Estava acostumado a ver morrer a cada dia algum de seus pedaços. Viu como o jasmineiro se sacudia deixando cair suas folhas: 'Todos escolhem o mesmo caminho. Todos se vão'. Depois voltou ao lugar onde tinha deixado seus pensamentos."

 

Pedro Páramo, único romance de Juan Rulfo, me traz "Memórias Póstumas de Brás Cubas" na mente. Um pouco de "A menina que roubava livros" por um único detalhe e "Um Rapaz Latino Americano" de Belchior.

Tudo isso e um pouco mais que me fez terminar com vontade de rever "Coco", viva a vida é uma festa.

 




"Dizem que os mortos se amontoam na terra. Eu acho que se amontoam no ar."

 

SINOPSE EM ESPANHOL

 

Cuando al final de la década de los sesenta la narrativa hispanoamericana alcanzó un prestigio mundial, se volvió la vista atrás en busca de sus «clásicos». La figura gigantesca de Rulfo detacó inmediatamente.


 

En 1955 aparece Pedro Páramo. Novela gestada largamente por un escritor con fama de poco prolífico y que aunó la propia tradición narrativa hispanoamericana con los principales renovadores de la occidental: Joyce, Faulkner, Woolf...

 

Novela rica, apasionante como pocas, que arrastra al lector del desconcierto a la sugestión. Esta edición ofrece el texto definitivo de Pedro Páramo, corregido por la Fundación Juan Rulfo, incluye una nueva Introducción, varios Apéndices sobre variantes, cronología de la historia, anotaciones a los fragmentos y aclaraciones de Rulfo y un nuevo aparato de notas.

 

SINOPSE EM PORTUGUÊS


 

De enredo conciso e preciso, o único romance de Juan Rulfo trata da promessa feita por Juan Preciado à mãe moribunda. O rapaz sai em busca do pai, Pedro Páramo, um lendário assassino. No caminho, encontra impressionantes personagens repletos de memórias, que lhe falam da crueldade implacável de seu pai.

 

Em sua estrutura não há linha temporal exata, tampouco um narrador fixo. Juan Rulfo nos leva a mergulhar e a nos dissolver no turbilhão dos sentimentos de todo um povoado, em torno desse grande homem.


 

Alegoricamente, o romance é o México ferido, que grita suas chagas e suas revoluções, por meio de uma aldeia seca, onde apenas os mortos sobrevivem para narrar os horrores de sua história e política. Pedro Páramo é basicamente sobre a presença da morte em meio à vida. Um livro, de poética simples e concisa, curto e inesquecível.

 

O realismo fantástico como hoje se conhece não teria existido sem este livro. Desta fonte beberam o colombiano Gabriel García Márquez e o peruano Mario Vargas Llosa. A partir da combinação de dois elementos essenciais ao sucesso da literatura latino-amerciana - o realismo fantástico e o regionalismo -, Rulfo se destaca pela sua habilidade em contar uma história reunindo relatos e lembranças.


 

SINOPSE EM INGLÊS

 

In this stunning masterpiece of the surreal, Juan Preciado sets out on a strange quest, bound by a promise to his dying mother. Embarking down a parched and dusty road, Juan goes to seek his father, Pedro Páramo, from whom they fled many years ago.

 

The ruined town of Comala is alive with whispers and shadows. Time shifts from one consciousness to another in a hypnotic flow of desires and memories, a world of ghosts dominated by the tyranny of the Páramo family. Womaniser, overlord and murderer, Juan's notorious father retains an eternal grip over Comala. Its barren and broken-down streets echo the voices of tormented spirits sharing the secrets of the past in an extraordinary chorus of sensory images, violent passions and unfathomable mysteries.

 

CITAÇÕES

 

"Foi crescendo como uma erva daninha."

 

"Que me deixem ao menos o direito que os enforcados têm, o de agitar as pernas!"

 

"E vai ver que quando você dormir, ninguém mais irá despertá-la."

 

"Há esperança para nós, contra o nosso penar."

 

quarta-feira, 19 de março de 2025

THE LOST – Livro 5 (Bruxos e Bruxas, James Patterson)

 

Voltando com minhas leituras de 10 anos atrás, pois fiquei anos sem saber que tinha um novo livro na saga.


 

Livro bom. Um pouco apressado, com muitas pontas soltas, porém de narrativa envolvente. Esse é mais um dos que li anos atrás e não lembrava de nada da história original. Mas dessa vez não aconteceu como era de se esperar, ou seja, com outros livros eu tive certa dificuldade em voltar a me interessar pela história, porém com ‘A Perda’ foi diferente.


 

Li extremamente rápido, como há anos não lia. Em menos de uma semana estava terminado. Gostei também pela intercalação de capítulos entre os protagonistas e principalmente pelos capítulos curtos. A leitura é bem levezinha e super fácil, com uma narrativa na primeira pessoa e personagens carismáticos.



Em muitos aspectos o livro é bem infantil, bem mais do que outros títulos do mesmo gênero. Por conta disso o enredo da saga é um pouco repetitivo, mas se tratando de um livro infanto-juvenil, é aceitável. Outro ponto que chama a atenção é que James Patterson escreve com coautores, então acredito que seja isso o que torna seus romances são diferentes entre si.


 

Infelizmente tive que ler em inglês pois por enquanto o título está sem tradução no Brasil, e provavelmente continuará assim. O último livro saiu quando a modinha de livros de aventura e fantasia já tinha passado... Uma pena! As capas brasileiras dos livros anteriores ficaram lindas.


 

"But in the end, it comes down to love.

Love.

I hope you can feel it, too."


 

Essa é uma super dica para jovens leitores que gostam de livros de aventura e magia, um pouco como Harry Potter.

Livros da saga: 



Bruxos e Bruxas, lido em 2015;


 


O Dom, lido em 2015;


 


O Fogo, lido em 2015;


 


O Beijo, lido em 2015;



A Perda (The Lost), lido em 2025.



SINOPSE

 

Whit and Wisty Allgood have fought and defeated their world's most pernicious threats: the evil dictator, The One Who Is The One, as well as his wicked father and son. But just as the heroic witch and wizard start to settle into their new roles in governance, a deadly crime wave grips their city, with all signs pointing to a magical mastermind every bit as powerful and heartless as The One. Now the siblings find themselves persecuted as the city turns against all magic users, and questioning everything, including each other--and, for the first time, their abilities. Can they confront the citizens' growing hostility and their own doubts in time to face the new enemy barreling toward their gates?



quinta-feira, 6 de março de 2025

RESENHA - MAKTUB – PAULO COELHO

 

"Vença a si mesmo enquanto enfrenta o mundo "


Lendo Paulo Coelho pela sétima vez.

Tem gente que ama, e tem gente que pensa totalmente o contrário.

Eu me balanço de um lado para o outro.

O que não podemos negar é que se trata de um dos maiores nomes da Literatura Brasileira e dos livros de autoajuda.

E eu que não sou fã de livros de desenvolvimento pessoal ou autoajuda, porém, sempre faço uma exceção para o Paulo Coelho.


‘O medo de errar é aquilo que nos prende no castelo da mediocridade.’

 

Maktub, que quer dizer "está escrito", é uma coletânea de textos (histórias, parábolas, crônicas) que foram publicados diariamente em jornais entre 1993 e 1994.

Este é sem dúvidas o livro mais exotérico de todos.

Baseado em histórias e fatos de diferentes culturas e partes do mundo, trata-se de um resumo da filosofia de vida de diversos povos, e não de um livro de conselhos.

Livro curtinho, de pequenos textos que não ultrapassam a contagem de uma dezena de linhas.

Fácil de ler, difícil de entender a profundidade do texto.



‘Não tenha medo de ser chamado de louco - faça hoje alguma coisa que não combina com a lógica que você aprendeu.’

   

E agora é meu menos favorito dele.

Recomendo apenas para quem já leu vários livros do autor e conhece bem a escrita particular dele, no caso, os temas que ele aborda.

Pouco conhecido no Brasil, mas cultuado ao redor do mundo, Paulo Coelho é bem distinto no que faz.

Ele trabalhou inclusive com Raul Seixas em algumas das canções mais conhecidas do cantor.

Dica: adoro ler Paulo Coelho ouvindo Raul Seixas, acho uma combinação perfeita.

Combo perfeito!


 

‘Existem coisas que devem ser sentidas, e não entendidas.
O amor, é uma delas.’

 

Idas e vindas.

Li pela primeira vez na adolescência e não gostei. 

Acho que não era o livro certa, o momento certo, a idade certa.

10 anos depois voltei a ler e me apaixonei.

Li vários e em 2024 dei uma pausa de um ano e voltei a lê-lo esse ano.


 

"Somos seres preocupados em agir, fazer resolver, providenciar. Estamos sempre tentando planejar uma coisa, concluir outra, descobrir uma terceira."

 

Livros lidos:

O demônio e a Srta. Prym, 2012

Nas Bordas do Rio Piedra eu sentei e chorei, 2022

O Alquimista, 2022

Veronica decide m..., 2022

O Peregrino de Compostela, 2023

Brida, 2023

Maktub, 2025

 


Próxima leitura:

Algo do Paulo Coelho em inglês.

Já li em português do Brasil, de Portugal, espanhol da Espanha e francês da França.

 


"Para de vez em quando, sair de si mesmo, permanecer em silêncio diante do Universo."

 

Sinopse


 

"Maktub não é um livro de conselhos – mas uma troca de experiências."

 – Paulo Coelho


 

Durante um ano, Paulo Coelho teve uma coluna diária chamada Maktub no jornal Folha de S.Paulo. Nela, publicava curtíssimos textos sobre os pensamentos e as inquietações de diversas culturas. Como resultado, o autor recebia diariamente diversas cartas de leitores dizendo o quanto as colunas os inspiravam e que alguns chegavam a recortar o jornal para guardar seus textos preferidos.


  

Foi daí que surgiu a ideia deste livro. Os textos que aqui estão são pequenas histórias, fábulas que nos convidam a pensar e ver a vida a partir de novos pontos de vista, uma oportunidade para refletir e se encontrar consigo mesmo novamente.


  

Para redigi-los, Paulo Coelho teve como inspiração histórias da sabedoria universal que tratam da busca da felicidade uma temática extremamente atual que nos leva a pensar sobre as nossas próprias verdades ao conhecer narrativas tão diversas.

Citações favoritas


 

"E cada um de aproximará de Deus à sua maneira: através da certeza, da negação e da dúvida."


 

‘Morrer é ficar sempre na mesma posição. Se você está muito quieto, você não está vivendo.’