quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

RESENHA – GLEANINGS (ARC OF SCYTHES)



Último livro lido em 2024 e um retorno absoluto as distopias!

 


"Tudo pode, e vai, mudar em um instante. As pessoas, a verdade, realidades inteiras. O segredo é decidir se a mudança é boa, ruim ou alguma outra coisa para a qual ainda não temos palavras."


 

A série Scythe continua aqui com histórias emocionantes que abrangem a linha do tempo dos eventos da trilogia e muito além disso. Um livro feito para os fãs, e um pouco de fan service não faz mal a ninguém, né?


 

Li a trilogia em 2021, por conta do clube de leitura. E foi uma das melhores descobertas. Os títulos da série da série são:


1.      Scythe - O ceifador

2.      

Thunderhead (Arc of a Scythe #2) – A Nuvem


3.      The Toll (Arc of Scythe #3) – O timbre

 

Das distopias recentes essa foi a que mais me interessou. Li a trilogia em tempo recorde! Neal Shusterman tem realmente um dom para o gênero fantasia / jovem adulto. Esse homem tem muita imaginação como jamais vista.


 

As Foices é um livro de contos em parceria com outros autores, e como tal possui alguns contos melhores que outros. Ele expande o universo criando pelo Neal Shusterman e as melhores histórias, na minha opinião, são as escritas pelo autor da trilogia. Gostei principalmente das histórias de origem de alguns personagens célebres e aquelas ligadas aos eventos da trilogia. Destaque também para as histórias no espaço, que até hoje sou grande fã. E um livro extra, bom para ser lido aos poucos, um conto por dia.

 


"Você pode acreditar no que quiser...
Mas talvez seja melhor não falar sobre isso."


Meu sonho seria uma adaptação dos livros...

 

SINOPSE


 

Ainda existem incontáveis ​​histórias da Ceifa para contar. Séculos se passaram entre a Nuvem embalar a humanidade e o Ceifador Goddard tentar virá-la de cabeça para baixo. Durante anos, os humanos viveram em um mundo sem fome, doença ou morte com Ceifadores como instrumentos vivos de controle populacional.

 

Neal Shusterman - junto com os colaboradores David Yoon, Jarrod Shusterman, Sofía Lapuente, Michael H. Payne, Michelle Knowlden e Joelle Shusterman - retorna ao mundo ao longo da linha do tempo da série Arc of a Scythe. Descubra segredos e histórias de personagens que você seguiu por três volumes e conheça novos heróis, novos inimigos e algumas figuras intermediárias.


   

 

Gleanings mostra o quão expansivo, aterrorizante e emocionante é o mundo que começou com o vencedor do Printz Honor, O Ceifador. As histórias continuam. Histórias de origem são reveladas. E novos Ceifadores surgem!


 





terça-feira, 10 de dezembro de 2024

RESENHA – Je voudrais que quelqu'un m'attende quelque part (Anna Gavalda)



C'est comme un pèlerinage. À croire que ton visage est un endroit qui a marqué ma vie.

 

Anna Gavalda não decepciona, mesmo com o livro de estreia.


  


Eu gostaria que alguém me esperasse em algum lugar, em tradução literal, é uma coletânea de 12 contos sem qualquer ligação entre si. São principalmente histórias do cotidiano, que abordam diferentes temáticas (amor, raiva, frustração, vingança) e por isso o título pode induzir ao engano. Não é uma narrativa triste, bem, ao menos não todas as vezes.






 

Je lui dis que mon cœur est comme un grand sac vide, le sac, il est costaud, y pourrait contenir un souk, pas possible et pourtant, y'a rien dedans.


 

É uma ótima leitura, curtinho e escrito sem muitos rodeios. São narrativas bem elaboradas e com o humor típico da autora. Aliás, algo que eu adoro nos livros da Anna Gavalva. Terminei todos com 5 estrelas.


  

L'important ce n'est pas le lieu où on se trouve, c'est l'état d'esprit dans lequel nous sommes.

 

Comecei lendo Ensemble, c’est tout (publicado em 2004, 603 p.), inclusive foi o primeiro livro que li em francês, em 2017. Je l’aimais (publicado em 2002, 216 p.) em 2023. E agora em 2024 Je voudrais que quelqu'un m'attende quelque part (publicado em 1999, 224 p.).


 

Elle pleure pour tellement de raisons qu'elle n'a pas envie d'y penser. C'est toute sa vie qui lui revient dans la figure. Alors, pour se protéger un peu, elle se dit qu'elle pleure pour le plaisir de pleurer et c'est tout.


 

Os três livros também foram adaptados para cinema:

2007 : Ensemble, c'est tout de Claude Berri, avec Audrey Tautou, Guillaume Canet, Laurent Stocker.

2009 : Je l'aimais de Zabou Breitman, avec Daniel Auteuil et Marie-Josée Croze.

2019 : Je voudrais que quelqu'un m'attende quelque part de Arnaud Viard.


 

CONTOS:

Petites pratiques germanopratines

I. I. G

Cet homme et cette femme

The Opel touch

Ambre

Permission

De onde vem o título:"Je voudrais que quelqu'un m'attende quelque part."

Le fait du jour

Catgut

Junior

Pendant des années

Clic-clac

Epilogue


Ano: 1999 / Páginas: 224

Idioma: francês 

Editora: Diletante

 

SINOPSE




Les personnages de ces douze nouvelles sont pleins d'espoirs futiles, ou de désespoir grave. Ils ne cherchent pas à changer le monde. Quoi qu'il leur arrive, ils n'ont rien à prouver. Ils ne sont pas héroïques. Simplement humains. On les croise tous les jours sans leur prêter attention, sans se rendre compte de la charge d'émotion qu'ils transportent et que révèle tout à coup la plume si juste d'Anna Gavalda. En pointant sur eux ce projecteur, elle éclaire par ricochet nos propres existences.

 

Je voudrais… se dévide sous nos yeux comme une chanson sans refrain : germanopratineuse, femme enceinte, drague-king troublé, toute la petite foule d'Anna Gavalda circule et s'affaire, chacun selon sa tragédie quotidienne. Parfois, ce train-train sourdement mortel tombe le masque et avoue sa part noire. De rendez-vous manqués en collisions brusques, les héros d'Anna Gavalda ne savent qu'une chose : qu'on les attend. Alors ils tendent la main pour voir s'il goutte, et leur paume rencontre du plomb fondu.

   

 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

RESENHA – A VOLTA POR CIMA (FERNANDO SABINO)



“Tudo que acontece tem seu lado bom. Toda mudança é para melhor.” 
 
Lançado em 1990, A Volta por cima é uma coletânea de crônicas curtas. Não é um texto realmente interessante. Tem seus momentos bons e ruins. Li, pois, admiro muito o trabalho do autor e também porque é difícil encontrar livros impressos em português por aqui. Inclusive ele é um dos autores nacionais que eu mais li.

 
Comecei com Zélia, Uma Paixão (1991), um livro antigo perdido lá por casa em meados de 2012, um pouco como agora, quando eu lia qualquer coisa que encontrasse pela frente.

 
Depois em 2020 li O Encontro Marcado (1956), meu favorito dele, de onde vem aquela frase clássica sobre recomeços que eu adoro. Pelas minhas tentativas de ser escritor, esse livro em particular fala muito comigo.

 
Em 2021 ganhei A Faca de Dois Gumes (1985) de presente. Outra obra excelente do autor. Amei os três contos, e não é por menos: este é um dos maiores sucessos do autor.

 
Agora em 2024 foi a vez de A Volta por Cima. Os temas das crônicas são os mais variados possíveis, e ao há realmente qualquer tipo de ligação entre as diferentes narrativas que podem ser pura ficção ou memorias da vida pessoal do autor.

 
Entre as muitas coisas que esse livro é, pode dizer que é um livro datado e acho que faz tempo que não vê uma reedição. Só para informação, Fernando Sabino completaria 100 anos em outubro de 2023.

 
Li recentemente e é impossível não ver o lado politicamente incorreto do humor que o Sabino tenta trazer passa suas histórias. Algumas crônicas me pareceram levemente machistas ou homofóbica, gordofóbico também e com representações estereotipadas e antiquadas.

Ano: 1991 / Páginas: 204
Idioma: português
Editora: Record

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Resenha - Tú y Otros Desastres Naturales

 

"Porque la vida no se trata de sobrevivir a la tormenta, sino de aprender a bailar bajo ella."


Um romance de cão e gato, enemies to lovers e repleto de clichês românticos que adoro, e com uma pitada de sacanagem. Ou seja, não é só um romance fofinho.



Um título escolhido apenas porque queria ler algo em espanhol, e comprado - como raramente faço - em uma livraria. Em seguida, das muitas mudanças da vida, demorei mais de mês para terminar essa leitura, mas acredito que nas condições normais levaria menos de uma semana.

Foi meu retorno às leituras em espanhol, e não foi nada fácil. Mas findado o tempo de se acostumar, a leitura fluiu super bem. María Martínez soube balancear os momentos de calma e agitação com doses de sentimentalismo e uma prosa bem reflexiva.



Harper, a personagem principal, é construída com muito realismo. Ah, e tem algo bem bacana sobre a Harper que é o fato dela querer ser escritora, então acho que o livro acaba englobando algumas vivências da própria autora (e porque não minhas?).

Além disso, a narrativa traz várias referências a Anne de Green Gables (Anne With an E), a tudo que é pop e recente, e a diferentes lugares do Canadá. Sem dúvidas não é somente um romance Jovem adulto (Young Adult), mas o verdadeiro New Adult.



Ano: 2019 / Páginas: 456
Idioma: espanhol
Editora: Planeta

SINOPSE



¿Qué ocurre cuando todos tus planes se desvanecen?

Harper ha planificado hasta el último detalle de su futuro. Pronto acabará sus estudios y logrará el trabajo por el que tanto se ha esforzado. Tendrá la vida que desea. Sin embargo, una triste pérdida hará que su plan perfecto, aquello que creía querer más que nada, se transforme de nuevo en confusión, dudas e inseguridades.


Porque los secretos no pueden guardarse para siempre. Porque hay caminos destinados a cruzarse.

Porque una sola decisión puede cambiarlo todo y nada da más miedo que arriesgarse por tus sueños.



Porque la vida no se trata de sobrevivir a la tormenta, sino de aprender a bailar bajo ella.


CITAÇÕES


Ojalá coincidimos en otras vidas, no tan tercos, ya no tan jóvenes, ya no tan ciegos ni testarudos, ya sin razones sino pasiones, ya sin orgullo ni pretensiones.

Charles Bukowski



















segunda-feira, 30 de setembro de 2024

RESENHA: Água Viva - Clarice Lispector



“Não quero ter a terrível limitação de quem vive uma vida apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.”

 

Segunda livro que leio dessa mulher e que confusão! O que ela escreve é preciso ter muita sabedoria da vida para entender (não tenho). Acima de tudo é preciso sentir. Nas próprias palavras da autora: "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."



"O que estou te escrevendo não é para se ler- é para se ser."

 

Li Laços de Família anos atrás e desde então fiquei fascinado pela forma como Clarice escreve. Se bem que ao escrever um romance ou um conto, que seja linear e narrativo, é bem mais fácil gostar dela.


 

“Nesta densa selva de palavras que envolvem espessamente o que sinto e penso e vivo e transforma tudo o que sou em alguma coisa minha que no entanto fica inteiramente fora de mim. Fico me assistindo pensar.”

 

Mas Água Viva realmente não é literatura de entretenimento, ao menos na minha opinião. É muito denso, complicado, é profundo.  É um texto em forma de divagação, os pensamentos furtivos de uma manhã de domingo, de uma madrugada em claro.


 

"Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade de solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio.''

 

Há muitas pessoas que se identificam com o texto de Clarice, mas para ser sincero, ainda não é o meu caso. Uma frase ou outra eu consigo entender (e sentir), mas no geral ela ainda possua uma forma estranha para mim, e por isso me interesso a mergulhar em seus pensamentos.


 

"Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. E quero o fluxo."

 

É ficção que as vezes se perde com a autora que se torna personagem e vice-versa. Sem dúvidas um dos maiores nomes da Literatura Brasileira.



"Não sei sobre o que estou escrevendo: sou obscura para mim mesma."

 

SINOPSE

Clarice Lispector tinha o hábito de dormir cedo, acordar de madrugada e ficar sentada na sua sala pensando, fumando e ouvindo a Rádio Relógio, acompanhada apenas de seu cachorro, Ulisses. Nesses momentos de solidão, nasceram muitas de suas obras, que, depois, ela escreveria com a máquina de escrever apoiada sobre as pernas. “Escrevo-te sentada junto de uma janela aberta no alto do meu ateliê”, diz ela em determinado trecho do romance Água viva, em que a autora se confunde com a personagem, uma solitária pintora que se lança em infinitas reflexões sobre o tempo, a vida e a morte, os sonhos e visões, as flores, os estados da alma, a coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam, a especialidade da própria Clarice.


 

Água viva, longo texto ficcional em forma de monólogo, foi lançado pela primeira vez em 1973, poucos anos antes da morte de Clarice que, nessa época, já se consagrara como um dos valores mais sólidos da nossa literatura, por seu estilo único, em que a grande preocupação era a busca permanente pela linguagem.



Água viva é um desafio emocionante para quem lê ou relê Clarice Lispector. Traz uma linguagem que não se perde no tempo; ao contrário, é ricamente metafórica, em que coisas, ações e emoções do dia-a-dia se transformam em grandiosas digressões indagadoras sobre o sentido da existência e da vida. Seguindo a linha de características introspectivas de seus livros, Clarice cria uma obra singular, verdadeiro relato íntimo que projeta em flashes, como num caleidoscópio, verdadeiros resumos de estados de espírito em tom de confidência, onde a subjetividade sobrepuja o factual e a narradora é responsável pela cadência do texto.


 

SINOPSE EM INGLÊS

 

In this book Clarice Lispector aims to 'capture the present'. Her direct, confessional and unfiltered meditations on everything from life and time to perfume and sleep are strange and hypnotic in their emotional power and have been a huge influence on many artists and writers, including one Brazilian musician who read it one hundred and eleven times. Despite its apparent spontaneity, this is a masterly work of art, which rearranges language and plays in the gaps between reality and fiction.






CITAÇÕES



"O melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas."


"Mas enquanto eu tiver a mim não estarei só."


"Eu não tenho enredo de vida? sou inopinadamente fragmentária. Sou aos poucos. Minha história é viver. E não tenho medo do fracasso. Que o fracasso me aniquile, quero a glória de cair."


"Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não ama. Quanto a mim, assumo minha solidão."


"Antes de me organizar tenho que me desorganizar internamente. Para experimentar o primeiro e passageiro estado de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me. Mas se eu esperar compreender para aceitar as coisas- nunca o ato de entrega se fará. Tenho que dar o mergulho de uma só vez, mergulho que abrange a compreensão e sobretudo a incompreensão. E quem sou eu para ousar pensar? Devo é entregar-me. Como se faz? Sei porém que só andando que se sabe andar e- milagre- se anda."