quarta-feira, 24 de setembro de 2025

RESENHA – Le père Goriot (O Pai Goriot) - Honoré de Balzac


"Eis a minha recompensa, o abandono"

 

Um pai que é explorado pelas filhas, um jovem ambicioso e a sociedade parisiense do século XIX são o centro deste romance.

O pai Goriot, publicado em 1835, é um dos pilares de A comédia humana e um dos mais conhecidos títulos de Honoré de Balzac (1799-1850).

Meu primeiro livro do Balzac e fiquei meio incomodado pela falta de capítulos. Tudo é um longo texto com um humor sofisticado e elegante.


 

“Os pais devem dar continuamente, para serem felizes. Dar sempre é o que a gente faz quando é pai.”

 

Um clássico da literatura, porém longe de ser enfadonho é surpreendentemente interessante. Antes disso tive medo de tentar ler e ficar bloqueado.

Então tomei outro caminho. Entre leitura e escuta, primeira vez que ouço um livro em mais de 10 anos.  Li e ouvi ao mesmo tempo, então notei que no audiolivro algumas frases não aparecem.

Provavelmente trata-se de edições diferentes. O autor adicionou muita coisa em edições posteriores de suas obras quando decidiu reunir todas em um único universo compartilhado....


 

“Em Paris, o êxito é tudo, é a chave do poder. Se as mulheres o julgarem espirituoso e inteligente, os homens acreditarão nisso, se você não os decepcionar. Então, poderá desejar tudo, poderá ir aonde quiser. E ficará sabendo que é a sociedade, uma reunião de incautos e de velhacos.”

 

O Pai Goriot faz parte de “A comédia humana”, o conjunto da obra de Balzac sobre diversos personagens recorrentes. A comédia humana concebia pelo autor nada mais é que a tragédia das pessoas comuns, retratando o cotidiano de pessoas normais. Personagens tão humanos quanto se é possível para uma obra de ficção.

Dentro da literatura universal O Pai Goriot é a obra-prima de Balzac e possivelmente uma das obras mais poderosas da literatura francesa, considerada uma obra-prima por muitos críticos.


 

"As almas belas não podem ficar muito tempo neste mundo. Realmente, como se poderiam aliar os grandes sentimentos a uma sociedade mesquinha, pequena, superficial?”

 

Um livro sobre sofrimento e sobre ambição, onde o autor disseca vários sentimentos humanos para pintar um retrato da nova burguesia emergente e da aristocracia em decadência que não tem medo de mostra sua ingratidão e ânsia pelo poder.

Balzac tinha realmente um dom para analisar a sociedade, de quase 200 anos atras, mas que infelizmente ainda continua a mesma. É quase um drama histórico, bem descritivo, o que demora a se acostumar no começo. No final é impossível não ter sentido algo por esse livro.


 

"Na falta de um amor puro e sagrado que preencha a vida, [a] sede pelo poder pode tornar-se uma bela coisa".

 

Le Père Goriot

Honoré de Balzac

Ano: 1834

Páginas: 378

Idioma: francês

 

Citações favoritas



“Ah! Si j'étais riche,

si j'avais gardé ma fortune,

si je ne la leur avais pas donnée,

elles seraient là,

elles me lècheraient les joues

de leurs baisers !”

 

" As paixões nunca erram seus cálculos ".


 

"Você sondará o quanto é profunda a corrupção feminina e medirá a extensão da miserável vaidade dos homens. Embora eu tenha lido muito no livro da vida, ainda havia páginas que eu desconhecia. Agora sei tudo."

 

"Existe um Deus. Oh, sim, deve haver um Deus que nos reserve um mundo melhor, ou nossa terra não tem sentido".


 

"Não há princípios, há apenas acontecimentos; não há leis, há apenas circunstâncias: o homem superior abraça os acontecimentos e as circunstâncias para conduzi-los. Se houvesse princípios e leis fixas, os homens não os mudariam como mudamos de camisa. O homem não é obrigado a ser mais sensato que uma nação inteira."


"Assim, era a curiosidade que o levava à casa da sra. de Nucingen, ao passo que, se ela o tivesse desprezado, talvez tivesse sido conduzido até lá pela paixão."


 

"Pois bem! Quando fui pai, compreendi Deus. Ele está inteiro em toda parte, já que a criação saiu Dele. Sou assim com minhas filhas, senhor. Só que gosto mais de minhas filhas do que Deus gosta do mundo, porque o mundo não é tão belo como Deus, e minhas filhas são mais belas que eu.”

 

"Este homem não vivia, ele se arrastava pela vida."


 

"O mais indiferente dos homens ali se entristece como todos os caminhantes, o ruído de um veículo torna-se um acontecimento, as casas são melancólicas, as muralhas cheiram a prisão.”



"[...] quase todos apresentavam corpos rijos, constituições que haviam resistido às tempestades da vida, rostos frios, duros apagados como os de moedas fora de circulação.”


 

"Por piores que sejam as coisas que te contêm do mundo, acredita! Não há Juvenal capaz de descrever o que há nele de horror coberto de ouro e pedrarias"

 

“Viu a sociedade tal qual é: as leis e a moral impotentes para com os ricos e viu na fortuna a última ratio mundi.”



“Quando se conhece Paris, não se acredita em nada do que aqui se diz e não se diz nada do que aqui se faz.”


“O demônio do luxo mordeu-lhe o coração, a febre do ganho dominou-o e a sede de riqueza secou-lhe a garganta.”



“Ter uma amante, pensava, constitui uma posição quase real, é o símbolo do poder.”


“Assim é a existência da metade das mulheres de Paris: luxo exterior e angústias cruéis na alma.”



“O amor de Paris não se assemelha em nada aos outros amores... Neste país, a mulher não deve satisfazer apenas o coração e os sentidos. Ela sabe perfeitamente que tem maiores obrigações a cumprir para com as mil vaidade de que se compõe a vida. Nelas, sobretudo, o amor é essencialmente arrogante, atrevido, perdulário, vaidoso e faustoso.”


“Os jovens... ricos ou pobres, nunca têm dinheiro para as necessidades da vida, ao passo que o têm sempre para satisfazer os caprichos”


“Quanto mais intenso e sincero é o amor, mais ele deve ser velado, misterioso.”


“A pátria perecerá se os pais forem pisoteados. É claro. A sociedade e o mundo estão baseados sobre a paternidade. Tudo desabará se os filhos não amarem os pais.”


“Um sentimento não é o mundo num pensamento?”

 

"Depois de perguntar às suas camareiras se minhas filhas vão sair , espero-as no caminho , meu coração dispara quando as carruagens chegam , admiro-as em suas toaletes , elas me jogam um sorriso que me doura a natureza . E ali permaneço , elas deves retornar . Vejo-as de novo ".

 

“Sabe como alguém abre seu caminho por aqui? Pelo brilho de gênio ou pela habilidade da corrupção. É preciso entrar nessa massa de homens como uma bala de canhão. A honestidade de nada serve. Assim, a corrupção é a arma da mediocridade que abunda, e você sentirá sua presença em toda parte.”

“Joguem a sonda, jamais conhecerão sua profundidade”

 

“deixemos a sociedade, hoje quero ser muito feliz.”

 

“O amor em Paris em nada se parece com os outros amores.”.

 

“o amor é uma religião, e seu culto deve custar mais caro que o de todas as outras religiões”

 

"Era a morte dos pobres, que não tem luxo, nem seguidores, nem amigos, nem parentes."

 

“- Senhora duquesa - tornou Eugène -, não é natural querer se iniciar nos segredos do que nos encanta?”


"Que prazer seguir as inspirações da consciência!"

 

"Quero trabalhar com nobreza, com pureza; quero trabalhar noite e dia, só dever minha fortuna a meu labor. Será a mais lenta das fortunas, mas a cada noite deitarei a cabeça no travesseiro sem um único pensamento torpe."

 

Sinopse em português

 



O velho Goriot é um dos locatários da pensão Vauquer – estabelecimento parisiense de gosto duvidoso – e um ex-comerciante que enriquecera durante a Revo­lu­ção Francesa vendendo trigo por dez vezes o preço de compra. Agora, porém, ele não passa de uma sombra da antiga opulência. Todos os moradores da pensão ridicularizam o velho: ele afirma ser pai de duas distintas damas que o visitam de vez em quando, às escondidas. O único a crer no que diz Goriot é o estudante de Direito Eugène Rastignac, jovem ambicioso que sonha em conquistar Paris.

 

Com seu virtuosismo descritivo e narrativo, Balzac (1799-1850) traça o retrato da capital francesa no início do século XIX, seus ambientes, ruas e habitantes – de uma hospedaria simplória à grande mansão aristocrática, do foragido cheio de ardis ao escritor brioso, passando por mesquinhos políticos, condes e condessas –, e conta uma história de incrível atualidade, em que a firmeza de caráter e o amor de Goriot constituem, para Rastignac, o necessário contrapeso à pressão exercida pelo vício sobre a virtude.

 

Sinopse em francês


 

Rastignac est un jeune provincial qui cherche à s'insérer dans la société parisienne.
Il lui manque les manières et l'argent. Pour parvenir, il côtoie les femmes du monde, mais reste attaché à son voisin de la pension Vauquer, le père Goriot, vieillard malheureux abandonné de ses filles.

Vautrin, forçat évadé, Marsay, politicien ambitieux, et Rubempré, écrivain talentueux, sont animés du même désir de pouvoir. Ils apprennent, chacun à leur manière, les complicités et les alliances indispensables dans une société gouvernée par les intérêts.


Seules figures du désintéressement : le père Goriot, vaincu par son amour paternel, et Mme de Beauséant, abandonnée du Tout-Paris. La passion bout dans cette maison comme dans une cocotte-minute, les pages se tournent toutes seules ; c'est que chaque palier de la pension Vauquer est devenu un étage de ce que Balzac vient de concevoir : La Comédie humaine.

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